domingo, 25 de novembro de 2012

DIA INTERNACIONAL DA LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA À MULHER


SE TODAS AS ESCOLAS TIVESSEM PSICÓLOGOS...


O QUE ESTÁ POR FORA NEM SEMPRE MOSTRA O QUE HÁ POR DENTRO


NÃO DESISTAM DO APRENDIZADO


SURDOS COBRAM CRIAÇÃO DE ESCOLA PÚBLICA BILÍNGUE


Deputados distritais de diversos partidos assumiram, na manhã desta quarta-feira (26), o compromisso de aprovar até o final do ano a criação de uma escola pública integral bilíngue que tenha a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como o primeiro idioma e, ao mesmo tempo, ensine o português escrito.

A garantia  manifestada durante sessão solene, no plenário da Câmara Legislativa, requerida pelo deputado Robério Negreiros (PMDB), para comemorar o Dia Nacional do Surdo. "Mais de 5 milhões de pessoas surdas ou com problemas auditivos vivem em silêncio no nosso País. São cidadãos que cumprem os seus deveres, mas são tratados com preconceito pelos que pregam a normalidade física", afirmou o parlamentar na abertura do evento, defendendo a inclusão da Libras como matéria obrigatória nas escolas.

O Projeto de Lei nº 725/2012, de autoria do deputado Wellington Luís (PPL), que institui a escola bilíngüe será apreciado no próximo dia 2 de outubro pela Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC), para que prossiga em tramitação até chegar ao plenário.

"A comunidade surda de Brasília merece o nosso respeito e o nosso compromisso", declarou o deputado Washington Mesquita (PSD), presidente da CESC, presente à solenidade. Ele disse ainda que irá reivindicar a contratação de intérpretes especializados em Libras, para acompanhar os trabalhos da Câmara Legislativa.

Essencial – Vários deputados se revezaram na tribuna para defender o PL nº 725/2012. Prof. Israel Batista (PEN) lembrou que a matéria apresenta alguns "problemas jurídicos, mas nada que não possa ser resolvido pela força da comunidade e pela necessidade da escola bilíngüe, que é fundamental". Também defenderam a proposição, os deputados Olair Francisco (PT do B); Rôney Nemer (PMDB), e Wasny de Roure (PT).

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF), que participou do evento, disse que a implantação da escola é essencial. "Não é o Estado que vai dizer o que a comunidade surda quer. Temos de assegurar a igualdade de oportunidades e respeitar a Libras, uma língua nacional tal como é o português", afirmou.

A professora Heloísa Salles, de Departamento de Letras, da  UnB, disse que há muitos motivos para valorizar a proposta: "A educação bilíngüe é necessária para que alcancemos nossos ideais de democracia e desenvolvimento humano, de afirmação da paz e da fraternidade".

Para o vice-presidente da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada), Wanberson Pricima, que discursou com auxílio de intérprete, é necessário que haja meios para que os surdos possam desenvolver suas habilidades: "Vamos colocar em pauta a nossa integração nas escolas e em todos os locais públicos".


Marco Túlio Alencar – Coordenadoria de Comunicação Social 
FONTE: Câmara Legislativa do DF 





O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.

O QUE A TV FAZ COM AS PESSOAS


AGRESSIVIDADE ENTRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES


BULIMIA E ANOREXIA


TRANSTORNOS MENTAIS SÃO A TERCEIRA CAUSA DO AFASTAMENTO DO TRABALHO


USO INDISCRIMINADO DE MEDICAMENTOS PARA CRIANÇAS TDAH


A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL


A SÍNDROME DO GÊNIO - ASPERGER


A GAGUEIRA É UMA CONDIÇÃO NEUROLÓGICA


CARTA DE UM BEBÊ PARA SUA MÃE


terça-feira, 6 de novembro de 2012

CAMPANHA PELO AUMENTO DO TAMANHO DA JANELA EM LIBRAS

as imagens falam por si só...


A AVALIAÇÃO


BIBLIOTECA OBRIGATÓRIA EM TODAS AS INSTITUIÇÕES


OS MAIS BELOS SORRISOS...


APRENDER É A ÚNICA COISA QUE A MENTE NUNCA SE CANSA...


PROJETO AMPLIA PRAZO DE DURAÇÃO DE ESTÁGIO PARA DEFICIENTES

Márcio Marinho

A Câmara analisa o Projeto de Lei 4443/12, do deputado Márcio Marinho (PRB-BA), que dobra de 2 para 4 anos o prazo do estágio para aluno com deficiência.

A Lei do Estágio (11.788/08) estabelece que o estágio em uma mesma empresa para pessoa com deficiência não pode exceder dois anos.

Segundo Marinho, não há vantagem em limitar a dois anos o período em uma mesma empresa. “A necessidade de troca do local do estágio pode interferir negativamente em trajetória de formação bem sucedida.”

Tramitação
A proposta, que foi apensada ao PL 4579/09, será analisada conclusivamente pelas comissões de Educação e Cultura; Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:

  • PL-4579/2009
  • PL-4443/2012

sábado, 3 de novembro de 2012

QUANDO TRATAR NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA




Não se sabe ao certo quando, exatamente, a criança deixa de lado a chupeta e adota a televisão, no sentido cultural da televisão. Não, não estamos falando da criança que vê televisão e chupa chupeta ao mesmo tempo. Essa não nos preocupa tanto agora. Falamos da criança que encontrou na televisão, por meio da imagem e do som, a sedução estética, a provocação e estimulação sensitiva, os temas de relevância atual, tais como a violência, o amor, a sexualidade, a amizade, a traição, o desejo, a ganância, o sucesso. 

E antes que pudéssemos ver a criança passar placidamente para a pré-adolescência e adolescência, vemos hoje surgir um ser infantóide ou adolescentóide que se torna um consumidor crescentemente voraz dos objetos e das coisas, os quais, apresentados como a última novidade e requisito para a felicidade, aliciam o desejo do consumo. 

Cerca de 5 milhões de crianças demonstram problemas mentais, segundo informa a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). São dados levantados através de uma pesquisa para estimar a prevalência de sintomas dos transtornos mentais mais comuns na infância e na adolescência (de 6 a 17 anos) e as formas de atendimento mais utilizadas. 

