domingo, 22 de maio de 2011

INCLUSÃO NÃO É "TRADUÇÃO"


POR: Larissa Leite - Correio Braziliense - 21/05/2011

EDUCAÇÃO
Representantes do ensino para surdos criticam modelo do MEC, que seria restrito à presença de intérpretes em sala
Em frente ao Congresso, as mãos não empunhavam bandeiras. Os cerca de dois mil manifestantes surdos  demonstravam o domínio da língua de sinais e o conforto de estar em um ambiente onde a comunicação não era entrave. De acordo com representantes da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), escolas para surdos focadas no ensino bilíngue vêm sendo fechadas em função da política do Ministério da Educação (MEC) de incluir surdos em colégios tradicionais. Os manifestantes defendem a alteração da postura governamental e a inclusão de metas, voltadas para eles, no Plano Nacional de Educação (PNE), que tramita no Congresso.

Em todo o país, existem cerca de 170 escolas para deficientes auditivos sob risco de serem extintas. Segundo a diretora da Feneis, Patrícia Rezende, os estudantes surdos vêm sendo encaminhados para escolas tradicionais, que contam com intérpretes, em detrimento do fortalecimento de escolas ou turmas voltadas para surdos. “A inclusão proposta pelo governo é ruim porque os estudantes surdos ficam à mercê de uma tradução muitas vezes deficiente. Eles não conseguem interagir com outros alunos nem com o professor. Em uma escola onde existem professores e alunos surdos, a língua de sinais é disseminada e o surdo conta com um ambiente linguístico que proporciona crescimento educacional e humano”, diz. Segundo Patrícia, o ideal é que os surdos tenham o direito à educação em Libras como primeira língua — e que a partir dela seja ensinada a escrita em português.

Ontem, representantes da Feneis, do Instituto Nacional de Educação dos Surdos e do Centro de Integração de Arte e Cultura de Surdos se encontraram com o ministro da Educação, Fernando Haddad. Aos representantes, o ministro afirmou que não pretende encerrar as atividades de nenhuma instituição, mas ressaltou que o Brasil é signatário da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2006. Por isso, deve ofertar o direito a um sistema educacional inclusivo. De acordo com o MEC, de 2002 a 2010, a inclusão em turmas regulares passou de 110.704 para 484.332 e o número de escolas inclusivas cresceu de 17.164 para 85.090. Os representantes da Feneis afirmam que, muitas vezes, a ação se resume à inclusão de um intérprete em sala.

Daniel Gonçalves, 17 anos, estudante do 2º ano do Ensino Médio, frequenta uma escola tradicional com intérprete. Segundo ele, não existe integração entre os 30 ouvintes e os 20 surdos. “Muitas vezes não conseguimos acompanhar a aula porque a linguagem não é adaptada. Não temos imagem do que está sendo ensinado. Perguntamos coisas básicas para os ouvintes e somos ridicularizados”, diz.



TEXTO COPIADO NA ÍNTEGRA - OS ERROS DE ESCRITA E DISTORÇÕES QUE POSSAM HAVER EM RELAÇÃO À REALIDADE SURDA, FAZEM PARTE DA PRÓPRIA REPORTAGEM

DEFICIENTES AUDITIVOS QUEREM A INCLUSÃO DO ENSINO DE LIBRAS COMO PONTO DO PNE



A Marcha Nacional dos Deficientes Auditivos na semana passada em Brasília subiu a rampa do Congresso Nacional após serem recebidos pelo ministro da Educação e protestarem na Esplanada dos Ministérios.

Os deficientes auditivos querem a inclusão da Língua Brasileira de Sinais, a Libras, no ensino fundamental, médio e básico, bem como a criação de escolas bilíngües.

O senador Wellington Dias PT-PI) tem uma proposta para a inclusão do ensino de Libras no Plano Nacional de Educação - PNE, e a criação de escolas especializadas para os surdos. “Ter uma escola, que seja especializada para o pré-escolar, para o ensino fundamental, para o ensino médio. O que nós desejamos, é que, não só os surdos mas também as pessoas que no dia-a-dia lidam com eles, possam ter acesso a uma escola especializada, onde ele aprende o português, mas aprende também Libras. Isso não é difícil de entender. Então é isso que os surdos colocam... Eles querem... vamos dizer assim... que sejam respeitados no seu direito. Qual é a lógica disso? Acho que o principal é a família, as pessoas que lidam no dia a dia, compreendem da mesma forma, que eles, e os surdos que tiveram já essa oportunidade, reconhecem que isso é fundamental para a sua inclusão”.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também defendeu a criação de uma escola bilíngüe para os surdos além de Libras. “Não existe como fazer um processo como esse, de inclusão na rede escolar sem discutir, e discutir as especificidades. A língua portuguesa é como se fosse uma segunda língua para eles. Então é preciso esse entendimento. Então a grande defesa deles é a escola bilíngüe para surdos”.

Os senadores também manifestaram o apoio à Marcha dos Deficientes Auditivos, contra o fechamento do Instituto Nacional de Educação para Surdos.

Lindbergh Farias ainda comentou que o Senado vai mediar o debate com o Ministério da Educação, para evitar o encerramento da instituição. (Bruno Costa – Portal do PT)



FONTE: http://soundcloud.com/ptbrasil5/



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LIBRAS - PAIS DE SURDOS QUEREM ENSINO BILINGUE



Por Elvira Sena - Da Redação

O plenário da Assembleia Legislativa, em Fortaleza (AL), foi palco do protesto realizado ontem, pela manhã, por pais de alunos surdos. Eles reivindicam o ensino bilíngue nas escolas, com o aprendizado das Libras e se mostram contra a iniciativa nacional de colocar alunos surdos em colégios normais.

“Queremos uma escola que cuide do aluno com o problema de surdez, para que ele estude e possa, lá na frente, fazer uma faculdade e um curso profissionalizante”, disse o professor Márcio Cleiton, pai de Jameson Pinheiro Brito, 16, surdo, aluno do Instituto Cearense de Educação de Surdos.

