Esse blog é para as pessoas que acreditam e lutam pela melhoria da Educação Especial no Brasil.
domingo, 25 de novembro de 2012
SURDOS COBRAM CRIAÇÃO DE ESCOLA PÚBLICA BILÍNGUE
Deputados distritais
de diversos partidos assumiram, na manhã desta quarta-feira (26), o
compromisso de aprovar até o final do ano a criação de uma escola
pública integral bilíngue que tenha a Língua Brasileira de Sinais
(Libras) como o primeiro idioma e, ao mesmo tempo, ensine o português
escrito.
A garantia manifestada durante sessão solene, no
plenário da Câmara Legislativa, requerida pelo deputado Robério
Negreiros (PMDB), para comemorar o Dia Nacional do Surdo. "Mais de 5
milhões de pessoas surdas ou com problemas auditivos vivem em silêncio
no nosso País. São cidadãos que cumprem os seus deveres, mas são
tratados com preconceito pelos que pregam a normalidade física", afirmou
o parlamentar na abertura do evento, defendendo a inclusão da Libras
como matéria obrigatória nas escolas.
O Projeto de Lei nº
725/2012, de autoria do deputado Wellington Luís (PPL), que institui a
escola bilíngüe será apreciado no próximo dia 2 de outubro pela Comissão
de Educação, Saúde e Cultura (CESC), para que prossiga em tramitação
até chegar ao plenário.
"A comunidade surda de Brasília merece o
nosso respeito e o nosso compromisso", declarou o deputado Washington
Mesquita (PSD), presidente da CESC, presente à solenidade. Ele disse
ainda que irá reivindicar a contratação de intérpretes especializados em
Libras, para acompanhar os trabalhos da Câmara Legislativa.
Essencial –
Vários deputados se revezaram na tribuna para defender o PL nº
725/2012. Prof. Israel Batista (PEN) lembrou que a matéria apresenta
alguns "problemas jurídicos, mas nada que não possa ser resolvido pela
força da comunidade e pela necessidade da escola bilíngüe, que é
fundamental". Também defenderam a proposição, os deputados Olair
Francisco (PT do B); Rôney Nemer (PMDB), e Wasny de Roure (PT).
A
deputada federal Erika Kokay (PT-DF), que participou do evento, disse
que a implantação da escola é essencial. "Não é o Estado que vai dizer o
que a comunidade surda quer. Temos de assegurar a igualdade de
oportunidades e respeitar a Libras, uma língua nacional tal como é o
português", afirmou.
A professora Heloísa
Salles, de Departamento de Letras, da UnB, disse que há muitos motivos
para valorizar a proposta: "A educação bilíngüe é necessária para que
alcancemos nossos ideais de democracia e desenvolvimento humano, de
afirmação da paz e da fraternidade".
Para o vice-presidente da
Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada), Wanberson
Pricima, que discursou com auxílio de intérprete, é necessário que haja
meios para que os surdos possam desenvolver suas habilidades: "Vamos
colocar em pauta a nossa integração nas escolas e em todos os locais
públicos".
Marco Túlio Alencar – Coordenadoria de Comunicação Social
FONTE: Câmara Legislativa do DF
O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
Marcadores:
Acessibilidade,
Educação Regular e Especial,
Inclusão,
Legislação,
Preconceito,
Psicologia,
Surdocegos,
Surdos
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
terça-feira, 6 de novembro de 2012
CAMPANHA PELO AUMENTO DO TAMANHO DA JANELA EM LIBRAS
as imagens falam por si só...
Marcadores:
Acessibilidade,
Educação Regular e Especial,
Inclusão,
Legislação,
Preconceito,
Surdocegos,
Surdos
PROJETO AMPLIA PRAZO DE DURAÇÃO DE ESTÁGIO PARA DEFICIENTES
A Câmara analisa o Projeto de Lei 4443/12, do deputado Márcio Marinho
(PRB-BA), que dobra de 2 para 4 anos o prazo do estágio para aluno com
deficiência.
A Lei do Estágio (11.788/08) estabelece que o estágio em uma mesma empresa para pessoa com deficiência não pode exceder dois anos.
Segundo Marinho, não há vantagem em limitar a dois anos o período em
uma mesma empresa. “A necessidade de troca do local do estágio pode
interferir negativamente em trajetória de formação bem sucedida.”
Tramitação
A proposta, que foi apensada ao PL 4579/09, será analisada conclusivamente pelas comissões de Educação e Cultura; Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
A proposta, que foi apensada ao PL 4579/09, será analisada conclusivamente pelas comissões de Educação e Cultura; Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Íntegra da proposta:
- PL-4579/2009
- PL-4443/2012
Marcadores:
Acessibilidade,
Deficiências,
Educação Regular e Especial,
Inclusão,
Legislação
sábado, 3 de novembro de 2012
QUANDO TRATAR NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
Não se sabe ao certo quando, exatamente, a criança deixa de lado a
chupeta e adota a televisão, no sentido cultural da televisão. Não, não estamos
falando da criança que vê televisão e chupa chupeta ao mesmo tempo. Essa não
nos preocupa tanto agora. Falamos da criança que encontrou na televisão, por
meio da imagem e do som, a sedução estética, a provocação e estimulação
sensitiva, os temas de relevância atual, tais como a violência, o amor, a
sexualidade, a amizade, a traição, o desejo, a ganância, o sucesso.
E antes que pudéssemos ver a criança passar placidamente para a
pré-adolescência e adolescência, vemos hoje surgir um ser infantóide ou
adolescentóide que se torna um consumidor crescentemente voraz dos objetos e
das coisas, os quais, apresentados como a última novidade e requisito para a
felicidade, aliciam o desejo do consumo.
Cerca de 5 milhões de crianças demonstram problemas mentais, segundo
informa a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). São dados
levantados através de uma pesquisa para estimar a prevalência de sintomas
dos transtornos mentais mais comuns na infância e na adolescência (de 6 a 17
anos) e as formas de atendimento mais utilizadas.
Para essa pesquisa foram entrevistadas 2002 pessoas, em 142 municípios
de todas as regiões do Brasil em 2008. Aproximadamente 12,6% das mães
entrevistadas relataram ter um filho com sintomas de transtorno mental
importante ao ponto de necessitar tratamento, significando que 5 milhões de crianças
6 e 17 anos apresentam sintomas de transtornos mentais importantes.
Pela pesquisa, entre essas crianças com problemas mentais, 28.9% não
conseguiu tratamento, 46,7% obtiveram tratamento no SUS e
24,4% conseguiu tratamento através de convênio ou particular. Para a
Dra. Tatiana Moya, especialista em psiquiatria da infância e
adolescência, a pesquisa reforça o que os profissionais vivenciam na prática: “Não
temos onde atender, encaminhar e dar assistência. É um cenário triste, pois a
falta de tratamento traz conseqüências sérias. Crianças que não conseguem
tratamento se desenvolvem mal e se tornam adultos vulneráveis, com dificuldades
de manter sua autonomia, estabilidade econômica e cuidados com os filhos, que
também ficam mais vulneráveis”.