Para essa pesquisa foram entrevistadas 2002 pessoas, em 142 municípios de todas as regiões do Brasil em 2008. Aproximadamente 12,6% das mães entrevistadas relataram ter  um filho com sintomas de transtorno mental importante ao ponto de necessitar tratamento, significando que 5 milhões de crianças 6 e 17 anos apresentam sintomas de transtornos mentais importantes. 

Pela pesquisa, entre essas crianças com problemas mentais, 28.9% não conseguiu tratamento, 46,7% obtiveram tratamento no SUS e 24,4% conseguiu tratamento através de convênio ou particular. Para a  Dra. Tatiana Moya, especialista em psiquiatria da infância e adolescência, a pesquisa reforça o que os profissionais vivenciam na prática: “Não temos onde atender, encaminhar e dar assistência. É um cenário triste, pois a falta de tratamento traz conseqüências sérias. Crianças que não conseguem tratamento se desenvolvem mal e se tornam adultos vulneráveis, com dificuldades de manter sua autonomia, estabilidade econômica e cuidados com os filhos, que também ficam mais vulneráveis”. 

Segundo o presidente da ABP, Dr. João Alberto Carvalho, que incentivou a pesquisa, “a criança não toca só nosso coração, mas principalmente nosso compromisso ético. Para ele "Pesquisar a saúde mental da criança é pensar prevenção, educação, informação e combate ao estigma”.

SINTOMAS DE PROBLEMAS EMOCIONAIS MAIS FREQÛENTES*   -   %
Hiperatividade/Desatenção
8.7
Tristeza/desânimo/choro
4.2
Ansiedade com separação da figura de apego
5.9
Dificuldades com leitura, escrita e contas
7.8
Medos específicos (insetos, trovão, etc)
6.4
Ansiedade em situações sociais
4.2
Ansiedade com coisas rotineiras (provas, o futuro, etc)
3.7
Comportamentos desafiadores, opositivos/irritabilidade
6.7
Dificuldades de compreensão/atraso escolar
6.4
Problemas com o uso de álcool e/ou drogas
2.8
Mentiras/brigas/furtos/desrespeito
3.4
* - Dados da pesquisa da ABP coordenada pela Dra. Tatiana Moya

Mais de 3 milhões (8,7%) têm sinais de hiperatividade ou desatenção; 7,8% possuem dificuldades com leitura, escrita e contas (sintomas que correspondem ao transtorno de aprendizagem), 6,7% têm sintomas de irritabilidade e comportamentos desafiadores e 6,4% apresentam dificuldade de compreensão e atraso em relação a outras crianças da mesma idade.

Sinais importantes de depressão também aparecem em aproximadamente 4,2% das crianças e adolescentes. Na área dos transtornos ansiosos, 5,9% têm ansiedade importante com a separação da figura de apego, 4,2% em situações de exposição social e 3,9% em atividades rotineiras como deveres da escola, o futuro e a saúde dos pais.

Mais de 1 milhão das crianças e adolescentes (2,8%) apresentam problemas significativos com álcool e outras drogas. Esta população parece ter enfrentado uma dificuldade ainda maior para conseguir tratamento. Na área de problemas de conduta, como mentir, brigar, furtar e desrespeitar, 3,4% das crianças apresentam problemas.

Quando se Deve Buscar Tratamento Psiquiátrico em Crianças e Adolescentes
É grande a dúvida na população e, às vezes, mesmo entre médicos de outras especialidades, sobre a necessidade de se recomendar ou procurar um tratamento psiquiátrico. Muitas vezes são os familiares, cônjuges ou amigos os primeiros a suspeitar que a criança ou adolescente precisa de cuidados psiquiátricos. Os professores também devem engrossar a fileira dos observadores dessas crianças e adolescentes, contribuindo para detecção precoce dos eventuais problemas que podem surgir durante o desenvolvimento.
Entre os elementos a serem observados incluem-se os comportamentos, as condições ambientais e existenciais adversas, os problemas nas relações sociais e no trabalho (ou escola), as alterações do sono, da alimentação, o abuso de álcool ou drogas, a expressão exagerada das emoções, as dificuldades em lidar com questões cotidianas, alterações da atenção e da adaptação, etc. Enfim, está em jogo a futura maneira de ser dessa pessoa, principalmente quando se mostra morbidamente diferente dos demais. 

É muito importante reconhecer que pessoas de diferentes idades apresentam sintomas e comportamentos diferentes e perceber precocemente a desadaptação de crianças, adolescentes e adultos poderá contribuir na identificação de problemas psiquiátricos no momento em que o tratamento seria mais eficaz.

Quais são os sintomas de possível problema em crianças de pouca idade?
Na idade pré-escolar algumas patologias podem ser bem identificadas, como os quadros depressivos, os quais tem uma prevalência significativa e os quadros ansiosos como a ansiedade de separação. 

Os Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade são mais facilmente diagnosticados em etapa posterior de desenvolvimento, mas já podem estar presentes nessas crianças mais novas desde os 2 anos de idade. Quadros graves, como autismo e deficiência mental, também podem ser facilmente identificados nessa criança mais nova, em torno dos primeiros 30 meses. 

Os sintomas mais comuns de um possível problema emocional, de comportamento ou de desenvolvimento em uma criança de pouca idade que necessita de uma avaliação psiquiátrica podem incluir qualquer dos itens abaixo. É sempre bom salientar que essas alterações terão valor quando consideradas em conjunto com outras e não isoladamente. Vejamos algumas:

1. Redução significativa no rendimento escolar
Neste caso pode estar em jogo alterações do interesse e da atenção. Problemas domésticos que causam preocupação excessiva na criança e dificuldades na adaptação ao ambiente escolar também podem interferir. 

A partir dos 7 anos os problemas emocionais das crianças podem ser detectados principalmente em função do rendimento escolar e dos transtornos de aprendizado. A Deficiência Mental deve ser pensada quando se acompanha de uma série de outros sintomas

2. Redução significativa no interesse e esforço escolar
A Depressão Infantil proporciona desinteresse geral na criança. Ambiente escolar conflitante também pode ocasionar aversão à escola com prejuízo do interesse, assim como a falta de empatia com professores, principalmente se a criança foi colocada em situação vexatória diante dos colegas. 

As crianças portadoras de Déficit de Atenção sem Hiperatividade, mais comum nas meninas (nos meninos freqüentemente tem hiperatividade), pode ocasionar uma profunda desarmonia entre essa criança, professores e colegas, capaz de produzir a falta de interesse.