O que os pais querem é manter as escolas para as crianças surdas. Em Fortaleza, além do Instituto de Surdos, existe mais um estabelecimento, onde é ensinada a linguagem de Libras (o alfabeto com as mãos), que é o Instituto Filipo Smaldoni. “Não somos contra a inclusão na escola normal, mas temos nossos direitos. A primeira linguagem dos surdos é a das Libras. Depois é que aprendem o português”, completou a dona de casa Ioneide Pinheiro.

Os pais de surdos foram deixar, na Assembleia, documento pedindo apoio nessa luta nacional. A luta pelos pais dos surdos começou ano passado, com a Federação Nacional de Integração de Surdos. “Foram colocadas, em Brasília, 25 propostas e cinco foram contempladas, mas não representam os anseios da comunidade de surdos”, disse Márcio Cleiton.

“Por que não acreditam na capacidade de surdos? E por que não existem concursos com tradução para Libras?”, indagou a professora do Instituto de Surdos, Maria Fausto Lima Barbosa. “A maior parte das crianças surdas são filhas de pais ouvintes e, em casa, não têm comunicação. Os pais não sabem usar as Libras e as crianças, quando chegam à escola, não sabem ler, escrever ou se comunicar”.

Atualmente, cerca de 500 alunos são atendidos no Instituto de Surdos. A escola estadual, que oferece do ensino infantil ao médio, funciona nos três turnos (manhã, tarde e noite) e, além dos surdos, atende cegos, pessoas com baixa visão, alunos com atraso intelectual e cadeirantes. Há alunos que não escutam e não falam. Todos aprendem inicialmente as Libras.

O outro estabelecimento que oferece a linguagem das Libras é o Instituto Filipo Smaldoni, no bairro Joaquim Távora. Hoje, são 280 alunos, informou a coordenadoria pedagógica da Instituição, a irmã Liliane Veiga Pinheiro. “Querem acabar com a escola para diferentes, mas não concordamos com isso. Queremos que os surdos aprendam primeiro as Libras”, disse a freira.

Viagem a Brasília
Nos dias 19 e 20 deste mês, membros de associações de surdos de todo o País se reunirão em Brasília, discutindo o assunto. Pessoas que estiveram no protesto de ontem, na AL, em Fortaleza, também se preparam para seguir viagem à Capital Federal para falar sobre o assunto. “No Pleno Nacional, precisamos aprimorar o Plano Nacional de Educação (PNE) e o deslocamento das comissões é para ouvir segmentos, demonstrando que o projeto apresentado pelo Governo teve lacunas. Nessa amplitude do debate, a sociedade pode sugerir novas propostas. Isso fortalece o PNE”, disse o deputado federal Raimundo Gomes de Matos, do PSDB.



FONTE: http://www.oestadoce.com.br/



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SURDOS FAZEM MANIFESTAÇÃO NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA PARA GARANTIR ENSINO DIFERENCIADO


Cerca de 500 alunos do Instituto dos Surdos e Instituto Filippo Smaldone e representantes de outras entidades voltadas a pessoas especiais fizeram manifestação na manhã desta segunda-feira (16/05) na Assembleia Legislativa, pela manutenção de escolas especiais para surdos. O ato é um protesto contra a integração dos surdos nas escolas comuns, prevista pelo Plano Nacional de Educação (PNE) e o possível fechamento das unidades de educação diferenciada para os portadores de deficiência auditiva.

O tema será apreciado na audiência pública da Comissão Especial do PNE, da Câmara Federal, que acontece nesta manhã no Legislativo estadual.

De acordo com a diretora do Instituto dos Surdos, a medida seria altamente prejudicial para os alunos, pois, segundo ela, as escolas regulares não teriam como atender as necessidades dos surdos. Segundo ela, não basta apenas colocar um intérprete em cada sala de aula, porque isso criaria mais uma barreira entre professores e estudantes.

A diretora destacou ainda que os alunos nas séries iniciais precisam também de um pedagogo bilíngue, para que possam ser iniciadas em seu primeiro idioma, que é a Libras (Língua Brasileira de Sinais), o que provavelmente não irá existir nas escolas regulares. Além disso, o material próprio para os estudantes especiais deve ser diferenciado, obedecendo às especificidades deste tipo de aprendizado.

A professora defendeu que em vez de extinguir as escolas voltadas para o aprendizado especial de surdos-mudos, o MEC deveria trabalhar no sentido de produzir material didático próprio para esses alunos. Segundo ela, a carência é grande e o aprendizado prejudicado.

Apesar de uma população de surdos calculada entre 160 mil e 240 mil, em todo o Ceará, aproximadamente, segundo a professora, apenas pouco mais de mil alunos são atendidos pelas duas escolas voltadas para surdos-mudos existentes no Estado, ambas localizadas em Fortaleza. Ou seja, há uma enorme demanda reprimida.

Em face das deficiências da rede de ensino, um grande número de alunos de Fortaleza é oriundo de outros municípios. A professora informou que no Instituto recebe jovens de Horizonte, Maracanaú, Quixadá, Maranguape, Caucaia, Eusébio e Itaitinga. Ela admite que muitas pessoas que não têm condições de se deslocar até a Capital ficam desassistidas.


FONTE: http://jusclip.com.br/



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LUTA CONTRA A EXTINÇÃO DAS ESCOLAS ESPECIAIS - SENADOR RODRIGO ROLLEMBERG

SURDOS LUTAM PELA INCLUSÃO EM POLÍTICAS



Os surdos de todo o Brasil estão mobilizados nesta quinta e sexta-feira para manifestar a necessidade de políticas públicas voltadas para a inclusão dos deficientes auditivos. O movimento ocorre simultaneamente em todas as capitais do País, com passeatas pela manhã, e um Encontro Nacional de Surdos em Brasília, hoje e amanhã.