Segundo o presidente da ABP, Dr.
João Alberto Carvalho, que incentivou a pesquisa, “a criança não toca só
nosso coração, mas principalmente nosso compromisso ético. Para ele
"Pesquisar a saúde mental da criança é pensar prevenção, educação,
informação e combate ao estigma”.
SINTOMAS DE PROBLEMAS EMOCIONAIS MAIS FREQÛENTES*
- %
|
|
Hiperatividade/Desatenção
|
8.7
|
Tristeza/desânimo/choro
|
4.2
|
Ansiedade
com separação da figura de apego
|
5.9
|
Dificuldades
com leitura, escrita e contas
|
7.8
|
Medos
específicos (insetos, trovão, etc)
|
6.4
|
Ansiedade
em situações sociais
|
4.2
|
Ansiedade
com coisas rotineiras (provas, o futuro, etc)
|
3.7
|
Comportamentos
desafiadores, opositivos/irritabilidade
|
6.7
|
Dificuldades
de compreensão/atraso escolar
|
6.4
|
Problemas
com o uso de álcool e/ou drogas
|
2.8
|
Mentiras/brigas/furtos/desrespeito
|
3.4
|
* - Dados da pesquisa da ABP coordenada pela Dra.
Tatiana Moya
|
Mais de 3 milhões (8,7%) têm
sinais de hiperatividade ou desatenção; 7,8% possuem dificuldades com leitura,
escrita e contas (sintomas que correspondem ao transtorno de aprendizagem),
6,7% têm sintomas de irritabilidade e comportamentos desafiadores e 6,4%
apresentam dificuldade de compreensão e atraso em relação a outras crianças da
mesma idade.
Sinais importantes de depressão
também aparecem em aproximadamente 4,2% das crianças e adolescentes. Na área
dos transtornos ansiosos, 5,9% têm ansiedade importante com a separação da
figura de apego, 4,2% em situações de exposição social e 3,9% em atividades
rotineiras como deveres da escola, o futuro e a saúde dos pais.
Mais de 1 milhão das crianças e
adolescentes (2,8%) apresentam problemas significativos com álcool e outras
drogas. Esta população parece ter enfrentado uma dificuldade ainda maior para
conseguir tratamento. Na área de problemas de conduta, como mentir, brigar,
furtar e desrespeitar, 3,4% das crianças apresentam problemas.
Quando
se Deve Buscar Tratamento Psiquiátrico em Crianças e Adolescentes
É grande a dúvida na população e, às vezes, mesmo entre médicos de outras especialidades, sobre a necessidade de se recomendar ou procurar um tratamento psiquiátrico. Muitas vezes são os familiares, cônjuges ou amigos os primeiros a suspeitar que a criança ou adolescente precisa de cuidados psiquiátricos. Os professores também devem engrossar a fileira dos observadores dessas crianças e adolescentes, contribuindo para detecção precoce dos eventuais problemas que podem surgir durante o desenvolvimento.
É grande a dúvida na população e, às vezes, mesmo entre médicos de outras especialidades, sobre a necessidade de se recomendar ou procurar um tratamento psiquiátrico. Muitas vezes são os familiares, cônjuges ou amigos os primeiros a suspeitar que a criança ou adolescente precisa de cuidados psiquiátricos. Os professores também devem engrossar a fileira dos observadores dessas crianças e adolescentes, contribuindo para detecção precoce dos eventuais problemas que podem surgir durante o desenvolvimento.
Entre os elementos a serem observados incluem-se os comportamentos, as
condições ambientais e existenciais adversas, os problemas nas relações sociais
e no trabalho (ou escola), as alterações do sono, da alimentação, o abuso de
álcool ou drogas, a expressão exagerada das emoções, as dificuldades em lidar
com questões cotidianas, alterações da atenção e da adaptação, etc. Enfim, está
em jogo a futura maneira de ser dessa pessoa, principalmente quando se
mostra morbidamente diferente dos demais.
É muito importante reconhecer que pessoas de diferentes idades
apresentam sintomas e comportamentos diferentes e perceber precocemente a
desadaptação de crianças, adolescentes e adultos poderá contribuir na
identificação de problemas psiquiátricos no momento em que o tratamento
seria mais eficaz.
Quais são os sintomas
de possível problema em crianças de pouca idade?
Na idade pré-escolar algumas patologias podem ser bem identificadas, como os quadros depressivos, os quais tem uma prevalência significativa e os quadros ansiosos como a ansiedade de separação.
Na idade pré-escolar algumas patologias podem ser bem identificadas, como os quadros depressivos, os quais tem uma prevalência significativa e os quadros ansiosos como a ansiedade de separação.
Os Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade são mais
facilmente diagnosticados em etapa posterior de desenvolvimento, mas já podem
estar presentes nessas crianças mais novas desde os 2 anos de idade. Quadros
graves, como autismo e deficiência mental, também podem ser
facilmente identificados nessa criança mais nova, em torno dos primeiros 30
meses.
Os sintomas mais comuns de um possível problema emocional, de
comportamento ou de desenvolvimento em uma criança de pouca idade
que necessita de uma avaliação psiquiátrica podem incluir qualquer dos itens
abaixo. É sempre bom salientar que essas alterações terão valor quando
consideradas em conjunto com outras e não isoladamente. Vejamos algumas:
1. Redução significativa no rendimento
escolar
Neste caso pode estar em jogo alterações do interesse e da atenção. Problemas
domésticos que causam preocupação excessiva na criança e dificuldades na
adaptação ao ambiente escolar também podem interferir.
A partir dos 7 anos os problemas emocionais das crianças podem ser
detectados principalmente em função do rendimento escolar e dos transtornos de
aprendizado. A Deficiência Mental deve ser pensada quando se acompanha de
uma série de outros sintomas
2. Redução significativa no interesse
e esforço escolar
A Depressão Infantil proporciona desinteresse geral na criança.
Ambiente escolar conflitante também pode ocasionar aversão à escola com
prejuízo do interesse, assim como a falta de empatia com professores,
principalmente se a criança foi colocada em situação vexatória diante dos
colegas.
As crianças portadoras de Déficit de Atenção sem Hiperatividade,
mais comum nas meninas (nos meninos freqüentemente tem hiperatividade), pode
ocasionar uma profunda desarmonia entre essa criança, professores e colegas,
capaz de produzir a falta de interesse.