3. Abandono de certas atividades antes desejadas
Abandonar por desinteresse as atividades que antes davam prazer é outro sinal de Depressão Infantil, quando há desinteresse geral pelas atividades, bem como a perda de prazer com as coisas antes agradáveis.

4. - Distanciamento de amigos ou familiares
O retraimento social pode significar muitas coisas, desde a Depressão Infantil, Fobia Social, insegurança, até mesmo sentimentos de vergonha quando os pais brigam muito, quando um deles bebe, quando estão para se separar... 

As crianças vítimas de abuso sexual ou de violência causada por babás, podem manifestar muitos sintomas, tais como o distanciamento de amigos ou familiares, abandono de certas atividades, perturbações do sono com insônia inicial (causada geralmente por medo), inquietação, mudança de comportamento em relação ao agressor, irritabilidade...

5. Perturbação do sono
Os exemplos de alterações do sono incluem o terror noturno, pesadelos, insônia e/ou hipersonia, sonambulismo, enurese (xixi na cama) noturna, etc. Essas alterações têm valor quando consideradas em conjunto com outras alterações de qualquer um dos demais itens apontados aqui.

6. Hiperatividade, inquietação e/ou agressividade
Qualquer dessas alterações pode representar um indício de depressão ou ansiedade infantil, as quais, geralmente, são bem diferentes dos adultos. Tanto isso é verdade que boa parte dos casos diagnosticados Déficit de Atenção com Hiperatividade respondem muito bem e são tratados com antidepressivos.
O quadro mais grave que se manifesta com agressividade infantil é o Transtorno de Conduta. Todo esforço deve ser empenhado para excluir esse diagnóstico, principalmente porque não tem cura.

7. Reações emocionais mais violentas
Aqui, como em outros itens, pode tratar-se de sinais de Depressão Infantil, porém, a irritabilidade é comum em crianças portadoras de disritmia cerebral, muito embora os neurologistas insistam em dizer que não. Também podemos pensar em Transtorno de Conduta, como no item acima. 

8. Rebeldia, birra e implicância, atitudes de oposição
Existe um quadro denominado Transtorno de Oposição na Infância ou Desafiador Opositivo, onde a criança confronta qualquer tipo de autoridade, seja doméstica, social ou na escola.

9. Recusa a participar de compromissos familiares antes aceitos
Aqui vale o mesmo do item 4, ou seja, pode significar desde a depressão infantil, fobia social, insegurança, até sentimentos de vergonha quando os pais brigam muito, quando um deles bebe, quando estão para separar-se ...

10. Preocupação e/ou ansiedade excessivas
São indícios de depressão infantil, quando então, crianças anteriormente bem adaptadas socialmente, passam a apresentar preocupações e questionamentos de adultos, tais como a morte, o que fariam sem seus pais, preocupações com economia doméstica, etc. Também causam preocupação e/ou ansiedade excessivas os fatos citados no item 4.

Quais são os sintomas de um problema potencial em um adolescente?
A entrada na adolescência traz mudanças significativas na pessoa, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. Em termos de pensamento, na adolescência passa a valer o pensamento abstrato, nascendo daí a possibilidade do jovem estabelecer suas hipóteses, teorias, opiniões e pontos de vista. Essas hipóteses permitem ao adolescente escolher possibilidades. Surge então suas crises de liberdade e de responsabilidade e, concomitante, é possível surgirem nessa idade quadros delirantes e alucinatórios, depressões e tentativas de suicídio, bem como comportamentos delinqüenciais e outras patologias emocionais. 

Vejamos os sintomas mais comuns e sugestivos de um possível problema emocional em uma criança de mais idade ou adolescente

Entretanto, cada adolescente pode experimentá-los de uma forma diferente. Os sintomas podem incluir:

1. Redução significativa no rendimento escolar
A Depressão do Adolescente proporciona, tal como na criança e nos adultos, importante desinteresse geral. Ao invés da importância do ambiente e a falta de empatia com professores, como ocorre na infância, para o adolescente pesa muito os conflitos íntimos, os sentimentos de inferioridade, a baixa auto-estima, ou seja, os sintomas clássicos da depressão.

Outro fator que pode comprometer o rendimento escolar na adolescência, infelizmente, são os surtos psicóticos, comuns nessa faixa etária. Nesse caso muitos outros sintomas farão parte do quadro e não apenas o baixo rendimento escolar (veja Psicose na Adolescência, na seção Infância e Adolescência).

2. Abandono de certas atividades, amigos ou familiares
Essa é uma mudança brusca no comportamento do adolescente que merece toda atenção. Tanto os quadros psicóticos quanto o uso de drogas podem resultar em afastamento das atividades habituais, dos amigos e familiares. Quando o problema é o uso de drogas, não há isolamento social, há sim, mudanças na conduta, no grupo de amigos... 

Na Depressão, embora possa haver desinteresse suficiente para que o jovem abandone algumas atividades, e isolamento social, a família percebe o importante componente de tristeza, o que nem sempre (raramente) acompanha as mudanças de comportamento nas psicoses.

3. Alterações do sono
Na Depressão pode haver insônia (o adolescente fica até altas horas ouvindo músicas no quarto, por exemplo), pode haver hipersonia (dorme demais como uma fuga), pesadelos, terror noturno, etc. 

Nos casos de Psicose o sono desaparece completamente, e surgem outros sintomas, assim como desleixo pessoal, apatia, estranheza. Nos episódios de euforia, típicos do Transtorno Afetivo Bipolar, não há sono de jeito nenhum, e aparecem outros sintomas, como por exemplo comprar demais, falar muito, agitação...

4. Alterações do Apetite
Nas adolescentes meninas a Anorexia tem sido o quadro mais freqüente de falta de apetite . Podem surgir crises de voracidade com comportamento bulímico ou não.

Os portadores dos Transtornos Alimentares, normalmente adolescentes, apresentam uma obsessão pela forma física e distorcem a auto-imagem, a tal ponto que se sentem gordos mesmo estando com peso bem abaixo do normal. O resultado é a progressiva deterioração física e mental, começando com sintomas leves como queda dos cabelos, aftas, atraso menstrual, etc, até complicações cardiovasculares, renais e endócrinas graves que podem levar a morte

5. Agressões frequentes, rebeldia, atitudes de oposição ou reações violentas
A agressividade na adolescência é um problema complexo. Terá maior valor quando surgir na vida do jovem de um momento em diante, ou seja, ser uma novidade em seu comportamento e não um traço característico de sua personalidade. 