Em Porto Velho, a concentração para a passeata será em frente ao prédio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), com saída às 9h30min, com destino ao Palácio Presidente Vargas. Os surdos, familiares, amigos, tradutores e professores de Libras vão entregar ao governador Confúcio Moura um manifesto com reivindicações do movimento.
Ontem, os líderes do Movimento em Favor da Educação e da Cultura Surda em Rondônia estiveram no gabinete do senador Acir Gurgacz (PDT) solicitando apoio para a causa. A presidente da Associação dos Surdos de Porto Velho (ASPVH), Indira Stedile Moura, falou com o senador Acir - por meio de libras -, com tradução da professora Ariana Boaventura, presidente da Associação dos Interpretes de Libras de Rondônia.
Ela disse que existem em Porto Velho cerca de 8 mil surdos, e que em Rondônia a quantidade de surdos pode chegar a 20 mil. “As ações educativas e de inclusão para os surdos são insuficientes e a maioria vive à margem da sociedade, sem participar, sem ser considerada, sem diálogo”, reclamou.

Para a professora Ariana Boaventura, a popularização dos cursos de libras é fundamental para que o surdo seja incluído na sociedade. “Muita gente ainda não entendeu que esses cursos devem ser oferecidos para todas as pessoas, pois só quando todos dominarem a linguagem de libras é que os surdos poderão estabelecer comunicação com o mundo”. Entre as principais reivindicações e bandeiras de luta dos surdos de Rondônia estão a criação de escolas bilíngüe, a formação de professores bilíngüe, promoções culturais, esportivas e recreativas para os surdos, um espaço físico amplo para a associação dos surdos, e apoio governamental e das empresas para suas iniciativas. O senador Acir Gurgacz se comprometeu em auxiliar os surdos de Rondônia por meio da ação legislativa e buscando apoio junto aos governos federal, estadual e municipais para atender as suas necessidades. “Vimos mais uma vez que a educação é a principal solução para o problema social, neste caso, a exclusão dos surdos, e vamos buscar maneiras de promover cursos de libra em todo o Estado, para que eles se sintam incluídos na sociedade e para que possamos nos comunicar”, disse o senador.

Acir agendou uma reunião com os representantes dos surdos do Estado para o dia 30 de maio, em Porto Velho, quando pretende ampliar a discussão sobre as necessidades dos deficientes auditivos e encaminhar soluções.


FONTE: http://www.diariodaamazonia.com.br/



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ELKE MARAVILHA TAMBÉM VAI A BRASÍLIA

ATRIZ MARIETA SEVERO APÓIA AS ESCOLAS PARA SURDOS

SURDOS PROTESTAM CONTRA A INCLUSÃO EDUCACIONAL


POR: Viviane Gonçalves

Comunidade surda e simpatizantes participam hoje de passeata e audiência pública a favor da escola bilíngue para surdos. Eles protestam contra as mudanças na política nacional de educação, que prevê a inclusão educacional dos surdos


Uma passeata, seguida por audiência pública na Assembleia Legislativa, dará inicio à série de manifestações a favor da educação e da cultura surda. Hoje, a partir das 8 horas, cerca de 800 surdos, familiares, amigos e simpatizantes da causa, devem se reunir para reivindicar as mudanças propostas no Plano Nacional de Educação (PNE), que institui a integração dos surdos nas escolas comuns. A concentração será em frente ao Instituto Cearense de Educação de Surdos (ICES).

A principal divergência está relacionada justamente à inclusão educacional dos surdos. A representante da Comissão Municipal da Pessoa com Deficiência, Vanessa Vidal, explica que a presença do surdo em uma escola comum traz diversos malefícios. “Essa proposta de alteração é um absurdo. É importante que o surdo se identifique com seus pares. Não somos contra a inclusão social, mas defendemos que a educação infantil dos surdos seja feito na escola bilíngue para surdos”, afirma.

O professor universitário e representante da Associação de Surdos do Ceará, Willer Cysne, ressalta que essa é uma garantia que já foi conquistada através da legislação. A lei 10.436/2002 oficializa a língua de sinais e a lei 5.626/2005 rege essa educação. “Estão querendo promover um retrocesso. Não queremos que todas essas conquistas se percam”, pontua.
Fortaleza será a primeira capital brasileira a discutir essa implementação nacional da educação para surdos. “A educação para surdos no Ceará está de acordo com nossas expectativas, mas temos medo que a imposição de uma mudança nacional mude nosso panorama local”, avisa.
 


Professor
Atualmente, existem cerca de 60 professores graduados em letras/libras. E outros 60 em curso. “Eles estão aptos a ensinar com uma metodologia específica, que vai proporcionar o máximo de desenvolvimento para a criança surda”, garante.

Através da experiência pessoal, Vanessa explica que o surdo necessita ter acesso pleno à sua língua materna (Libras) para interagir melhor em sociedade. “Quando estudei em escola comum não conseguia acompanhar os estudos e interagir com os outros alunos”, desabafa. Ao mudar para a escola bilíngue, a situação melhorou, segundo ela.

Outra questão é sobre qual o profissional que se tornaria referência para o aluno, o professor habilitado ou o tradutor. “Estamos preocupados em garantir e priorizar o acesso à informação através da língua de sinais em um ambiente onde o surdo não seja minoria”, complementa Willer.


ENTENDA A NOTÍCIA

Comunidade surda é contra a inclusão educacional proposta pelo MEC. Passeata e audiência pública hoje alertam para os prejuízos dos surdos estudarem em escola comum. O movimento é a favor da educação bilíngue para surdos.

SAIBA MAIS
Hoje, será realizada passeata e audiência pública contra a inclusão educacional de surdos. A concentração será às 8 horas, em frente ao Instituto Cearense de Educação de Surdos (Ices), na rua Rui Barbosa. Os manifestantes seguem para a Assembleia Legislativa, onde ocorre audiência pública às 9h30min.
 

Na próxima quinta -feira, 19, haverá manifestação em frente ao MEC, em Brasília. Na sexta-feira, haverá passeata do Museu Nacional até o Planalto Central, em Brasília.





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BRASÍLIA DEBATE SE SURDOS DEVEM ESTUDAR EM ESCOLA REGULAR OU ESPECIAL



Edição do dia 19/05/2011

O Ministério da Educação acha que eles devem estudar nas regulares. Especialistas, educadores e os próprios estudantes preferem as especiais.