3. Abandono de certas atividades antes
desejadas
Abandonar por desinteresse as atividades que antes davam prazer é outro
sinal de Depressão Infantil, quando há desinteresse geral pelas
atividades, bem como a perda de prazer com as coisas antes agradáveis.
4. - Distanciamento de amigos ou
familiares
O retraimento social pode significar muitas coisas, desde a Depressão
Infantil, Fobia Social, insegurança, até mesmo sentimentos de vergonha quando
os pais brigam muito, quando um deles bebe, quando estão para se separar...
As crianças vítimas de abuso sexual ou de violência
causada por babás, podem manifestar muitos sintomas, tais como o distanciamento
de amigos ou familiares, abandono de certas atividades, perturbações do sono
com insônia inicial (causada geralmente por medo), inquietação, mudança de
comportamento em relação ao agressor, irritabilidade...
5. Perturbação do sono
Os exemplos de alterações do sono incluem o terror noturno, pesadelos,
insônia e/ou hipersonia, sonambulismo, enurese (xixi na cama) noturna, etc.
Essas alterações têm valor quando consideradas em conjunto com outras
alterações de qualquer um dos demais itens apontados aqui.
6. Hiperatividade, inquietação e/ou
agressividade
Qualquer dessas alterações pode representar um indício de depressão ou
ansiedade infantil, as quais, geralmente, são bem diferentes dos adultos. Tanto
isso é verdade que boa parte dos casos diagnosticados Déficit de Atenção com
Hiperatividade respondem muito bem e são tratados com antidepressivos.
O quadro mais grave que se manifesta com agressividade infantil é o Transtorno
de Conduta. Todo esforço deve ser empenhado para excluir esse diagnóstico,
principalmente porque não tem cura.
7. Reações emocionais mais violentas
Aqui, como em outros itens, pode tratar-se de sinais de Depressão
Infantil, porém, a irritabilidade é comum em crianças portadoras de
disritmia cerebral, muito embora os neurologistas insistam em dizer que não.
Também podemos pensar em Transtorno de Conduta, como no item acima.
8. Rebeldia, birra e implicância,
atitudes de oposição
Existe um quadro denominado Transtorno de Oposição na Infância ou
Desafiador Opositivo, onde a criança confronta qualquer tipo de autoridade,
seja doméstica, social ou na escola.
9. Recusa a participar de compromissos
familiares antes aceitos
Aqui vale o mesmo do item 4, ou seja, pode significar desde a depressão
infantil, fobia social, insegurança, até sentimentos de vergonha quando os pais
brigam muito, quando um deles bebe, quando estão para separar-se ...
10. Preocupação e/ou ansiedade
excessivas
São indícios de depressão infantil, quando então, crianças anteriormente
bem adaptadas socialmente, passam a apresentar preocupações e questionamentos
de adultos, tais como a morte, o que fariam sem seus pais, preocupações com
economia doméstica, etc. Também causam preocupação e/ou ansiedade excessivas os
fatos citados no item 4.
Quais são os sintomas de um problema
potencial em um adolescente?
A entrada na adolescência traz mudanças significativas na pessoa, tanto
do ponto de vista físico quanto emocional. Em termos de pensamento, na
adolescência passa a valer o pensamento abstrato, nascendo daí a possibilidade
do jovem estabelecer suas hipóteses, teorias, opiniões e pontos de vista. Essas
hipóteses permitem ao adolescente escolher possibilidades. Surge então suas
crises de liberdade e de responsabilidade e, concomitante, é possível surgirem
nessa idade quadros delirantes e alucinatórios, depressões e tentativas de
suicídio, bem como comportamentos delinqüenciais e outras patologias
emocionais.
Vejamos os sintomas mais comuns e sugestivos de um possível problema
emocional em uma criança de mais idade ou adolescente.
Entretanto, cada adolescente pode experimentá-los de uma forma
diferente. Os sintomas podem incluir:
1. Redução
significativa no rendimento escolar
A Depressão do Adolescente proporciona, tal como na criança e nos
adultos, importante desinteresse geral. Ao invés da importância do ambiente e a
falta de empatia com professores, como ocorre na infância, para o adolescente
pesa muito os conflitos íntimos, os sentimentos de inferioridade, a baixa
auto-estima, ou seja, os sintomas clássicos da depressão.
Outro fator que pode comprometer o rendimento escolar na adolescência,
infelizmente, são os surtos psicóticos, comuns nessa faixa etária. Nesse caso
muitos outros sintomas farão parte do quadro e não apenas o baixo rendimento
escolar (veja Psicose na Adolescência, na seção Infância e
Adolescência).
2. Abandono de
certas atividades, amigos ou familiares
Essa é uma mudança brusca no comportamento do adolescente que merece
toda atenção. Tanto os quadros psicóticos quanto o uso de drogas podem resultar
em afastamento das atividades habituais, dos amigos e familiares. Quando o
problema é o uso de drogas, não há isolamento social, há sim, mudanças na
conduta, no grupo de amigos...
Na Depressão, embora possa haver desinteresse suficiente para que
o jovem abandone algumas atividades, e isolamento social, a família percebe o
importante componente de tristeza, o que nem sempre (raramente) acompanha as
mudanças de comportamento nas psicoses.
3. Alterações do
sono
Na Depressão pode haver insônia (o adolescente fica até altas
horas ouvindo músicas no quarto, por exemplo), pode haver hipersonia (dorme
demais como uma fuga), pesadelos, terror noturno, etc.
Nos casos de Psicose o sono desaparece completamente, e surgem
outros sintomas, assim como desleixo pessoal, apatia, estranheza. Nos episódios
de euforia, típicos do Transtorno Afetivo Bipolar, não há sono de jeito
nenhum, e aparecem outros sintomas, como por exemplo comprar demais, falar
muito, agitação...
4. Alterações do Apetite
Nas adolescentes meninas a Anorexia tem sido o quadro mais
freqüente de falta de apetite . Podem surgir crises de voracidade com
comportamento bulímico ou não.
Os portadores dos Transtornos Alimentares, normalmente
adolescentes, apresentam uma obsessão pela forma física e distorcem a
auto-imagem, a tal ponto que se sentem gordos mesmo estando com peso bem abaixo
do normal. O resultado é a progressiva deterioração física e mental, começando
com sintomas leves como queda dos cabelos, aftas, atraso menstrual, etc, até
complicações cardiovasculares, renais e endócrinas graves que podem levar a
morte
5. Agressões
frequentes, rebeldia, atitudes de oposição ou reações violentas
A agressividade na adolescência é um problema complexo. Terá maior valor
quando surgir na vida do jovem de um momento em diante, ou seja, ser uma
novidade em seu comportamento e não um traço característico de sua
personalidade.