Pode resultar de modismo ou como comportamento desejável no meio social do adolescente. Pode, não obstante, refletir um conflito emocional íntimo e/ou um quadro depressivo, felizmente de fácil tratamento, ou ainda, um sinal de abuso de drogas, infelizmente de difícil tratamento e, finalmente, pode representa um Transtorno de Conduta, sem tratamento.

6. Provocar dano a si mesmo
Isso pode acontecer nos Transtornos do Controle dos Impulsos, como na Tricotilomania, na Auto-Escoriação da pele, nas atitudes de Bulimia. Trata-se dos Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo. 

Transtornos de Personalidade, notadamente histérico e borderline, ambas com início na infância e adolescência, proporcionam comportamento teatral de auto agressividade e ferimentos auto-provocados com propósitos de manipular o entorno.

7. Pensamentos de morte e/ou suicidas
Pensar na morte não é mesma coisa que pensar em suicídio. Pessoas deprimidas podem pensar que preferiam estar mortas, mas não pensam em se matar. O suicida, por sua vez, pensa em matar-se. 

A Depressão é a principal patologia relacionada à idéia de morte ou pensamento suicida. Não obstante, as psicoses também podem levar ao suicídio.

8. Comportamentos destrutivos (vandalismo, incendiarismo, delitos, etc.)
Normalmente esse quadro é típico das sociopatias (ou psicopatias) mas, no adolescente recebe o nome de Transtorno de Conduta.

9. Comportamento sexualizado excessivo
A expressiva maioria dos casos de atividade sexual precoce, notadamente nas meninas, é estimulado pelas próprias mães. Estas, talvez devido a alguma fantasia íntima, acabam por fazer suas filhas (crianças ainda) parecerem atrizes de novela e apresentadoras de tv, ou outras personagens da mídia cuja (hiper) atuação sexual parece ter notoriedade nacional. Como resultado disso, temos visto aumentar a incidência de Puberdade Precoce e de precocidade da idade de iniciação sexual. 

Fora, então, esses casos de conotação cultural, o Transtorno de Conduta é a condição mórbida mais associada ao comportamento hipersexualizado, em seguida vem o Transtorno Afetivo Bipolar do adolescente, na fase de euforia, também relacionado ao aumento da libido. À par disso, alguns casos de Retardo Mental são hipersexualizados.

10. Mentiras, fugas, embuste
Essas atitudes costumam aparecer no Transtorno de Conduta.




FONTE: Ballone GJ, Quando tratar em Psiquiatria da Infância e Adolescência, in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005


* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA OCUPACIONAL NA PSICOSE INFANTIL


Ana Rafaella Chiapeta Bezerra,
Casiana Tertuliano Chalegre,
Daniela Sá Leitão Guimarães,
Diany Ibrahim de Souza Camilo

O presente trabalho tem como principais objetivos a compreensão do papel da terapia ocupacional na psicose infantil, abordar questões relativas a essa patologia desde a sua definição, até a intervenção terapêutica ocupacional. Utilizamos para este fim, inúmeras referências bibliográficas que se destinam a levantar pontos importantes acerca do universo da psicose infantil e a inclusão da terapia ocupacional dentro deste contexto. 

Como produto de nossas pesquisas, dividimos o trabalho em duas grandes partes: a que se dedica à descrição da clínica e a segunda e mais importante, referente à atuação terapêutica ocupacional. 

Para realizá-lo estudamos várias perspectivas teóricas, porém nos centramos na teoria psicanalítica, uma vez que esta oferece uma melhor concepção de sujeito, onde a maior parte dos teóricos seguidores dessa linha acreditam que o bom desenvolvimento psíquico é decorrente da “saudável” relação mãe - bebê e caso isso não ocorra, podem surgir patologias, dentre elas o AUTISMO e a ESQUIZOFRENIA. 

Quanto à terapia ocupacional, foi necessária uma busca mais aprofundada sobre o tema. Com isso foram realizadas consultas com profissionais da área objetivando assim uma visão mais atualizada e prática do conteúdo aqui exposto.

I - INTRODUÇÃO
Durante séculos, as psicoses infantis eram ignoradas e até negadas em sua existência. Seu estudo livre foi impedido por superstições referentes a possessões diabólicas e bruxarias. Algumas destas crianças foram, infelizmente encarceradas em jaulas destinadas a enfermos mentais e, em muitos casos, colocados para fora das cidades. Às vezes, se as abandonava por completo à sua própria sorte.

Os distúrbios mentais em crianças só tardiamente vieram a se converter em objeto de investigação empírica. No que se refere a psicanálise, o trabalho com criança se constitui efetivamente a partir da década de 10, principalmente, no final desta década com os trabalhos de Melaine Klein e de Ana Freud. Um pouco antes houve teórico na Áustria que se interessavam em estudar crianças. Existem vários teóricos que vão se preocupar em estudar crianças como Margareth Mahler uma austríaca que cria noção do psicose simbiótica além de Spitz, Winnicott e teóricos franceses, ingleses, etc. 

Antes da Segunda Guerra Mundial, alguns autores se preocuparam em observar os transtornos psiquiátricos infantis. Pretendia-se encontrar nas crianças os sintomas manifestos pelos adultos. Sante de Sanctis (1905) definiu demência precocissíma; Heller(1906), em cima do modelo da demência precoce e esquizofrenia infantil de Potter (1933) e Lutz (1936) definiu a demência infantil;

Em 1911, E . Bleuler estabelece, a partir da revisão de demência precoce de Kraeplin, o seu próprio conceito, o de esquizofrenia. Para Bleuler, a demência precoce não é sempre precoce nem condiz irremediavelmente à demência. 

A psicose infantil sofreu uma evolução paralela à da demência precoce (Kraeplin) e posteriormente da esquizofrenia (Bleuler). A translação do quadro semiológico adulto ao da criança tropeçou em dois pontos: dificuldade de integrar na criança o conceito de demência que supõe uma organização psíquica prévia suficientemente desenvolvida; a raridade ou ausência, do delírio crônico na criança. Por isso as primeiras descrições de psicose infantil sofreram impasses, pois quanto maior era o rigor na patogenia adulta, menos casos clínicos se encontravam. 

A história recente das psicoses infantis, é marcada pela introdução, em 1943, do autismo de Kanner. Seu trabalho rompe com uma tradição da psiquiatria infantil. Para ele não é suficiente apenas pesquisar na criança o que se encontra no adulto ou estudar esquizofrenia infantil; mas, sim, a partir de um trabalho no qual se pode qualificar de experimental e de enunciar um certo número de traços comuns a estas crianças.