 

Nesta quinta-feira (19) tem um debate importante em Brasília - que vai definir o rumo da educação para os alunos surdos. Eles devem estudar em escolas regulares ou especiais?
O Ministério da Educação acha que eles devem estudar nas regulares, mas com algumas exceções. Especialistas, educadores e os próprios estudantes preferem as especiais.
Você deve se lembrar do quadro do ‘Fantástico’, o Jogo Falado, que revelava o que técnicos e jogadores de futebol não queriam que ninguém soubesse. João Gabriel era um dos estudantes surdos que fazia a leitura labial das conversas. Hoje, ele joga no time dos que defendem o direito dos surdos a uma educação básica só para eles.
O Brasil tem duas línguas oficiais, a dos ouvintes e a dos surdos, que é a chamada língua dos sinais. A comunidade dos surdos acredita que a formação básica dessas pessoas merece também um modelo especial de educação.
João Gabriel e outros alunos que falam em silêncio estudam em uma escola bilíngue, o Instituto Nacional de Educação de Surdos, no Rio. Uma tradutora explica o que o estudante está falando.
 
A nossa primeira língua é a língua de sinais, e o português vem como segunda língua. É muito melhor quando a gente tem essa língua de sinais, que a gente consegue contextualizar os acontecimentos. Temos esse direito, merece essa comunicação”, diz.
A Universidade de São Paulo (USP) fez uma avaliação do desenvolvimento escolar dos surdos. Nove mil surdos de 6 a 25 anos fizeram prova em 15 estados, durante 11 anos. Os resultados mostram que as crianças surdas aprendem mais e melhor com professores e colegas que usam a língua de sinais, chamada também de libras.
“Se a criança for removida de sua comunidade escolar lingüística e colocar entre colegas que não a entendem, essa criança vai se embotar emocionalmente”, diz Fernando Capovilla, da USP.
Laura Pereira de Souza matriculou o filho em uma escola regular, mas não deu certo. O menino agora estuda no Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).
Diferença muito grande. Aqui é para surdo, deficiente auditivo, e a inclusão surdo. Eu, mãe falando, acho não vai dar certo”, opina Laura.
O MEC pretendia fechar a escola do Ines, referência nacional para os surdos. O ministério defende a inclusão de crianças surdas nas escolas regulares. Depois recuou em relação à escola do instituto, mas os outros colégios para surdos no país continuam ameaçados, segundo o vice-presidente da FENEIS, Paulo Bulhões.
 
Se fechar escolas básicas para educação especial vai ficar muito ruim”, aponta.
A atriz Marieta Severo também entrou na campanha nacional pela manutenção das escolas especiais para surdos.
Minha irmã é deficiente auditiva, foi a minha primeira motivação. É muito importante que eles possam ter toda a capacidade deles de se desenvolverem, e não estarem dentro de uma sala em que não poderão ter todas as oportunidades de desenvolvimento”, diz a atriz.


Fonte: Globo.com


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quarta-feira, 18 de maio de 2011

CARTA DE MARIA TERESA MANTOAN EM RESPOSTA AO PAI DO ALUNO SURDO


Senhor Emiliano, tudo bem?

O senhor conhece o que a educação especial, na perspectiva da educação inclusiva, oferece aos alunos com surdez, por meio do Atendimento Educacional Especializado, ou nas salas de aula de ensino comum?

O que falta ao movimento dos surdos por uma educação bilíngue é conhecer a fundo o que a educação inclusiva propõe nesses casos.

Exista ou não uma cultura surda, o que importa é que seu filho e outros alunos estejam em uma escola para todos e que essa escola se comprometa a executar o que as políticas inclusivas e o que legislação menor e a Constituição/88 predizem.

Se os pais de pessoas com surdez , as pessoas com surdez , seus professores e defensores, estivessem devidamengte informados sobre o que a inclusão propõe para a educação brasileira, não estariam querendo apenas defender a cultura surda, mas uma escola de qualidade para seus filhos, uma escola em que as culturas se encontrassem e se questionassem abertamente.

 As escolas especiais seriam esse lugar provilegiado de confronto, de conhecimento, de reconhecimento do outro ? E mais,  são, pelo menos, eficientes? Como explicar  o desempenho sofrível da maioria de alunos surdos egressos dessas escolas, no ensino básico e superior? Todos esses alunos são pessoas inteligentes, mas que não foram desafiados a aprender, no ambiente escolar plural, condição essencial para o desenvolvimento social, intelectual, afetivo de todos. Por que razão excluir alguns, para depois incluir, se na escola comum eles têm o direito de estudar a LIBRAS, a Língua Portuguesa, aprendendo e praticando-as com os demais colegas?

O multiculturalismo crítico se manifesta nessas situalções de confronto, de desafio, de questionamento e não no isolamento e em outras situações de exclusão, cujas consequências o senhor conheceu um exemplo recente  no Rio de Janeiro.

Aprender  a  "estar com" o outro se  manifesta naturalmente nos ambientes comuns, não segregados e não acontece nos ambientes restritos de aprendizagem das escolas especiais.

No mais, acho que a falta de informação sobre o que a educação inclusiva oferece e preconiza faz acom que as pessoas surdas e seus defensores preguem algo que já está disponível, mas que nao podem ou não querem ver. Os motivos? Não sei.

Entendo que os surdos lutem por uma educação bilíngue, mas esta é uma das metas da inclusão escolar: educação bilíngue, mas na escola de todos, pois é nessa escola em que ela se manifesta como necessária e pode, portanto ser, devidamente praticada. Os surdos despertaram para o bilinguismo só agora, com o advento da inclusão? Não estariam mais uma vez desinformados e lutando por uma escola bilíngue, que já está contida na plataforma de mudanças da inclusão. Por que não lutam direta e abertamente contra a inclusão ? Estão usando uma inverdade como estratégia. Ela  até pode enganar alguns, os que ainda enxergam nas pessoas com surdez, os sofridos, os coitados, como eles próprios apregoam, chutados da escola, enfim, destituídos de sua língua. Quem está lhes infundindo nas pessoas surdas e na opinião pública essas idéias? Com que intenção?