Pode resultar de modismo ou como comportamento desejável no meio social
do adolescente. Pode, não obstante, refletir um conflito emocional íntimo e/ou
um quadro depressivo, felizmente de fácil tratamento, ou ainda, um sinal de
abuso de drogas, infelizmente de difícil tratamento e, finalmente, pode
representa um Transtorno de Conduta, sem tratamento.
6. Provocar dano a
si mesmo
Isso pode acontecer nos Transtornos do Controle dos Impulsos,
como na Tricotilomania, na Auto-Escoriação da pele, nas atitudes de Bulimia.
Trata-se dos Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo.
Transtornos de Personalidade, notadamente histérico e
borderline, ambas com início na infância e adolescência, proporcionam
comportamento teatral de auto agressividade e ferimentos auto-provocados com
propósitos de manipular o entorno.
7. Pensamentos de
morte e/ou suicidas
Pensar na morte não é mesma coisa que pensar em suicídio. Pessoas
deprimidas podem pensar que preferiam estar mortas, mas não pensam em se matar.
O suicida, por sua vez, pensa em matar-se.
A Depressão é a principal patologia relacionada à idéia de morte
ou pensamento suicida. Não obstante, as psicoses também podem levar ao
suicídio.
8. Comportamentos
destrutivos (vandalismo, incendiarismo, delitos, etc.)
Normalmente esse quadro é típico das sociopatias (ou psicopatias) mas,
no adolescente recebe o nome de Transtorno de Conduta.
9. Comportamento
sexualizado excessivo
A expressiva maioria dos casos de atividade sexual precoce, notadamente
nas meninas, é estimulado pelas próprias mães. Estas, talvez devido a alguma
fantasia íntima, acabam por fazer suas filhas (crianças ainda) parecerem
atrizes de novela e apresentadoras de tv, ou outras personagens da mídia cuja
(hiper) atuação sexual parece ter notoriedade nacional. Como resultado disso,
temos visto aumentar a incidência de Puberdade Precoce e de precocidade
da idade de iniciação sexual.
Fora, então, esses casos de conotação cultural, o Transtorno de
Conduta é a condição mórbida mais associada ao comportamento
hipersexualizado, em seguida vem o Transtorno Afetivo Bipolar do
adolescente, na fase de euforia, também relacionado ao aumento da libido. À par
disso, alguns casos de Retardo Mental são hipersexualizados.
10. Mentiras, fugas,
embuste
Essas atitudes costumam aparecer no Transtorno de Conduta.
FONTE: Ballone GJ, Quando tratar em Psiquiatria da Infância e
Adolescência, in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005
* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS
E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA OCUPACIONAL NA PSICOSE INFANTIL
Ana Rafaella Chiapeta Bezerra,
Casiana Tertuliano Chalegre,
Daniela Sá Leitão Guimarães,
Diany Ibrahim de Souza Camilo
Casiana Tertuliano Chalegre,
Daniela Sá Leitão Guimarães,
Diany Ibrahim de Souza Camilo
O presente trabalho tem como principais objetivos a compreensão do papel
da terapia ocupacional na psicose infantil, abordar questões relativas a essa
patologia desde a sua definição, até a intervenção terapêutica ocupacional.
Utilizamos para este fim, inúmeras referências bibliográficas que se destinam a
levantar pontos importantes acerca do universo da psicose infantil e a inclusão
da terapia ocupacional dentro deste contexto.
Como produto de nossas pesquisas, dividimos o trabalho em duas grandes
partes: a que se dedica à descrição da clínica e a segunda e mais importante,
referente à atuação terapêutica ocupacional.
Para realizá-lo estudamos várias perspectivas teóricas, porém nos
centramos na teoria psicanalítica, uma vez que esta oferece uma melhor concepção
de sujeito, onde a maior parte dos teóricos seguidores dessa linha acreditam
que o bom desenvolvimento psíquico é decorrente da “saudável” relação mãe -
bebê e caso isso não ocorra, podem surgir patologias, dentre elas o AUTISMO e a
ESQUIZOFRENIA.
Quanto à terapia ocupacional, foi necessária uma busca mais aprofundada
sobre o tema. Com isso foram realizadas consultas com profissionais da área
objetivando assim uma visão mais atualizada e prática do conteúdo aqui exposto.
I - INTRODUÇÃO
Durante séculos, as psicoses infantis eram ignoradas e até negadas em
sua existência. Seu estudo livre foi impedido por superstições referentes a
possessões diabólicas e bruxarias. Algumas destas crianças foram, infelizmente
encarceradas em jaulas destinadas a enfermos mentais e, em muitos casos,
colocados para fora das cidades. Às vezes, se as abandonava por completo à sua
própria sorte.
Os distúrbios mentais em crianças só tardiamente vieram a se converter
em objeto de investigação empírica. No que se refere a psicanálise, o trabalho
com criança se constitui efetivamente a partir da década de 10, principalmente,
no final desta década com os trabalhos de Melaine Klein e de Ana Freud. Um
pouco antes houve teórico na Áustria que se interessavam em estudar crianças. Existem
vários teóricos que vão se preocupar em estudar crianças como Margareth Mahler
uma austríaca que cria noção do psicose simbiótica além de Spitz, Winnicott e
teóricos franceses, ingleses, etc.
Antes da Segunda Guerra Mundial, alguns autores se preocuparam em
observar os transtornos psiquiátricos infantis. Pretendia-se encontrar nas
crianças os sintomas manifestos pelos adultos. Sante de Sanctis (1905) definiu
demência precocissíma; Heller(1906), em cima do modelo da demência precoce e
esquizofrenia infantil de Potter (1933) e Lutz (1936) definiu a demência
infantil;
Em 1911, E . Bleuler estabelece, a partir da revisão de demência precoce
de Kraeplin, o seu próprio conceito, o de esquizofrenia. Para Bleuler, a
demência precoce não é sempre precoce nem condiz irremediavelmente à demência.
A psicose infantil sofreu uma evolução paralela à da demência precoce
(Kraeplin) e posteriormente da esquizofrenia (Bleuler). A translação do quadro
semiológico adulto ao da criança tropeçou em dois pontos: dificuldade de
integrar na criança o conceito de demência que supõe uma organização psíquica
prévia suficientemente desenvolvida; a raridade ou ausência, do delírio crônico
na criança. Por isso as primeiras descrições de psicose infantil sofreram
impasses, pois quanto maior era o rigor na patogenia adulta, menos casos
clínicos se encontravam.
A história recente das psicoses infantis, é marcada pela introdução, em
1943, do autismo de Kanner. Seu trabalho rompe com uma tradição da psiquiatria
infantil. Para ele não é suficiente apenas pesquisar na criança o que se
encontra no adulto ou estudar esquizofrenia infantil; mas, sim, a partir de um
trabalho no qual se pode qualificar de experimental e de enunciar um certo
número de traços comuns a estas crianças.
