quinta-feira, 3 de novembro de 2011

PROFESSORA APRESENTA REIVINDICAÇÕES DA COMUNIDADE SURDA DURANTE SESSÃO NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO PARANÁ



“Os surdos não negam a Língua Portuguesa, mas precisam ser respeitados na sua especial condição”, afirmou nesta segunda-feira (12), na Assembleia Legislativa, a professora Sueli Fernandes, da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis/PR). O pronunciamento ocorreu durante a sessão  plenária do Legislativo, quando foi debatida a educação e a integração dos surdos na sociedade e, especialmente, a importância da escola bilíngue – em Português e Libras (Língua Brasileira de Sinais) – para essa comunidade.

A professora alertou os parlamentares sobre a ameaça de fechamento das escolas de surdos e o atual modelo de educação inclusiva imposto pelo MEC, o que têm mobilizado toda a comunidade surda brasileira em ações públicas e políticas.

Assim, durante o mês de setembro estão sendo realizados eventos para defender e valorizar a língua de sinais e a cultura surda.

“Queremos sensibilizar as autoridades políticas e a sociedade para a importância da educação em língua de sinais para surdos”, reiterou Sueli. Essa mobilização nacional recebeu o nome de Setembro Azul, já que a cor azul é o símbolo dos surdos.

Conforme a professora Sueli Fernandes, o grande objetivo do movimento é analisar as emendas encaminhadas ao Plano Nacional de Educação (PNE); o acesso dos surdos às escolas regulares; a inclusão das Libras (a língua de sinais) como disciplina curricular; e a integração dos surdos nas escolas.

Ela diz que é preciso modificar as emendas do PNE que prevêem o fim das escolas de surdos e que determinam a inserção obrigatória de alunos surdos nas escolas regulares.

O documento tramita atualmente no Congresso Nacional, e deve reger a educação brasileira pelos próximos dez anos. A professora cita ainda uma pesquisa realizada com oito mil alunos surdos em todo o país, pelo pesquisador Fernando Capovilla, da Universidade de São Paulo, que demonstra que surdos aprendem mais e melhor nas escolas bilíngues, onde o ensino é todo feito por meio da língua de sinais e o português escrito é ensinado como segunda língua.

De acordo com a professora, o que se vê, na escola proposta pelo MEC, é a inserção de crianças surdas, em geral, sem contato prévio com nenhuma língua, nem português nem libras, em salas onde o meio de instrução é o português. A presença do intérprete de libras (nos poucos casos onde ele é contratado) é necessária, mas não suficiente. Sueli Fernandes garante que o atraso escolar é uma realidade nesses casos, pois as oportunidades de aprendizado ficam restritas: “O estudante também precisa de aulas no contra turno para reforçar o aprendizado”.

Hoje, em Curitiba, há apenas cinco mil estudantes surdos frequentando as escolas, embora existam mais de 50 mil pessoas com essa deficiência. No Brasil, pesquisas apontam uma população de cerca de 800 mil crianças e jovens surdos, sendo que só aproximadamente 70 mil estão matriculados. “A língua dos sinais é nossa identidade, não queremos ser tratados como deficientes, mas como uma comunidade que apresenta uma diferença linguística”, frisou Irene Stock, uma das líderes do movimento.

O evento promovido no Legislativo atendeu a uma proposição do deputado Professor Lemos (PT), que considera fundamental o debate, especialmente para que a população adquira consciência e respeite a pessoa surda. Por isso, no próximo dia 26, acontece uma audiência pública na Assembleia Legislativa para debater otema.

“Foi uma honra recebê-los e aproveitamos para dizer que vocês têm todo o nosso apoio”, garantiu o presidente Valdir Rossoni (PSDB), durante a sessão plenária que foi acompanhada por alunos, pais, professores e funcionários. Todos os pronunciamentos foram narrados também por uma intérprete de libras.

A Feneis é uma entidade filantrópica, de cunho civil e sem fins lucrativos, que trabalha para representar as pessoas surdas. Tem caráter educacional, assistencial e sociocultural. Uma das suas principais bandeiras é o reconhecimento da cultura surda pela sociedade. São atendidas pela instituição, além dos surdos, familiares, instituições, organizações governamentais e não governamentais, fonoaudiólogos e outros profissionais ligados ao setor.


FONTE: http://www.alep.pr.gov.br/


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