Lutem por causas que elevem e dignifiquem seus filhos. Lutem por causas que têm a ver com formação, dignidade e acento na  cidadania, sejam as pessoas de uma cultura ou de outra. O Brasil é um caldeirão de culturas e todas elas devem estar mescladas, em uma escola das diferenças. É difícil entender tudo isso?

Envio-lhe a seguir, uma mensagem que recebi de uma pessoa surda. Espero que ela expresse melhor o que as pessoas surdas estão perdendo, encaminhando suas inteligências e energias para uma luta que não cabe mais nos nossos dias.

Esta é minha posição sincera de estudiosa da educação e de pessoa que não precisa estudar a cultura surda, muçulmana, africana, anglo saxônica, mediterrânea... nórdica, indígena.... para sustentar seus pontos de vista.

O mundo não é mais um espaço da diversidade, mas das diferenças, ou seja, não é mais um espaço dos idênticos , dos mesmos, reunidos em blocos, categorias. As lutas que devemos empreender no momento, são por uma humanidade que questiona, combate  identidades fixadas, permanentes e centradas  em uma unica característica das pessoas,  pela realização de todos, nas suas diferenças.

Antes da cultura surda existem  as pessoas surdas e elas estão aprendendo com movimentos como este a serem as mesmas, ou seja, os surdos. Não somos os mesmos.

Um abraço e segue a mensagem prometida.



Em primeiro lugar, receba meus cumprimentos pela pessoa que você é, mulher guerreira e batalhadora. Esteja certa que faço de mim seu companheiro de luta, seu parceiro para todas as horas.

Talvez você fique surpresa a meu respeito. Sou surdo desde criancinha (tinha 1 ano e meio e fiquei surdo). Preocupada com a minha situação, minha mãe procurou informações sobre como educar uma criança surda, enfrentou todas as adversidades e descrenças e batalhou durante muitos anos para me ensinar a falar e escrever corretamente português.

Estudei em escola para surdos, mas nesta escola permitia também alunos ouvintes objetivando fazer valer a filosofia educacional de haver intercâmbio cultural entre 2 mundos diferentes promovendo a aceitação da diferença, aliás a inclusão. Naquela época, a palavra  inclusão  não era moda, usava-se mais  integração , mas a essência é a mesma.

Devido ao sucesso da minha vida como pessoa surda que conseguiu derrubar a barreira da comunicação, sou oralizado, sei também LIBRAS, e acho justo agradecer a todos que me ajudaram a construir minha vida, principalmente minha mãe. Todo esse sucesso deve-se à filosofia inclusiva a que fui submetido e sou lhe muito grato por esta oportunidade que vivenciei.

Hoje dou palestra sobre inclusão, pois sou a prova viva deste sucesso da inclusão, presto depoimentos para pais e mães de crianças surdas em busca de consolo e auxílio para participar mais deste processo inclusivo objetivando fazer destas crianças futuras pessoas plenamente aceitas na sociedade sem traumas.

Indo direto no assunto, quero deixar expressa minha opinião de que sou a favor da inclusão pelos motivos que expliquei acima. Seria falsidade minha ir contra a inclusão, pois primeiro: sou uma pessoa plenamente realizada graças a inclusão e segundo: todos os professores, colegas, amigos e familiares acompanharam a minha educação e negar a inclusão seria traição e ingratidão por estes que me ensinaram o ABC da vida.

Soube que vai haver uma passeata dos surdos em Brasília, surdos esses que são contra a Inclusão. Só para deixar bem clara: graças a apenas uma ou duas pessoas que, através de vídeos e mensagens por celulares, e-mails e redes sociais, rapidamente se espalhou toda forma de distorção e mentiras sobre a temática da inclusão de tal maneira que incitou ódio em muitos surdos. Graças a essas mentiras, os surdos desinformados caíram como vítimas destas lideranças corruptas e desesperadas.


Flaviane Reis foi uma destas lideranças surdas que, ao ver o vídeo dela dizendo que a inclusão acaba com a LIBRAS, só fez com que manche sua própria reputação como Mestranda em Pedagogia em uma universidade. 



Video: http://www.youtube.com/watch?v=2CJROQ2_qWs&feature=share.


Neste vídeo ela afirma que Mantoan é contra o uso da LIBRAS na escola inclusiva. 


Que eu saiba, num texto retirado do site: http://www.smec.salvador.ba.gov.br, onde você afirma que os alunos precisam de liberdade para aprender do seu modo, de acordo com as suas condições. E isso vale para os estudantes com deficiência ou não. Ora, isso deixa bastante perceptível que Flaviane Reis é uma pessoa (mesmo mestranda) completamente desinformada sobre educação inclusiva e tal afirmativa dela exposta neste vídeo faz dela uma mentirosa ou abusa de palavras que distorcem o real conceito do termo  inclusão .

Diante de ato de falsidade ideológica, deixo expressa minha tristeza e revolta e me coloco a sua disposição para lutar e manter a política da inclusão em toda parte.


Cordialmente,

Hans Frank
Palestras sobre Surdez, Prevenção e Reabilitação
Palestras sobre Sociedade Inclusiva
Professor de LIBRAS com certificação MEC
Graduando em Administração - Universidade Anhanguera-Uniderp
Campinas   São Paulo   Brasil

CARTA DE UM PAI DE SURDO A MARIA TERESA MANTOAN


Prezada Professora Maria Teresa,
 
Sou pai de surdo e li atentamente seu email em que pede adesão pública a um abaixo-assinado on line pelo respeito à Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CPPD). Concordo inteiramente com o que está escrito na Petição, e até mesmo com a convenção inteira, incluindo outras partes dela que a senhora não citou (como o Art. 30), talvez por não achar nesse momento que elas sejam assim tão importantes, embora eu não deva achar, por isso, que a senhora delas discorde ou que as desconheça. Pelo seu currículo Lattes, sei que a senhora nunca estudou sobre a cultura surda e a educação surda; contudo, já que a senhora reivindica a CPPD e a legislação presente em nosso país, sou levado a crer que, assim como eu e outros pais de surdos, também discorda da Diretora de Políticas Especiais da Secretaria de Educação Especial do MEC, quando ela afirmou não haver cultura surda. Afinal, a Decreto 5.626/2005, assinado pelo então Presidente Luís Inácio Lula da Silva, e pelo já Ministro de Educação Fernando Haddad, define “a pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras” (Art. 2º, negrito meu). Então, segundo a lei, que a senhora quer defender contra os partidários da segregação e do assistencialismo, há, sim, cultura surda; e se estamos com a lei, tal como a senhora nos convocar a estar, então não podemos concordar com a Diretora da Secretaria de Educação Especial do MEC.
 