II - DESENVOLVIMENTO NORMAL X PATOLÓGICO : CONSTRUÇÃO DO SUJEITO
A constituição da subjetividade do sujeito, se dá a partir da relação “saudável”, que se estabelece entre a mãe e o bebê. Concepções estas apresentadas por D. W. Winnicott, referindo-se ao desenvolvimento emocional-afetivo da criança. Tendo como referencial o investimento libidinal no relacionamento dual (mãe-bebê). 

De acordo, com Winnicott o bebê em seu primeiro ano de vida, apresenta uma relação visceral com a mãe, sendo esta, considerada por ele, como uma extensão do seu próprio corpo, visto que não houve ainda a divisão do “não-eu” e do “eu” do bebê. Assim, ele tem esta mãe o ambiente ao seu redor, como um prolongamento de seu corpo. Tanto esta mãe, quanto este ambiente, devem ser suficientemente bons, para que haja, de fato, neste bebê, uma formação saudável de sua psique. 

Esta relação materna satisfatória, permite ao bebê entrar no misterioso espaço transitório, que é uma área intermediária de experiências, que não está nem em seu mundo exterior, nem interno à ele, mas sim, em sua capacidade de prolongar a ilusão da presença materna, quando esta se faz ausente, usando-se assim, desta área de ilusão com a finalidade de transferir sua catexia e prolongar um agradável momento anterior. 

Entretanto, vale ressaltar que, se esta mãe não for suficientemente boa, não suprindo satisfatoriamente as necessidades do bebê e caso estas “falhas” não forem corrigidas, estabelece-se na relação mãe-bebê, uma espécie de carência, acarretando para ele uma grande ansiedade e, conseqüentemente, há um comprometimento na constituição de sua subjetividade, devido a esta deficiente relação materna. A abordagem psicanalítica faz referência à construção da subjetividade, sendo isto possível na própria dinâmica familiar que permitirá ou não esse processo. 

A origem dos quadros de psicose infantil estaria na ocorrência de distorções no relacionamento mãe-bebê. Segundo Margareth Mahler parece haver crianças que devido a uma inerente fragilidade do ego desde o estágio de indiferenciação, tornam-se alienadas do meio ambiente. Essas seriam as crianças com “psicose autística infantil”, em que a mãe parece nunca ter sido percebida pela criança, nem como entidade emocionalmente significativa, nem como representante do não-eu. 

Nessas crianças, a mãe permaneceria um objeto parcial que não seria distinto dos objetos inanimados. Nos quadros de psicose simbiótica, o contato com a realidade estaria na dependência de um vínculo simbiótico entre mãe e bebê; em que esta não é percebida como distinta do self, mas se confunde com ele.

III - CONCEITO DE PSICOSE INFANTIL
Na tentativa de conceituar a psicose infantil, em 1960, um grupo de psiquiatras britânicos buscou oferecer critérios para o diagnóstico da psicose em crianças tais como: o relacionamento prejudicado com as pessoas, confusão de identidade pessoal e inconsciência do eu, preocupação anormal com alguns objetos, resistência a mudanças no ambiente, diminuição ou aumento de sensibilidade aos estímulos sensoriais, reação de ansiedade excessiva ou ajuda em resposta à menor mudança, perturbação da linguagem e da fala, perturbações da motilidade (hiper ou hipoatividade), desempenho assimétrico nos testes de inteligência com área de funcionamento normal a superior intercaladas com áreas de atraso no desenvolvimento intelectual.
Em 1970, Ajuriaguerra na 1ª edição do manual de psiquiatria infantil definiu a psicose infantil como um transtorno de personalidade dependente de um transtorno da organização de eu e da relação da criança com o meio ambiente. 

Tradicionalmente os psiquiatras definem o termo psicose como um distúrbio no sentido da realidade. Em contrapartida, numa visão psicodinâmica a psicose seria uma desorganização da personalidade podendo então ser compreendida como uma confusão entre o mundo imaginário e perceptivo na ausência do Ego (Freud), estrutura limitante entre esses dois mundos. 

Características do psicótico infantil:
§ Dificuldades de se afastar da mãe;
§ Problemas na compreensão do que vê;
§ Problema na compreensão dos gestos e da linguagem;
§ Alterações marcantes na forma ou conteúdo do discurso, repetindo imediatamente palavras e/ou frases ouvidas (fala ecolálica), ou utilizando-se de estereotipias verbais e de frases ouvidas anteriormente e empregadas de forma idiossincrática. A inversão pronominal é comum, a criança se refere a ela mesma utilizando-se da terceira pessoa do singular ou do seu nome próprio.
§ Alterações marcantes na produção da fala, com peculiaridades quanto à altura, ritmo e modulação.
§ Habilidades especiais.
§ Conduta socialmente embaraçosa.
§ Negação da passagem da alimentação líquida para sólida ou bulimia indiferenciada incorporando qualquer objeto pela boca.
Ao longo desse trabalho, as definições mais específicas classificadas quanto ao tipo de psicose infantil serão melhor abordadas

IV – INCIDÊNCIA
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Distúrbio Autista é cerca de três vezes mais comum em meninos que em meninas. Em relação a população em geral, é de cinco em cada dez mil pessoas. Para Grunspun (1999), as estimativas epidemiológicas da prevalência da esquizofrenia com início na infância não são precisas e são calculadas na população infantil em torno de 0,04%. A incidência é, em crianças, acima de sete a oito anos de idade e é igual para os dois sexos. 

V - CLASSIFICAÇÃO
Em psicose infantil, a classificação encontra dificuldades devido às divergências de pensamento sobre seu conceito entre os estudiosos. Para superar esses obstáculos, recorre-se a classificações multiaxiais ( CID - 10 e DSM - III ), um sistema baseado num enfoque biopsicosocial e sua etiologia relacionada é puramente descritiva. 

Há algum tempo, as classificações gerais das doenças mentais não mencionavam as psicoses infantis. A primeira vez que a classificação internacional considerou os distúrbios psicopatológicos próprios da criança foi em 1979 (CID 9), propondo os seguintes títulos: Autismo infantil (síndrome de Kanner); Psicose desintegrativa (síndrome de Heller); Psicoses infantis atípicas; essa classificação parece já ultrapassada. 

