Representantes de associação se reuniram com o ministro da Educação.
Eles querem escola que use língua de sinais como principal 'idioma'
Um grupo de aproximadamente 500 manifestantes protestou em frente ao Ministério da Educação nesta quinta-feira (19) contra a intenção do governo federal de fechar as escolas especiais e incluir os portadores de necessidades especiais, como cegos e surdos, em escolas regulares. Uma comissão formada por dirigentes de associações de deficientes visuais e auditivos foi recebida pelo ministro Fernando Haddad.
Os manifestantes querem a incorporação dos programas de educação inclusiva à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). Em nota, o MEC disse que "o ministro da Educação, Fernando Haddad não pretende encerrar as atividades de nenhuma instituição ou escola destinada a estudantes com deficiência". Ainda segundo a nota, "o ministro ressaltou que o Brasil é signatário da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU, 2006) e deve ofertar o direito a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis. O acordo estabelece o compromisso dos Estados Partes com a adoção de medidas de apoio necessárias no âmbito da educação regular".
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Participaram do encontro com Haddad representantes da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), do Instituto Nacional de Educação dos Surdos (Ines) e do Centro de Integração de Arte e Cultura de Surdos (Ciacs).
Em seguida, os manifestantes seguiram para o Congresso Nacional, onde iam se reunir com uma comissão de senadores. Paulo Vieira, presidente da Associação de Surdos de São Paulo, classificou a reunião como "difícil". "Existe um obstáculo muito grande para que eles entendam nossa posição. Não adianta dar um curso de 40 horas de língua de sinais os professores consigam receber alunos surdos e ouvintes na mesma sala", defende.
Nidia Regina Sá, professora da Universidade Federal do Amazonas, que acompanhava o movimento, pede mudanças no Plano Nacional de Educação. Segunda a acadêmica, termos como escola especial foram banidos do documento. "Eles querem transformar as escolas especiais em centros que prestam atendimento especializado, como fonoaudióloga, o que não é suficiente", afirma Nídia.
Para os surdos, os manifestantes defendem que há uma cultura própria, e que a primeira língua deles é Língua Brasileira dos Sinais (Libras). "Precisamos de escolas bilíngues, que ensinem o português a partir da Libras, como um índio, que tem outra língua materna e vai estudar depois", desta Paulo Vieira. O manifestante ainda lembrou para os perigos de se incluir crianças que não estão preparadas para o convívio dentro de uma escola regular.
"Eu mesmo estudei em uma escola para ouvintes e sofri bullying. Tenho conhecimento de casos de agressões graves, que a criança não consegue reagir porque não sabe se comunicar", conta. Já os cegos reclamaram de um abandono do braile. "Os cegos, nas primeiras séries, estão sendo relegados a meros ouvintes", reclama Maria Glória Mota, secretária da Organização Nacional de Cegos.
Segundo o Ministério da Educação, de 2002 a 2010, a inclusão em turmas regulares passou de 110.704 (25%) matrículas para 484.332 (69%) e o número de escolas inclusivas cresceu de 17.164 (8%) para 85.090 (44%), nesse período.
Regionalidades
Com representantes de nove estados (Pará, Maranhão, Rondônia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Piauí, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo), os manifestantes também lembraram das dificuldades que as diferenças regionais podem causar caso a educação especial seja toda transferida para escolas regulares. Jerônimo Ferreira Cavalcanti Filho, presidente da Federação de Apaes do Maranhão, falou da dificuldade ao transferir alunos.
Com representantes de nove estados (Pará, Maranhão, Rondônia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Piauí, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo), os manifestantes também lembraram das dificuldades que as diferenças regionais podem causar caso a educação especial seja toda transferida para escolas regulares. Jerônimo Ferreira Cavalcanti Filho, presidente da Federação de Apaes do Maranhão, falou da dificuldade ao transferir alunos.
"Ano passado, em Imperatriz do Maranhão, passamos 300 alunos para que a prefeitura incluísse no ensino regular, deixando a Apae, e somente 80 conseguiram vaga. Os outros perderam o ano", conta.
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