II - DESENVOLVIMENTO NORMAL X PATOLÓGICO
: CONSTRUÇÃO DO SUJEITO
A constituição da subjetividade do sujeito, se dá a partir da relação
“saudável”, que se estabelece entre a mãe e o bebê. Concepções estas
apresentadas por D. W. Winnicott, referindo-se ao desenvolvimento
emocional-afetivo da criança. Tendo como referencial o investimento libidinal
no relacionamento dual (mãe-bebê).
De acordo, com Winnicott o bebê em seu primeiro ano de vida, apresenta
uma relação visceral com a mãe, sendo esta, considerada por ele, como uma
extensão do seu próprio corpo, visto que não houve ainda a divisão do “não-eu”
e do “eu” do bebê. Assim, ele tem esta mãe o ambiente ao seu redor, como um
prolongamento de seu corpo. Tanto esta mãe, quanto este ambiente, devem ser
suficientemente bons, para que haja, de fato, neste bebê, uma formação saudável
de sua psique.
Esta relação materna satisfatória, permite ao bebê entrar no misterioso
espaço transitório, que é uma área intermediária de experiências, que não está
nem em seu mundo exterior, nem interno à ele, mas sim, em sua capacidade de
prolongar a ilusão da presença materna, quando esta se faz ausente, usando-se
assim, desta área de ilusão com a finalidade de transferir sua catexia e
prolongar um agradável momento anterior.
Entretanto, vale ressaltar que, se esta mãe não for suficientemente boa,
não suprindo satisfatoriamente as necessidades do bebê e caso estas “falhas”
não forem corrigidas, estabelece-se na relação mãe-bebê, uma espécie de
carência, acarretando para ele uma grande ansiedade e, conseqüentemente, há um
comprometimento na constituição de sua subjetividade, devido a esta deficiente
relação materna. A abordagem psicanalítica faz referência à construção da
subjetividade, sendo isto possível na própria dinâmica familiar que permitirá
ou não esse processo.
A origem dos quadros de psicose infantil estaria na ocorrência de
distorções no relacionamento mãe-bebê. Segundo Margareth Mahler parece haver
crianças que devido a uma inerente fragilidade do ego desde o estágio de
indiferenciação, tornam-se alienadas do meio ambiente. Essas seriam as crianças
com “psicose autística infantil”, em que a mãe parece nunca ter sido percebida
pela criança, nem como entidade emocionalmente significativa, nem como
representante do não-eu.
Nessas crianças, a mãe permaneceria um objeto parcial que não seria
distinto dos objetos inanimados. Nos quadros de psicose simbiótica, o contato
com a realidade estaria na dependência de um vínculo simbiótico entre mãe e
bebê; em que esta não é percebida como distinta do self, mas se confunde com
ele.
III - CONCEITO DE PSICOSE INFANTIL
Na tentativa de conceituar a psicose infantil, em 1960, um grupo de
psiquiatras britânicos buscou oferecer critérios para o diagnóstico da psicose
em crianças tais como: o relacionamento prejudicado com as pessoas, confusão de
identidade pessoal e inconsciência do eu, preocupação anormal com alguns
objetos, resistência a mudanças no ambiente, diminuição ou aumento de
sensibilidade aos estímulos sensoriais, reação de ansiedade excessiva ou ajuda
em resposta à menor mudança, perturbação da linguagem e da fala, perturbações
da motilidade (hiper ou hipoatividade), desempenho assimétrico nos testes de
inteligência com área de funcionamento normal a superior intercaladas com áreas
de atraso no desenvolvimento intelectual.
Em 1970, Ajuriaguerra na 1ª edição do manual de psiquiatria infantil
definiu a psicose infantil como um transtorno de personalidade dependente de um
transtorno da organização de eu e da relação da criança com o meio ambiente.
Tradicionalmente os psiquiatras definem o termo psicose como um distúrbio
no sentido da realidade. Em contrapartida, numa visão psicodinâmica a psicose
seria uma desorganização da personalidade podendo então ser compreendida como
uma confusão entre o mundo imaginário e perceptivo na ausência do Ego (Freud),
estrutura limitante entre esses dois mundos.
Características do psicótico infantil:
§ Dificuldades de se afastar da
mãe;
§ Problemas na compreensão do que vê;
§ Problema na compreensão dos gestos e da linguagem;
§ Alterações marcantes na forma ou conteúdo do discurso, repetindo imediatamente palavras e/ou frases ouvidas (fala ecolálica), ou utilizando-se de estereotipias verbais e de frases ouvidas anteriormente e empregadas de forma idiossincrática. A inversão pronominal é comum, a criança se refere a ela mesma utilizando-se da terceira pessoa do singular ou do seu nome próprio.
§ Alterações marcantes na produção da fala, com peculiaridades quanto à altura, ritmo e modulação.
§ Habilidades especiais.
§ Conduta socialmente embaraçosa.
§ Negação da passagem da alimentação líquida para sólida ou bulimia indiferenciada incorporando qualquer objeto pela boca.
Ao longo desse trabalho, as definições mais específicas classificadas quanto ao tipo de psicose infantil serão melhor abordadas
§ Problemas na compreensão do que vê;
§ Problema na compreensão dos gestos e da linguagem;
§ Alterações marcantes na forma ou conteúdo do discurso, repetindo imediatamente palavras e/ou frases ouvidas (fala ecolálica), ou utilizando-se de estereotipias verbais e de frases ouvidas anteriormente e empregadas de forma idiossincrática. A inversão pronominal é comum, a criança se refere a ela mesma utilizando-se da terceira pessoa do singular ou do seu nome próprio.
§ Alterações marcantes na produção da fala, com peculiaridades quanto à altura, ritmo e modulação.
§ Habilidades especiais.
§ Conduta socialmente embaraçosa.
§ Negação da passagem da alimentação líquida para sólida ou bulimia indiferenciada incorporando qualquer objeto pela boca.
Ao longo desse trabalho, as definições mais específicas classificadas quanto ao tipo de psicose infantil serão melhor abordadas
IV – INCIDÊNCIA
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Distúrbio Autista é cerca de
três vezes mais comum em meninos que em meninas. Em relação a população em
geral, é de cinco em cada dez mil pessoas. Para Grunspun (1999), as estimativas
epidemiológicas da prevalência da esquizofrenia com início na infância não são
precisas e são calculadas na população infantil em torno de 0,04%. A incidência
é, em crianças, acima de sete a oito anos de idade e é igual para os dois
sexos.
V - CLASSIFICAÇÃO
Em psicose infantil, a classificação encontra dificuldades devido às
divergências de pensamento sobre seu conceito entre os estudiosos. Para superar
esses obstáculos, recorre-se a classificações multiaxiais ( CID - 10 e DSM -
III ), um sistema baseado num enfoque biopsicosocial e sua etiologia
relacionada é puramente descritiva.
