Em meio à epidemia de cesarianas que enfrenta o Brasil, segundo
palavras do próprio Ministro da Saúde José Gomes Temporão, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) acaba de divulgar um novo estudo sobre o risco
desta opção cirúrgica, quando feita sem necessidade médica: os partos
naturais são quase três vezes mais seguros para mães e bebês.
A pesquisa feita com 107 mil mulheres, todas da Ásia, identificou que
quando a criança nasce por meio das cesáreas sem indicação por quesitos
médicos, a mortalidade da mãe, a necessidade de fazer transfusão de
sangue e o encaminhamento dos bebês após o nascimento para Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) são 2,7 vezes com mais freqüentes.
O alerta foi feito com base em um índice alarmante: 27,3% das
asiáticas avaliadas na pesquisa foram submetidas a cesarianas, taxa alta
comparada aos 15% preconizados pela OMS, porém bem inferior ao índice
encontrado entre as brasileiras. Do total de partos no País, 43% são
cesáreas. Quando na conta entram apenas os procedimentos realizados em
maternidades particulares, o registro sobe para 84%, informou ano
passado a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Comissão do parto natural
O índice é recordista mundial, afirma o Conselho Federal de Medicina
(CFM) e, apesar dos esforços do governo para reduzir as taxas, o efeito
foi inverso. O cenário é de aumento de cesarianas já que em 2000, 80%
dos partos em unidades privadas em saúde eram deste tipo.
Em muitos casos, lamentam os especialistas, a escolha pela cesárea é
por motivos banais. Data de aniversário no mesmo dia do que a mãe,
agendas complicadas, mês ou signo preferidos já apareceram como
justificativa. Ano passado foi noticiado que alguns casais marcaram a
cesárea para o dia 09/09/09 só por causa do ineditismo da data.
A atriz e apresentadora Fernanda Lima foi escalada pelo Ministério da
Saúde para tentar ajudar na mudança de quadro. Na época em que estava
grávida de gêmeos, ela fez propaganda sobre a importância do parto
natural. A causa também virou bandeira do CFM que criou no final do ano
passado uma comissão especial para cuidar do assunto.
“Fizemos um fórum em novembro de 2009 e reunimos obstetras, pediatras
e mulheres para tentar reverter o quadro, em uma parceria sugerida pela
ANS”, afirmou o médico pediatra José Fernando Vinagre, coordenador da
Comissão de Parto Natural do CFM. “Já sabemos que para a reversão dos
índices precisamos que os hospitais tenham condições de oferecer
excelência no atendimento e realização do parto natural. Por isso, este
ano, começamos a visitar as maternidades por todo País e vamos fazer uma
ampla pesquisa com os obstetras para identificar quais são as
principais demandas e falhas atuais”, completou Vinagre. A pesquisa deve
ser concluída em julho e a esperança do Conselho e traçar outro
paradigma de maternidade.
9 horas contra 90 minutos
Com relação aos médicos, a rotina atribulada de trabalho – mais de
70% atuam em dois ou mais empregos revelou censo feito pelo Conselho de
Medicina de São Paulo – pode ser um dos motivos. É sabido que alguns
trabalhos de parto chegam a durar nove horas e a maior parte das
cesáreas podem ser feitas em uma hora e meia. Apesar disso, as vantagens
do parto natural são incalculáveis, informa o Ministério da Saúde.
Estudos internacionais já demonstram que fetos nascidos entre 36 e 38
semanas, antes do período normal de gestação (40 semanas), têm 120
vezes mais chances de desenvolver problemas respiratórios agudos e, em
conseqüência, acabam precisando de internação em unidades de cuidados
intermediários ou mesmo em UTIs neonatais. Além disso, no parto
cirúrgico há uma separação abrupta e precoce entre mãe e filho, num
momento primordial para o estabelecimento de vínculo.
Males da mulher moderna
Entender os motivos que fazem as mulheres priorizarem a cesariana
também foi o foco de uma enquete realizada por pesquisadores da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Eles acompanharam de
perto 23 grávidas que acabaram fazendo cesárea. Ao perguntar a opinião
delas sobre o aumento crescente de mulheres que fazem uma cesárea, o
principal fator foi o medo das dores do parto e o desconhecimento das
vantagens do parto normal. “Algumas mulheres do setor privado destacaram
a possibilidade de programar o parto devido à vida agitada da mulher
contemporânea, em vez de esperar pela imprevisibilidade do parto
normal”, afirmam os pesquisadores nos Cadernos de Saúde Pública, veículo
em que o estudo foi publicado.
FONTE: http://delas.ig.com.br/saudedamulher/
* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
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