Os autores da DSM – III (1980) classificam as psicoses da criança sob a denominação “Distúrbios difusos do desenvolvimento”, preferem não utilizar o termo “psicose”, fundamentados nas diferenças semiológicas importantes entre as psicoses do adulto e da criança. Dividem o título em três itens: Autismo infantil; distúrbios difusos do desenvolvimento com início na infância;Distúrbios atípicos do desenvolvimento. 

Na classificação francesa encontramos a diferenciação segundo a idade, que se divide em: Psicoses precoces, onde os sintomas apresentam-se antes dos quatro anos de idade, não oferecendo à criança a possibilidade de adaptação ao meio extrafamiliar; Psicose do período de latência ou Psicose infantil de exteriorização tardia, se manifestam entre os cinco primeiros anos e a puberdade; Psicose da puberdade e da adolescência. 

Apesar dos esforços de psiquiatras infantis e psicanalistas da criança, não há ainda acordo completo entre os especialistas sobre uma classificação única.

VI - TIPOS DE PSICOSE INFANTIL
1. ESQUIZOFRENIA INFANTIL:
De acordo com os critérios diagnósticos da CID – 10, a esquizofrenia está classificada no bloco entre F 20 e F 29, com múltiplos quadros clínicos. 

Para a psiquiatria norte-americana, a esquizofrenia seria uma reação e teria como característica central um estado onde o paciente perderia o sentido da realidade, na acepção psicanalítica de um conflito Ego X realidade. 

A DSM III define – a como um distúrbio mental com uma forte tendência à cronicidade, de início na juventude, quase sempre levando à uma deterioração do funcionamento psíquico pré – mórbido e clinicamente manifestado por uma síndrome psicopatológica que se expressa por distúrbios do pensamento, afetividade e comportamento, na ausência de doença cerebral demonstrável ou retardamento mental. 

Moreira (1986) considera a esquizofrenia uma só, seja afecção na criança ou no adulto resguardando as características peculiares quanto à faixa etária de maior incidência sobre a doença. 

Para ser considerado psicose, Mc Hugh (1977) remete que deve produzir distúrbios na esfera do pensamento e da percepção que não sejam graves para haver distorções entre a realidade circundante e a relação dos fatos que nela ocorrem. 

O termo psicose é usado ocasionalmente, como eufemismo para loucura alguma vezes sinônimo de esquizofrenia (uma das entidades dessa categoria) e em outras ocasiões como depressão psicótica e neurótica. O termo não qualificado pode receber qualificativos pela diferenciação entre psicoses orgânicas e funcionais. 

Psicoses orgânicas: delírio, demência e síndrome de Korsakoff. 

Psicoses funcionais: esquizofrenia, psicose maníaco - depressiva. 

A esquizofrenia é, entre as doenças mentais, a que acarreta mais prejuízos. É um distúrbio do psiquismo e da personalidade, que se manifesta com a consciência lúcida, caracterizado por diversas alterações nas experiências psíquicas nos padrões de pensamento e humor. 

A hereditariedade é um fator etiológico importante pois sabe-se que a sua freqüência é aumentada nos familiares de pacientes. Sendo as chances de desenvolver esquizofrenia maiores, quanto mais próximo for o grau de parentesco com o paciente.

1.1.  Quadro clínico:
1.2.  as características iniciais da esquizofrenia são delírios, alucinações, linguagem e comportamento desorganizados, como sintomas positivos. Apatia marcante, pobreza de discurso, embotamento ou incongruência de respostas emocionais e retraimento social com falta de iniciativa. A sintomatologia é muito parecida à do adulto sendo o início infantil mais grave do que no início adulto. 

Aborda-se a seguir os sintomas essenciais da esquizofrenia infantil:

Ø Distúrbios do conteúdo do pensamento:
As alucinações e delírios são os primeiros aspectos percebidos. São ego sintônicas, ou seja, crianças esquizofrênicas nem sempre vêm como invasivas e estranhas. Lidam bem com os sintomas que lhe parecem naturais porque se iniciam precocemente e de forma insidiosa. O desenvolvimento das alucinações e delírios se torna de maior complexidade com o tempo.

Ø Distúrbios da cognição:
Esquizofrênicos sofrem de um prejuízo leve da cognição. As crianças submetidas a testes psicológicos de inteligência generalizada apresentam um QI abaixo da média ( entre 80 e 90 ). Nas medidas de aspectos específicos da cognição, os prejuízos podem ser graves, e, em outros aspectos, pode haver resultados elevados.

Ø Distúrbios da afetividade:
Observa-se rigidez das disposições afetivas, fixação de certos interesses e ausência ou diminuição da atenção espontânea, inadaptação ao real e a fuga à realidade, acentuada violência nas reações de angústia ou defesa, estereotipias no comportamento, nas ocupações, na linguagem , bem como fenômenos de perseveração e ecolalia. Todos esses fenômenos ocorrem de forma particular à personalidade de cada indivíduo. 

1. AUTISMO:
Segundo a American Society for Autism (ASA), o autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida. É incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida. 

A definição aceita pela National Society for Autisc Children e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que: “o autismo é uma síndrome presente desde o nascimento e se manifesta invariavelmente antes dos trinta meses de idade. Caracteriza-se por respostas anormais à estímulos auditivos ou visuais, e por problemas graves quanto à compreensão da linguagem falada. A fala custa a aparecer, e, quando isto acontece, nota-se ecolalia, o uso inadequado dos pronomes, estrutura gramatical imatura, inabilidade de usar termos abstratos. 

Há também, em gera, uma incapacidade na utilização social, tanto da linguagem verbal como da corpórea. Ocorrem problemas muito graves de relacionamento social antes dos cinco anos de idade, com incapacidade de desenvolver contato olho a olho, ligação social e jogos em grupos. O comportamento é usualmente ritualístico e podem incluir rotinas de vida anormais, resistência a mudanças, ligação a objetos estranhos, e um padrão de brincar estereotipados. A capacidade para pensamento abstrato- simbólico ou para jogos imaginativos fica diminuída...” 