Há algum tempo, as classificações gerais das doenças mentais não
mencionavam as psicoses infantis. A primeira vez que a classificação
internacional considerou os distúrbios psicopatológicos próprios da criança foi
em 1979 (CID 9), propondo os seguintes títulos: Autismo infantil (síndrome de
Kanner); Psicose desintegrativa (síndrome de Heller); Psicoses infantis
atípicas; essa classificação parece já ultrapassada.
Os autores da DSM – III (1980) classificam as psicoses da criança sob a
denominação “Distúrbios difusos do desenvolvimento”, preferem não utilizar o
termo “psicose”, fundamentados nas diferenças semiológicas importantes entre as
psicoses do adulto e da criança. Dividem o título em três itens: Autismo
infantil; distúrbios difusos do desenvolvimento com início na
infância;Distúrbios atípicos do desenvolvimento.
Na classificação francesa encontramos a diferenciação segundo a idade,
que se divide em: Psicoses precoces, onde os sintomas apresentam-se antes dos
quatro anos de idade, não oferecendo à criança a possibilidade de adaptação ao
meio extrafamiliar; Psicose do período de latência ou Psicose infantil de
exteriorização tardia, se manifestam entre os cinco primeiros anos e a
puberdade; Psicose da puberdade e da adolescência.
Apesar dos esforços de psiquiatras infantis e psicanalistas da criança,
não há ainda acordo completo entre os especialistas sobre uma classificação
única.
VI
- TIPOS DE PSICOSE INFANTIL
1.
ESQUIZOFRENIA INFANTIL:
De acordo com os critérios diagnósticos da CID – 10, a esquizofrenia
está classificada no bloco entre F 20 e F 29, com múltiplos quadros clínicos.
Para a psiquiatria norte-americana, a esquizofrenia seria uma reação e
teria como característica central um estado onde o paciente perderia o sentido
da realidade, na acepção psicanalítica de um conflito Ego X realidade.
A DSM III define – a como um distúrbio mental com uma forte tendência à
cronicidade, de início na juventude, quase sempre levando à uma deterioração do
funcionamento psíquico pré – mórbido e clinicamente manifestado por uma
síndrome psicopatológica que se expressa por distúrbios do pensamento,
afetividade e comportamento, na ausência de doença cerebral demonstrável ou
retardamento mental.
Moreira (1986) considera a esquizofrenia uma só, seja afecção na criança
ou no adulto resguardando as características peculiares quanto à faixa etária
de maior incidência sobre a doença.
Para ser considerado psicose, Mc Hugh (1977) remete que deve produzir
distúrbios na esfera do pensamento e da percepção que não sejam graves para
haver distorções entre a realidade circundante e a relação dos fatos que nela
ocorrem.
O termo psicose é usado ocasionalmente, como eufemismo para loucura
alguma vezes sinônimo de esquizofrenia (uma das entidades dessa categoria) e em
outras ocasiões como depressão psicótica e neurótica. O termo não qualificado
pode receber qualificativos pela diferenciação entre psicoses orgânicas e
funcionais.
Psicoses orgânicas: delírio, demência e síndrome de Korsakoff.
Psicoses funcionais: esquizofrenia, psicose maníaco - depressiva.
A esquizofrenia é, entre as doenças mentais, a que acarreta mais
prejuízos. É um distúrbio do psiquismo e da personalidade, que se manifesta com
a consciência lúcida, caracterizado por diversas alterações nas experiências
psíquicas nos padrões de pensamento e humor.
A hereditariedade é um fator etiológico importante pois sabe-se que a
sua freqüência é aumentada nos familiares de pacientes. Sendo as chances de
desenvolver esquizofrenia maiores, quanto mais próximo for o grau de parentesco
com o paciente.
1.1. Quadro clínico:
1.2. as características iniciais da
esquizofrenia são delírios, alucinações, linguagem e comportamento
desorganizados, como sintomas positivos. Apatia marcante, pobreza de discurso,
embotamento ou incongruência de respostas emocionais e retraimento social com
falta de iniciativa. A sintomatologia é muito parecida à do adulto sendo o
início infantil mais grave do que no início adulto.
Aborda-se a seguir os sintomas essenciais da esquizofrenia infantil:
Ø Distúrbios do conteúdo do pensamento:
As alucinações e delírios são os primeiros aspectos percebidos. São ego
sintônicas, ou seja, crianças esquizofrênicas nem sempre vêm como invasivas e
estranhas. Lidam bem com os sintomas que lhe parecem naturais porque se iniciam
precocemente e de forma insidiosa. O desenvolvimento das alucinações e delírios
se torna de maior complexidade com o tempo.
Ø Distúrbios da cognição:
Esquizofrênicos sofrem de um prejuízo leve da cognição. As crianças
submetidas a testes psicológicos de inteligência generalizada apresentam um QI
abaixo da média ( entre 80 e 90 ). Nas medidas de aspectos específicos da
cognição, os prejuízos podem ser graves, e, em outros aspectos, pode haver
resultados elevados.
Ø Distúrbios da afetividade:
Observa-se rigidez das disposições afetivas, fixação de certos
interesses e ausência ou diminuição da atenção espontânea, inadaptação ao real
e a fuga à realidade, acentuada violência nas reações de angústia ou defesa,
estereotipias no comportamento, nas ocupações, na linguagem , bem como
fenômenos de perseveração e ecolalia. Todos esses fenômenos ocorrem de forma
particular à personalidade de cada indivíduo.
1. AUTISMO:
Segundo a American Society for Autism (ASA), o autismo é uma
inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a
vida. É incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida.
A definição aceita pela National Society for Autisc Children e pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que: “o autismo é uma síndrome presente
desde o nascimento e se manifesta invariavelmente antes dos trinta meses de
idade. Caracteriza-se por respostas anormais à estímulos auditivos ou visuais,
e por problemas graves quanto à compreensão da linguagem falada. A fala custa a
aparecer, e, quando isto acontece, nota-se ecolalia, o uso inadequado dos
pronomes, estrutura gramatical imatura, inabilidade de usar termos abstratos.
Há também, em gera, uma incapacidade na utilização social, tanto da
linguagem verbal como da corpórea. Ocorrem problemas muito graves de
relacionamento social antes dos cinco anos de idade, com incapacidade de
desenvolver contato olho a olho, ligação social e jogos em grupos. O comportamento
é usualmente ritualístico e podem incluir rotinas de vida anormais, resistência
a mudanças, ligação a objetos estranhos, e um padrão de brincar estereotipados.
A capacidade para pensamento abstrato- simbólico ou para jogos imaginativos
fica diminuída...”
