sábado, 6 de novembro de 2010

A HISTÓRIA DA DATILOLOGIA




Woll (1977) faz um levantamento histórico do material impresso na Inglaterra sobre línguas de sinais, mostrando que a partir de 1880 começam a aparecer pequenos panfletos, provavel­mente destinados à venda para arrecadação de fundos, geralmente consistindo em ilustrações de sinais ( em fotos ou desenhos ), com ou sem descrições de como produzi-los.

Um panfleto denominado "Language of Silent Word" (1914) apresenta fotos de boa qualidade de 143 sinais e mais o alfabe­to manual. Até 1938, quando novo panfleto foi publicado pelo National Institute for the Deaf, essa foi a "cartilha" dos interessados em Língua de Sinais.

Em 1922 foi publicado pela British Deaf and Dumb Associa­tion, "The British Deaf Times", que, além das ilustrações de sinais continham informações e anedotas sobre surdos, ilustraç­ões do alfabeto manual e ilustrações sobre cenas surdas (uma festa), a visita da rainha Vitória à uma surda fazendo uso do alfabeto manual. 

Porém, os alfabetos datilológicos ou alfabetos manuais têm uma história um pouco mais antiga, coincidindo com as primeiras tentativas formais de educação de surdos. Vem do século XVI, com  o espanhol Pedro Ponce de Léon (1520-1584), monge da ordem dos Beneditinos e que viveu no monastério de Onã, em Burgos, a invenção do primeiro alfabeto manual conhecido, publicado por Juan Martin Pablo Bonet em 1620 em um livro intitulado  Reduccion de las letras y artes para enseñar a hablar a los mudos. O trabalho de Ponce de Léon está registra­do nos livros da insti­tuição religiosa que relata sucesso de uma metodogia que incluia datilologia, escrita e fala e levou seus três alunos surdos a falar grego, latim e italiano, além de chegar a um alto nível de compreensão em física e astronomia.

Em meados do século XVIII foi levado à França por Jacob Rodriguez Pereira e subseqüentemente para os Estados Unidos em 1816 ( através de Gallaudet) esse "alfabeto de uma mão", que pode ser reconhecido como o ancestral dos alfabetos manuais atuais. Outra corrente, o "alfabeto de duas mãos", atualmente ainda em uso na Inglaterra e algumas de suas ex-colônias, aparentemente não mantém relação com o alfabeto de Bonet, tendo suas origens menos claras. Segundo Woll, o alfabeto publicado anonimamente em 1698 com o nome de "Digitilíngua" deve ser o inspirador do atual.

Mesmo sendo resultado da pesquisa de ouvintes no sentido de ensinar o surdo a falar, a maior parte das comunidades surdas de todo o mundo utilizam a datilologia em suas línguas de sinais. Ela pode servir para palavras estrangeiras, nomes próprios que ainda não tenham recebido o "apelido" em sinal, nomes de lugares ou palavras novas.       


 AUTORA: CÉLIA REGINA RAMOS - jornalista da USP


FONTE: http://www.editora-arara-azul.com.br/

 
* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL E NA GRAMÁTICA ANTIGA.

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