Sou levado a crer também que, concordando com Decreto 5.626/2005, a senhora também o defende quando ele diz no Art. 22 que:
 
“As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de:
“I - escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental;
“II - escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade lingüística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa.
“§ 1o São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo”.
 
Veja, professora, que o Decreto fala em classes e escolas bilíngues, definindo-as como aquelas em que as línguas de instrução são a Libras e o português escrito. Se defendemos as leis existentes em nosso país, então também defendemos as classes e escolas bilíngues, tais como o decreto 5.626/2005 as define, não é?  Então, nisso também estamos de acordo, prezada professora. Aliás, sob a perspectiva desse Decreto, podemos ver refletida essa sua determinação na própria Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, quando esta define em seu artigo 24 que devem ser garantidos aos surdos:
“b) Facilitação do aprendizado da língua de sinais e promoção da identidade linguística da comunidade surda;
“c) Garantia de que a educação de pessoas, em particular crianças cegas, surdocegas e surdas, seja ministrada nas línguas e nos modos e meios de comunicação mais adequados ao indivíduo e em ambientes que favoreçam ao máximo seu desenvolvimento acadêmico e social”.
 
Também o Art. 30, § 4, que a senhora esqueceu de citar em sua proposta de petição, diz que:
“As pessoas com deficiência deverão fazer jus, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a que sua identidade cultural e linguística específica seja reconhecida e apoiada, incluindo as línguas de sinais e a cultura surda”.
 
Veja, professora: segundo a CPPD, é preciso promover a identidade linguística surda, reconhecer e apoiar a identidade cultural dos surdos, de modo mais definido, a cultura surda, e mais ainda, que a educação dos surdos e surdocegos seja ministrada em língua de sinais, em ambientes que lhes sejam favoráveis social e academicamente. É... realmente não concordamos com a Martinha Claret, porque ela, ao contrário de nós, discorda da CPPD! Veja também, professora, que, segundo o Decreto 5.626/2005, os ambientes mais favoráveis ao aprendizado dos alunos surdos são as classes e escolas bilíngues. Concordamos também com isso, não é? Senão, não estaríamos de acordo com a CPPD e as leis de nosso país, como a senhora e eu dissemos estar!
 
Mas, se é assim, professora, então além de discordar da SEEsp/MEC, discorda do que a senhora mesma disse em entrevista à revista Nova escola (Edição 182, maio de 2005):
 
"Uma criança surda, por exemplo, aprende com o especialista libras (língua brasileira de sinais) e leitura labial. Para ser alfabetizada em língua portuguesa para surdos, conhecida como L2, a criança é atendida por um professor de língua portuguesa capacitado para isso. A função do regente é trabalhar os conteúdos, mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas. Se na turma há uma criança surda e o professor regente vai dar uma aula sobre o Egito, o especialista mostra à criança com antecedência fotos, gravuras e vídeos sobre o assunto. O professor de L2 dá o significado de novos vocábulos, como pirâmide e faraó. Na hora da aula, o material de apoio visual, textos e leitura labial facilitam a compreensão do conteúdo". 
 
As pessoas mudam de ideia, o que é muito natural e muito bom. Como disse o poeta, o coração de um mortal muda muito rápido. E cinco anos são mais do que suficientes para que a senhora tenha mudado de ideia! Como a senhora pode recordar ao reler essas palavras, nessa época sua posição era a de que o principal aprendizado linguístico necessário à apreensão dos conteúdos acadêmicos pelos alunos surdos era o português. O menino surdo deveria aprender alguns vocábulos com o professor de português e depois, em outra aula, fazer a leitura labial do outro professor! Mais ainda, a senhora achava que o professor saber libras era até mesmo desfavorável e desestimulante para a aprendizagem do aluno:
 
"É até positivo que o professor de uma criança surda não saiba libras, porque ela tem que entender a língua portuguesa escrita. Ter noções de libras facilita a comunicação, mas não é essencial para a aula”.
 
Graças a Deus, a senhora mudou de ideia e agora concorda com a CPPD e nos convoca a lutar para que – repito! – a educação de surdos seja ministrada em língua de sinais. Estamos, pois, de acordo em que a Libras deva ser a língua de instrução do aluno surdo e que ele não deve ter acesso ao conteúdo ensinado nem primeiramente nem principalmente em português (ainda que escrito), mas, sim, em libras, de onde deverá se apropriar até desse conteúdo específico que é o português escrito. Se é assim, ao invés de a criança surda ficar se esforçando para dar conta ao mesmo tempo de uma língua que não é a dela (e que ela não pode nem mesmo ouvir) e de um conteúdo que lhe é repassado, terá apenas que, como todos os outros alunos, lidar com o inusitado da matéria acadêmica ministrada.
 
Além disso, professora, sabemos que a CPPD é fruto de um longo processo de discussão sobre os direitos das pessoas com deficiências, dentre os quais se encontra o direito à igualdade da pessoa humana, tal como a determina a Declaração dos Direitos Humanos. Por isso mesmo, é também resultado do movimento de inclusão educacional, do qual a Declaração de Salamanca é um dos marcos irrenunciáveis, não é mesmo? Espero que não tenhamos divergência quanto a aceitação desse tão importante documento, que preparou a modificação nas legislações nacionais de diversos países, na perspectiva da inclusão educacional,  e até mesmo a própria CPPD. E o que diz lá sobre a educação das pessoas com deficiências? Antes de tudo, diz assim:
 
“Qualquer pessoa portadora de deficiência [sic] tem o direito de expressar seus desejos com relação à sua educação, tanto quanto estes possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de serem consultados sobre a forma de educação mais apropriada às necessidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças” (Introdução, § 2). 
 