Conforme o National Society for Autistic Children (NSAC) e a American Psychiatric Association, os sintomas incluem: anormalidade no ritmo de desenvolvimento e na aquisição de habilidades físicas, sociais e de linguagem; respostas anormais dos sentidos. O autista pode Ter uma combinação qualquer dos sentidos (visão, audição, olfato, equilíbrio, dor e paladar); ausência, atraso ou falta de linguagem; modo anormal de relacionamento com pessoas, objetos, lugares ou fatos; 

Existem sintomas específicos observáveis na conduta do modo relacional da criança que podem auxiliar no diagnóstico para Síndrome do Autismo, são eles: não se misturam com outras crianças; age como se fosse surdo; resiste ao aprendizado; não demonstra medo a perigos reais; resista a mudanças de rotina; usa pessoas como ferramentas; risos e movimentos não apropriados; resiste ao contato físico; acentuada hiperatividade física; não mantém contato visual; apego não apropriado a objetos; gira objetos de maneira bizarra e peculiar; às vezes agressivo e destrutivo; modo de comportamento indiferente e arredio.

2.1. Características clínicas:
Ø Incapacidade qualitativa na Interação Social:
- Ignora presença de pessoas e de sentimentos (uso instrumental de pessoas e comportamento invasivo);
- Não busca apoio ou conforto por ocasião do sofrimento quando isto ocorre se dá de modo estereotipado;
- Imitação ausente ou comprometida ;
- Ausência ou deficiência no contato olho a olho.

Ø Incapacidade qualitativa na comunicação verbal e não verbal e na atividade imaginativa:
o Ausência de modo de comunicação, como balbucio comunicativo, expressão facial, mímica ou linguagem falada; ausência de contato visual, retraimento ao contato físico, ausência de antecipação;
o Deficiência na atividade imaginativa, como representação de papéis de adultos, personagens de fantasias ou animais; falta de interesse em estórias sobre acontecimentos imaginários;
o Alterações na linguagem que se estende da anormalidade no uso dos pronomes pessoais até a ecolalia ou até a ausência absoluta da fala;
o Incapacidade marcante na habilidade para iniciar ou sustentar uma conversa com outros e também age como se fosse surdo;
o Opõe-se ao aprendizado.

Ø Repertório restrito de atividades e interesses:
o Estereotipias e repetições (movimentos giratórios, auto-agressão, ausência da noção de perigo);
o Interesses restritos (interesses por objetos rotatórios, interesse em empilhar objetos, exploração do meio pelo paladar e/ou olfato);
o Resistência a mudanças no ambiente;
o Insistência em seguir rotinas (atividade monótona rotineira). 

Através de pesquisas detectou-se que 30% dos autistas têm QI normal ou acima da média; por isso muitos autistas possuem habilidades excelentes, como por exemplo: se saem muito bem em atividades esportivas, em desenhos, pinturas, músicas, e podem até apresentar uma memória invejável, capaz de armazenar a mais remotas reminiscência (memória mecânica).

VII – AVALIAÇÃO
A avaliação de terapia ocupacional possui variáveis que dependem de vários aspectos como grau de comprometimento do paciente e idade com que a criança chega ao serviço. 

Na ocasião da avaliação, é necessária a presença dos pais ou responsáveis por se tratarem de crianças que não possuem autonomia. 

A avaliação deve ser uma constante, especialmente porque, no primeiro contato não é possível estabelecer um vínculo satisfatório, aspecto esse primordial para a observação da criança. 

É indispensável uma colheita de história adequada para se fazer uma correta formulação diagnóstica. O profissional precisa ter conhecimentos adequados e atuais quanto ao desenvolvimento normal e anormal da criança. 

Na avaliação as informações estão baseadas em dados objetivos, que proporcionam indentificação das capacidades para tarefas lúdicas, sociais, perceptivas e motoras e limitações na qual pode-se traçar a proposta de tratamento. 

Segundo Spackman(1998), as crianças com transtornos psiquiátricos apresentam vulnerabilidade no comportamento, afetividade e relacionamento interpessoal, estes aspectos devem ser vistos em primeiro lugar. Estas crianças apresentam déficit na área de destreza, por isso é necessário que realize, também, a avaliação motora e visuomotora. 

Deve-se prestar atenção ao conteúdo, tipo e qualidade das brincadeiras da criança. Muitos psicóticos parecem privados da capacidade de iniciar e organizar suas próprias brincadeiras. É útil perguntar o que faz a criança quando entregue à sua própria iniciativa. Se ela brinca de maneira adequada ou tende a se envolver em atividades repetitivas ou esterotipias motoras.

VIII - TRATAMENTO:
A intervenção terapêutica – ocupacional para com o psicótico infantil objetiva essencialmente a busca de possibilidades que auxiliem esses pacientes a participarem de forma mais consistente em seu meio. 

Diversos aspectos estão envolvidos no processo de tratamento oferecido pela terapia ocupacional, esta deve estar direcionada para as limitações da criança, como incapacidade de abstração, de expressão verbal, na interação social recíproca, etc. 

Existem diversas orientações teóricas que oferecem um suporte às práticas do terapeuta ocupacional: desenvolvimental, comportamento ocupacional, integrativo-sensorial, aquisicional, biomecânica, reabilitativa e psicanalítica. Esta última com uma visão psicodinâmica, na qual a terapia ocupacional enfatiza a relação terapêutica e as atividades como fundamentais no processo de tratamento. Isso é considerado por que é através da comunicação que se estabelece no nível da linguagem do concreto (ação e expressão) e através do vínculo que se estabelece com o paciente que, como argumenta Benneton (1989) pode-se chegar a uma compreensão e intervenção na dinâmica do processo experienciado pelo paciente. 

“... As atividades vistas como possibilidades de manter a realidade externa, isto é, de ampliar o campo da consciência, assim o são por propiciar o auto – conhecimento e conseqüentemente o de fazer – se conhecer. Tal proposta abarca o apreender para aprender, incluindo também o caráter afetivo da aprendizagem na terapia ocupacional” (Benneton, 1989, p. 47). 

A intervenção terapêutica atenta para dois aspectos básicos presentes na realidade e dificuldade da criança psicótica, tanto o lado afetivo/emocional quanto os aspectos cognitivos; de uma forma integrada, através da realização das atividades e da relação que se estabelece. Geralmente, na dinâmica firmada no processo de terapia ocupacional, as interpretações verbais em relação à criança não estão presentes. Todas as compreensões do psicótico pelo terapeuta devem ser dinamizadas de forma contextualizada nas ações que se processam durante o tratamento. 

Para Fernandes (1988), no uso de atividade como proposta reabilitatória, há uma dinâmica particular entre três elementos básicos: terapeuta – atividade – paciente. Existem situações onde a atividade funciona como objeto intermediário entre o terapeuta e o paciente. Em outros, o terapeuta é que funciona como uma ponte entre o paciente e a atividade. 