Conforme o National Society for Autistic Children (NSAC) e a American
Psychiatric Association, os sintomas incluem: anormalidade no ritmo de
desenvolvimento e na aquisição de habilidades físicas, sociais e de linguagem;
respostas anormais dos sentidos. O autista pode Ter uma combinação qualquer dos
sentidos (visão, audição, olfato, equilíbrio, dor e paladar); ausência, atraso
ou falta de linguagem; modo anormal de relacionamento com pessoas, objetos,
lugares ou fatos;
Existem sintomas específicos observáveis na conduta do modo relacional
da criança que podem auxiliar no diagnóstico para Síndrome do Autismo, são
eles: não se misturam com outras crianças; age como se fosse surdo; resiste ao
aprendizado; não demonstra medo a perigos reais; resista a mudanças de rotina;
usa pessoas como ferramentas; risos e movimentos não apropriados; resiste ao
contato físico; acentuada hiperatividade física; não mantém contato visual;
apego não apropriado a objetos; gira objetos de maneira bizarra e peculiar; às
vezes agressivo e destrutivo; modo de comportamento indiferente e arredio.
2.1.
Características clínicas:
Ø Incapacidade qualitativa na Interação Social:
- Ignora presença de pessoas e de sentimentos (uso instrumental de
pessoas e comportamento invasivo);
- Não busca apoio ou conforto por ocasião do sofrimento quando isto
ocorre se dá de modo estereotipado;
- Imitação ausente ou comprometida ;
- Ausência ou deficiência no contato olho a olho.
Ø Incapacidade qualitativa na
comunicação verbal e não verbal e na atividade imaginativa:
o Ausência de modo de comunicação, como balbucio comunicativo, expressão
facial, mímica ou linguagem falada; ausência de contato visual, retraimento ao
contato físico, ausência de antecipação;
o Deficiência na atividade imaginativa, como representação de papéis de
adultos, personagens de fantasias ou animais; falta de interesse em estórias
sobre acontecimentos imaginários;
o Alterações na linguagem que se estende da anormalidade no uso dos
pronomes pessoais até a ecolalia ou até a ausência absoluta da fala;
o Incapacidade marcante na habilidade para iniciar ou sustentar uma
conversa com outros e também age como se fosse surdo;
o Opõe-se ao aprendizado.
Ø Repertório restrito de atividades e
interesses:
o Estereotipias e repetições (movimentos giratórios, auto-agressão,
ausência da noção de perigo);
o Interesses restritos (interesses por objetos rotatórios, interesse em
empilhar objetos, exploração do meio pelo paladar e/ou olfato);
o Resistência a mudanças no ambiente;
o Insistência em seguir rotinas (atividade monótona rotineira).
Através de pesquisas detectou-se que 30% dos autistas têm QI normal ou
acima da média; por isso muitos autistas possuem habilidades excelentes, como
por exemplo: se saem muito bem em atividades esportivas, em desenhos, pinturas,
músicas, e podem até apresentar uma memória invejável, capaz de armazenar a
mais remotas reminiscência (memória mecânica).
VII – AVALIAÇÃO
A avaliação de terapia ocupacional possui variáveis que dependem de
vários aspectos como grau de comprometimento do paciente e idade com que a
criança chega ao serviço.
Na ocasião da avaliação, é necessária a presença dos pais ou
responsáveis por se tratarem de crianças que não possuem autonomia.
A avaliação deve ser uma constante, especialmente porque, no primeiro
contato não é possível estabelecer um vínculo satisfatório, aspecto esse
primordial para a observação da criança.
É indispensável uma colheita de história adequada para se fazer uma correta
formulação diagnóstica. O profissional precisa ter conhecimentos adequados e
atuais quanto ao desenvolvimento normal e anormal da criança.
Na avaliação as informações estão baseadas em dados objetivos, que
proporcionam indentificação das capacidades para tarefas lúdicas, sociais,
perceptivas e motoras e limitações na qual pode-se traçar a proposta de
tratamento.
Segundo Spackman(1998), as crianças com transtornos psiquiátricos
apresentam vulnerabilidade no comportamento, afetividade e relacionamento interpessoal,
estes aspectos devem ser vistos em primeiro lugar. Estas crianças apresentam
déficit na área de destreza, por isso é necessário que realize, também, a
avaliação motora e visuomotora.
Deve-se prestar atenção ao conteúdo, tipo e qualidade das brincadeiras
da criança. Muitos psicóticos parecem privados da capacidade de iniciar e
organizar suas próprias brincadeiras. É útil perguntar o que faz a criança
quando entregue à sua própria iniciativa. Se ela brinca de maneira adequada ou
tende a se envolver em atividades repetitivas ou esterotipias motoras.
VIII - TRATAMENTO:
A intervenção terapêutica – ocupacional para com o psicótico infantil
objetiva essencialmente a busca de possibilidades que auxiliem esses pacientes
a participarem de forma mais consistente em seu meio.
Diversos aspectos estão envolvidos no processo de tratamento oferecido
pela terapia ocupacional, esta deve estar direcionada para as limitações da
criança, como incapacidade de abstração, de expressão verbal, na interação
social recíproca, etc.
Existem diversas orientações teóricas que oferecem um suporte às
práticas do terapeuta ocupacional: desenvolvimental, comportamento ocupacional,
integrativo-sensorial, aquisicional, biomecânica, reabilitativa e
psicanalítica. Esta última com uma visão psicodinâmica, na qual a terapia
ocupacional enfatiza a relação terapêutica e as atividades como fundamentais no
processo de tratamento. Isso é considerado por que é através da comunicação que
se estabelece no nível da linguagem do concreto (ação e expressão) e através do
vínculo que se estabelece com o paciente que, como argumenta Benneton (1989)
pode-se chegar a uma compreensão e intervenção na dinâmica do processo
experienciado pelo paciente.
“... As atividades vistas como possibilidades de manter a realidade
externa, isto é, de ampliar o campo da consciência, assim o são por propiciar o
auto – conhecimento e conseqüentemente o de fazer – se conhecer. Tal proposta
abarca o apreender para aprender, incluindo também o caráter afetivo da aprendizagem
na terapia ocupacional” (Benneton, 1989, p. 47).
A intervenção terapêutica atenta para dois aspectos básicos presentes na
realidade e dificuldade da criança psicótica, tanto o lado afetivo/emocional
quanto os aspectos cognitivos; de uma forma integrada, através da realização
das atividades e da relação que se estabelece. Geralmente, na dinâmica firmada
no processo de terapia ocupacional, as interpretações verbais em relação à
criança não estão presentes. Todas as compreensões do psicótico pelo terapeuta
devem ser dinamizadas de forma contextualizada nas ações que se processam
durante o tratamento.