Não temos discordância disso, até mesmo porque a senhora e eu concordamos com o direito ao pluralismo pedagógico e com a liberdade de ensino, determinado na Constituição de 1988 (Art. 206, II e III). Portanto, concordamos em que os surdos têm direito a optar em que modalidade de escola quer estudar, e que nada pode ser determinado sobre ele sem dele obter a anuência. Mais uma vez discordamos da SEEsp/MEC, que quer que haja uma única forma de escolarização dos alunos com deficiência, sendo as outras formas transformadas em AEE’s no contraturno.
 
Mas, além disso, concordamos também – assim espero! – com o que a Declaração de Salamanca diz um pouco mais adiante: 
 
“Políticas educacionais deveriam levar em total consideração as diferenças e situações individuais. A importância da linguagem de sinais como meio de comunicação entre os surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão deveria ser feita no sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso a educação em sua língua nacional de sinais. Devido às necessidades particulares de comunicação dos surdos e das pessoas surdocegas, a educação deles pode ser mais adequadamente provida em escolas especiais ou classes especiais e unidades em escolas regulares” (Art. 21).
 
É por isso que nós, surdos e pais de surdos, estamos lutando, professora. Queremos que sejam respeitados os documentos internacionais que o Brasil assinou e as leis nacionais que dizem respeito à educação em geral e à educação dos surdos, em particular. Assim, não vejo por que haver duas petições on line com o mesmo conteúdo. Convido-lhe a somar-se conosco contra os que querem mudar a legislação existente em nosso país sobre a educação de pessoas com deficiências; que defendamos a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência; que defendamos a Constituição de 1988, e a liberdade de ensino e o pluralismo pedagógico que ela garante; que exijamos o cumprimento do Decreto 5.626/2005. Convido-lhe, sinceramente, e porque acredito em sua sinceridade, a assinar a petição a que os surdos estão nos convocando. O link para ele, respeitada professora, é http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=LutaINES. Nossos nomes poderão se encontrar lá!
 
Acredito sinceramente que a senhora esteja agindo de boa fé quando propõe que lutemos por essas garantias constitucionais e legais. Longe de mim pensar que em seu discurso a senhora esteja manipulando com a CPPD, apenas para criar uma infundada e sofística oposição ao bom combate que surdos e pais surdos estamos travando pela educação bilíngue para surdos. Isso não seria adequado para uma acadêmica do seu porte. Sei que a senhora, apesar de não ser conhecedora da educação surda, não desconhece essa legislação a que fiz referência; e que não estaria se referindo às leis assim levianamente. Acredito sinceramente...
 
Um abraço,
João Emiliano Fortaleza de Aquino, ouvinte, doutor em filosofia, pai de um menino surdo

RELATO DE UM SURDO: RODRIGO MACHADO



Sou surdo, tenho 28 anos, nasci em Quixeramobim/CE, já concluí dois cursos superiores: Bacharelado em Geografia pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA e Letras Libras pela Universidade Federal do Ceará, pólo da Universidade Federal de Santa Catarina.

Nos meus primeiros anos escolares, estudei numa escola de surdos onde o método era ensinar a falar, (oralismo), muito boa pelo compromisso com o trabalho e a organização; no entanto, não pude avançar conforme minha vontade e possibilidades. Aos 12 anos fui para uma escola inclusiva, éramos 02 a 03 surdos em salas de 20 a 30 alunos ouvintes. Foi muito difícil, perdi o contato com meus colegas surdos e não conseguia ter amigos ouvintes e nem entender os conteúdos escolares, pela falta da comunicação.  Precisava da ajuda da minha mãe, que em casa, tentava me ensinar usando sinais. Lembro que nos primeiros dias de aula havia aproximação e curiosidade dos “colegas”, depois cada um se relacionava com seus pares e nós surdos ficávamos meio perdidos, isoladas.

Nesta época eu já sabia Libras que aprendi na convivência com meus irmãos, (sou o 3° de quatro irmãos surdos), e com meus amigos na associação dos surdos. Sempre fui muito curioso, gostava de estudar, de conhecer as coisas e depois de algumas vivências, de conhecer a importância da língua de sinais para o conhecimento e desenvolvimento dos surdos, percebi que numa escola só de surdos onde a língua fluente fosse a LIBRAS eu poderia aprender mais, me sentir integrado e feliz.  Procurei na internet, conhecer algumas escolas que atendessem às minhas necessidades. Com  o incondicional apoio da minha família, fui para Porto Alegre/RS, fazer o ensino médio numa escola só para surdos, conforme eu sonhava.

Foi maravilhoso, as salas de aula nesta escola são temáticas. Quando entrei na sala de Geografia, minha mãe diz que meus olhos brilharam. Senti-me muito feliz. Todos na escola falavam Libras. Foi um enorme crescimento pra mim. Terminei o ensino médio e em seguida ingressei na Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, em Canoas/RS, onde cursei bacharelado em Geografia.

Nesta etapa fiquei em sala inclusiva com apoio de intérprete fluente em Libras. Como já dominava essa língua não tive dificuldades em acompanhar as disciplinas. Conclui o curso no período normal (08 semestres), em seguida, fiz concurso para professor em Caxias do Sul e fui aprovado. Enquanto aguardava ser chamado, resolvi viajar à Europa na busca de conhecer outras realidades, visitei 12 países, somente usando a Língua de Sinais Internacional e o inglês escrito, na comunicação, não tive dificuldades. Fiquei quatro meses na Dinamarca onde fiz um curso de Liderança Mundial de Jovens Surdos, foi uma experiência fantástica, enriquecedora; éramos 14 jovens cada um de um país e em pouco tempo tivemos que aprender as diferentes línguas de sinais. Aprendi também, inglês e espanhol escrito.