Um objetivo difícil e ao mesmo tempo básico para o desenvolvimento do tratamento do psicótico em um processo de terapia ocupacional, diz respeito ao estabelecimento da relação terapêutica o qual será o caminho a seguir possibilitando o tratamento em si e dando um grande primeiro passo de sucesso obtido entre a criança e o terapeuta. 

As sessões de terapia ocupacional concedem um reconhecimento recíproco do nível e da forma com que a criança é capaz de se mostrar, através dos materiais que explora, da rotina que se forma , do contato que realiza ou não com o terapeuta, etc. geralmente, a criança psicótica não apresenta habilidades básicas, sendo o seu fazer tão escasso quanto o seu contato com o mundo externo, tornando de fato a formação da relação um investimento especial. O reconhecimento do terapeuta pela criança como lhe for possível, já faz parte das metas do tratamento. 

Outro objetivo a ser enfatizado é a necessidade da compreensão pela criança dos limites e espaços que podem ser utilizados por ela e pelo terapeuta. 

Um terceiro aspecto a ser colocado relaciona-se à procura de aproximação ou chance de uma situação de brincar que precisa ser contextualizado quanto ao que se pensa, ou seja, deve-se considerar as maneiras primárias da brincadeira, percebendo-as como forma de comunicação da criança e expressivas no campo da abstração e simbolização.

IX - RECURSOS TERAPÊUTICOS:
O uso de atividades terapêuticas com pacientes psicóticos tem um valor representativo importante, pois permite a expressão de seus sentimentos e emoções fornecendo dados sobre seus gostos, desgostos e conflitos que muitas vezes não podem ser verbalizados por ele.

É preciso ter em mente os objetivos do tratamento que pretende-se atingir, a partir de um plano sobre quais as áreas precisam ser direcionadas, para que assim possa ser preparado um programa de atividades que sejam desenvolvidas durante as sessões terapêuticas.

Conforme Spackman (1998) as duas metodologias mais utilizadas pela terapia ocupacional no tratamento do autista são a integração sensorial e a terapia comportamental. Considera-se que esse método pode ser utilizado com o psicótico infantil no geral. 

Por se tratarem de crianças, o brincar enquanto recurso terapêutico, é a atividade predominante utilizada nessas sessões de terapia ocupacional. As brincadeiras características dessas crianças tendem a ser pouco variadas e criativas, estas insistem na resistência às mudanças permanecendo em sua maioria, nas brincadeiras de rotina. No entanto o profissional que acompanha deve estar atento ao fato de que, ocorrendo progressões, estas brincadeiras terão de ser modificadas e executadas de forma nova e criativa. 

Os psicóticos também brincam em termos muito concretos, eles têm dificuldades na simbolização(faz de conta) por isto, faz-se necessário que o terapeuta crie situações que possam estimular o envolvimento destes em atividades imaginárias. “ apesar da imaginação ser um elemento básico da recreação típica infantil, ela desenvolve-se apenas depois de a criança dominar um entendimento complexo das propriedades do seu corpo, dos objetos e pessoas”. “ Talvez a terapia para essas crianças precise ser iniciada ajudando-as a sentir-se suficientemente seguras com o seu corpo, a fim de experimentarem com fingimento que ela ou um objeto assume uma função que na realidade não existe.” ( Mailloux e Burke, 2000). 

O uso da fantasia pode ajudar a criança a explorar os sentimentos e as idéias, auxiliar as resoluções dos conflitos e trazer à tona uma mudança cognitiva, além de favorecer a interação social. 

A introdução de temas lúdicos é importante pois pode tornar as atividades desafiadoras mais interessante e pode encorajar o envolvimento com maior duração. 

Os pacientes psicóticos não têm noção de seu próprio esquema corporal, é como se todos as partes de seu corpo estivessem separadas, fragmentadas. A inclusão da expressão corporal no programa de tratamento contribui para que este possa desenvolver sua própria imagem. 

O terapeuta ocupacional desempenha um papel fundamental no direcionamento das atividades de vida diária, visando assim uma melhor autonomia e independência nessas atividades que podem estar comprometidas. Esse profissional também se preocupa com o desenvolvimento dos processos senso-perceptivos infantis. Esses processos influenciam proporcionalmente nas AVD´s, uma vez que estando os aspectos sensórios-perceptivos alterados, essas atividades estarão comprometidas. 

Neste contexto, deve-se direcionar seus objetivos para facilitação e estímulo das capacidades sensoriais (visuais, auditivas, táteis, vestibulares...), proporcionando uma maior interação com o meio ambiente físico. Pode-se utilizar atividades que possibilitem ao psicótico experienciar a complexidade destas percepções. 

Outro aspecto importante a ser trabalhado é promover a interação social com essas crianças. Esses pacientes demonstram problemas no nível social. Apresentam dificuldades na compreensão do outro, ocasionando uma falta de interesse pelas pessoas não mantendo contato afetivo com estas. Para isto, torna-se imprescindível o atendimento grupal, a fim de estimular essa compreensão, e promover a socialização da criança. 

É necessária, portanto, a ajuda familiar nesse processo de acompanhamento durante as sessões terapêuticas seguido de orientações para a continuidade desses estímulos em seu próprio lar.

X. CONCLUSÃO
É fundamental perceber a criança em toda a sua singularidade, captar toda sua especificidade, num programa direcionado a atender as suas necessidades especiais. É a percepção desta singularidade que vai comandar o processo e não um modelo universal de tratamento. 

Através deste trabalho pudemos perceber o quanto terapia ocupacional é necessária para o tratamento do paciente psicótico. De uma maneira geral, é importante que a Terapia Ocupacional coloque a criança psicótica em contato direto com o que ela pode fazer para suprir suas necessidades básicas e essenciais ao seu desenvolvimento, também com o papel de orientar a família de como faze-la realizar ações que favoreçam o seu convívio social, ensinando-lhe também os limites dos quais deve obedecer. 

Encontramos pouca literatura sobre a esquizofrenia infantil assim, achamos necessária uma pesquisa mais aprofundada.


FONTE: Ana Rafaella Chiapeta Bezerra ARC, Chalegre CT, Guimarães DSL, Camilo DIS - Intervenção Terapêutica-Ocupacional na Psicose Infantil, in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/, 2004.



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