Para Fernandes (1988), no uso de atividade como proposta reabilitatória,
há uma dinâmica particular entre três elementos básicos: terapeuta – atividade
– paciente. Existem situações onde a atividade funciona como objeto
intermediário entre o terapeuta e o paciente. Em outros, o terapeuta é que
funciona como uma ponte entre o paciente e a atividade.
Um objetivo difícil e ao mesmo tempo básico para o desenvolvimento do
tratamento do psicótico em um processo de terapia ocupacional, diz respeito ao
estabelecimento da relação terapêutica o qual será o caminho a seguir
possibilitando o tratamento em si e dando um grande primeiro passo de sucesso
obtido entre a criança e o terapeuta.
As sessões de terapia ocupacional concedem um reconhecimento recíproco
do nível e da forma com que a criança é capaz de se mostrar, através dos
materiais que explora, da rotina que se forma , do contato que realiza ou não
com o terapeuta, etc. geralmente, a criança psicótica não apresenta habilidades
básicas, sendo o seu fazer tão escasso quanto o seu contato com o mundo
externo, tornando de fato a formação da relação um investimento especial. O
reconhecimento do terapeuta pela criança como lhe for possível, já faz parte
das metas do tratamento.
Outro objetivo a ser enfatizado é a necessidade da compreensão pela
criança dos limites e espaços que podem ser utilizados por ela e pelo
terapeuta.
Um terceiro aspecto a ser colocado relaciona-se à procura de aproximação
ou chance de uma situação de brincar que precisa ser contextualizado quanto ao
que se pensa, ou seja, deve-se considerar as maneiras primárias da brincadeira,
percebendo-as como forma de comunicação da criança e expressivas no campo da
abstração e simbolização.
IX - RECURSOS TERAPÊUTICOS:
O uso de atividades terapêuticas com pacientes psicóticos tem um valor
representativo importante, pois permite a expressão de seus sentimentos e
emoções fornecendo dados sobre seus gostos, desgostos e conflitos que muitas
vezes não podem ser verbalizados por ele.
É preciso ter em mente os objetivos do tratamento que pretende-se
atingir, a partir de um plano sobre quais as áreas precisam ser direcionadas,
para que assim possa ser preparado um programa de atividades que sejam
desenvolvidas durante as sessões terapêuticas.
Conforme Spackman (1998) as duas metodologias mais utilizadas pela
terapia ocupacional no tratamento do autista são a integração sensorial e a
terapia comportamental. Considera-se que esse método pode ser utilizado com o
psicótico infantil no geral.
Por se tratarem de crianças, o brincar enquanto recurso terapêutico, é a
atividade predominante utilizada nessas sessões de terapia ocupacional. As
brincadeiras características dessas crianças tendem a ser pouco variadas e
criativas, estas insistem na resistência às mudanças permanecendo em sua
maioria, nas brincadeiras de rotina. No entanto o profissional que acompanha
deve estar atento ao fato de que, ocorrendo progressões, estas brincadeiras
terão de ser modificadas e executadas de forma nova e criativa.
Os psicóticos também brincam em termos muito concretos, eles têm
dificuldades na simbolização(faz de conta) por isto, faz-se necessário que o
terapeuta crie situações que possam estimular o envolvimento destes em
atividades imaginárias. “ apesar da imaginação ser um elemento básico da
recreação típica infantil, ela desenvolve-se apenas depois de a criança dominar
um entendimento complexo das propriedades do seu corpo, dos objetos e pessoas”.
“ Talvez a terapia para essas crianças precise ser iniciada ajudando-as a
sentir-se suficientemente seguras com o seu corpo, a fim de experimentarem com
fingimento que ela ou um objeto assume uma função que na realidade não existe.”
( Mailloux e Burke, 2000).
O uso da fantasia pode ajudar a criança a explorar os sentimentos e as
idéias, auxiliar as resoluções dos conflitos e trazer à tona uma mudança
cognitiva, além de favorecer a interação social.
A introdução de temas lúdicos é importante pois pode tornar as atividades
desafiadoras mais interessante e pode encorajar o envolvimento com maior
duração.
Os pacientes psicóticos não têm noção de seu próprio esquema corporal, é
como se todos as partes de seu corpo estivessem separadas, fragmentadas. A
inclusão da expressão corporal no programa de tratamento contribui para que
este possa desenvolver sua própria imagem.
O terapeuta ocupacional desempenha um papel fundamental no
direcionamento das atividades de vida diária, visando assim uma melhor
autonomia e independência nessas atividades que podem estar comprometidas. Esse
profissional também se preocupa com o desenvolvimento dos processos
senso-perceptivos infantis. Esses processos influenciam proporcionalmente nas
AVD´s, uma vez que estando os aspectos sensórios-perceptivos alterados, essas
atividades estarão comprometidas.
Neste contexto, deve-se direcionar seus objetivos para facilitação e
estímulo das capacidades sensoriais (visuais, auditivas, táteis,
vestibulares...), proporcionando uma maior interação com o meio ambiente
físico. Pode-se utilizar atividades que possibilitem ao psicótico experienciar
a complexidade destas percepções.
Outro aspecto importante a ser trabalhado é promover a interação social
com essas crianças. Esses pacientes demonstram problemas no nível social.
Apresentam dificuldades na compreensão do outro, ocasionando uma falta de
interesse pelas pessoas não mantendo contato afetivo com estas. Para isto,
torna-se imprescindível o atendimento grupal, a fim de estimular essa
compreensão, e promover a socialização da criança.
É necessária, portanto, a ajuda familiar nesse processo de
acompanhamento durante as sessões terapêuticas seguido de orientações para a
continuidade desses estímulos em seu próprio lar.
X. CONCLUSÃO
É fundamental perceber a criança em toda a sua singularidade, captar
toda sua especificidade, num programa direcionado a atender as suas
necessidades especiais. É a percepção desta singularidade que vai comandar o
processo e não um modelo universal de tratamento.
Através deste trabalho pudemos perceber o quanto terapia ocupacional é
necessária para o tratamento do paciente psicótico. De uma maneira geral, é
importante que a Terapia Ocupacional coloque a criança psicótica em contato
direto com o que ela pode fazer para suprir suas necessidades básicas e
essenciais ao seu desenvolvimento, também com o papel de orientar a família de
como faze-la realizar ações que favoreçam o seu convívio social, ensinando-lhe
também os limites dos quais deve obedecer.
Encontramos pouca literatura sobre a esquizofrenia infantil assim,
achamos necessária uma pesquisa mais aprofundada.
FONTE: Ana Rafaella Chiapeta Bezerra ARC, Chalegre CT, Guimarães DSL,
Camilo DIS - Intervenção Terapêutica-Ocupacional na Psicose Infantil,
in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/, 2004.
* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS
E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
Assinar:
Postagens (Atom)