Em 2006, após a oficialização da Libras como língua natural dos surdos, o Governo Federal, através do MEC implantou o curso de Letras Libras para a formação de professores surdos e intérpretes de Libras na Universidade Federal de Santa Catarina. Ingressei nesse curso. Ano passado, cansado de morar sozinho, retornei a Fortaleza e transferi o curso de Letras Libras para a Universidade Federal do Ceará. Colei grau no início deste ano, juntamente com 32 colegas surdos. Com este depoimento, quero mostrar que nós surdos não precisamos estudar em escola inclusiva para ser integrado socialmente. Precisamos sim, que entendam que somos capazes, que podemos produzir e ser cidadãos.

Nós surdos formados, esperávamos fazer concurso e atuarmos como professores de surdos, no entanto, fomos surpreendidos com a determinação do MEC em matricular as pessoas com necessidades especiais nas escolas regulares, nós formandos, estamos sem perspectivas de trabalho e os surdos perdidos nas escolas “inclusivas.” Não somos contra a política de inclusão, mas o sistema de ensino no país que não está preparado para lidar com as diferenças.

Portanto, peço aos nossos governantes que procurem ouvir os surdos e revejam esse processo de inclusão imposta pelo MEC e que aqui está sendo implantado sem as condições. Sem professores e interpretes de libras, principalmente no interior do Estado. Não posso me calar diante dessa situação. Temos uma língua diferente, a língua de sinais, que não tem como desenvolvê-la na convivência com pessoas que falam português. Não é isso que nós surdos precisamos e queremos.

- Queremos o direito de ser surdo: ser respeitado pela sociedade pela singularidade lingüística e cultural.

- Queremos o direito de uma educação diferenciada, pautada pelo uso da língua de sinais e o aprendizado da língua portuguesa como segunda língua, (escola bilíngüe).

- Queremos a formação dos próprios surdos para atuar como docentes, por meio de concurso que nos dêem estabilidade.

- Queremos o direito de ser uma comunidade respeitada socialmente deixando de ser discriminada e taxada como queto, segregação. Para mim , segregar é colocar em escolas sem comunicação, sem entender o que conversam e falam na sala.

- Queremos o direito de escolher em que escola estudar.

Concluo minhas palavras com um trecho da seguinte poesia:

“Recuso-me a ser considerada especial, deficiente. Não sou. Sou surdo. Para mim a língua de sinais corresponde a minha voz; meus olhos são meus ouvidos. Sinceramente nada me falta. É a sociedade que me torna excepcional.” (Vôo da Gaivota, Emanuelle Laborrit).

Rodrigo Nogueira Machado (Bacharel em Geografia (ULBRA), Licenciado em Letras/libras (UFC)

sábado, 14 de maio de 2011

O PODER DAS PALAVRAS...





Mais um que minha querida amiga Lindalva me mandou...
Eu conhecia como texto, mas nunca havia visto o vídeo...
Obrigada, amiga!

domingo, 8 de maio de 2011

UMA HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES...


Mãe não entende se você não come tudo que está no prato.
Mãe não aceita desculpas do tipo:  Se os outros podem, por que eu não posso?
Mãe responde: 'Os outros não são meus filhos'.

***** 


Mãe adora ouvir o barulho da fechadura quando o filho chega.
Mãe tem cheiro de banho, tem cheiro de bolo, tem cheiro de casa limpa. 

*****  

Mãe fica assustada quando vê o caso daquela modelo que morreu de anorexia: 'Eu já falei  pra você comer tudo!'


*****  

Mãe fica assustada quando lê notícia de assalto.
Mãe fica assustada quando lê notícia de  acidente.
Mãe fica assustada quando lê notícia de briga.
Mãe fica assustada quando lê notícia.
Mãe fica assustada. 


*****
 


Mãe não está nem aí para o que os outros pensam.
Mãe foge com o filho  para o Egito, montada num burrico.
Mãe tem sonho.
Mãe tem pressentimento.
Mãe tem sexto sentido e sétimo, oitavo, nono, décimo.
Mãe não faz sentido (para quem não é mãe). 


***** 


Mãe chora ao rezar.
Mãe chora em rebelião.
Mãe chora se o filho é messias ou bandido..
Mãe acredita.
Mãe não pode ser testemunha no tribunal.
Mãe é café com leite.
Café com leite, pão com manteiga, biscoito, bolacha de água e sal, banana cozida.
E ainda faz você levar um pedaço de bolo pra casa. 


*****
 


Mãe só tem uma, mas é tudo igual.
Mãe espera o telefone tocar.
Mãe espera a campainha tocar.
Mãe espera  o resultado do vestibular.
Mãe espera o carteiro.
Mãe moderna espera e-mail.
Mas espera.
Mãe sempre espera. 


 
***** 


Mãe ama. Ama incondicionalmente!
Assim, verbo intransitivo, como queria Mário de Andrade.
Porque, se é mãe, já se sabe o que ela ama.
A culpa é da mãe, dizem os freudianos superficiais.
Os verdadeiros freudianos sabem que, sem mãe, nada feito. 


*****
 
Uma amiga costuma dizer: 'mãe é de aço'.
A frase é interessante, porque o aço é uma liga de ferro e carbono.
Ferro é o símbolo da força; carbono é o elemento presente em todos os organismos vivos.
A mãe constitui a liga entre a fragilidade e a força do indivíduo.
Não há algo mais vulnerável e mais sólido  que a maternidade.
Mãe é de aço. 


***** 


A esta altura, você deve estar perguntando:
'Mas por que esse cara está falando tanto de mãe?'
A verdade é que eu não sei.
Talvez seja porque a palavra mãe não tenha equivalente.
Já notaram? Mãe só rima com mãe.
 (Autor desconhecido)

Recebi esse texto através de minha querida e amada mãe Norma... não podia deixar de postar ainda mais no dia de hoje... 

Feliz dia das Mães a todas as mães e futuras mães...

 

quinta-feira, 28 de abril de 2011