Segundo dados do Censo Escolar de Educação Básica, existem cerca de 30 mil deficientes auditivos matriculados em escolas
Segundo dados do Censo Escolar de Educação Básica, existem cerca de
30 mil deficientes auditivos matriculados em escolas ou classes
especializadas no Brasil. Já nas escolas e turmas regulares, o número de
estudantes surdos é de 33 mil.
Apesar dos deficientes auditivos terem capacidade de desenvolvimento
cognitivo e intelectual equivalente ao dos ouvintes, falhas no sistema
de ensino podem limitar o aprendizado. Isto porque nem todos os
professores sabem como se relacionar com o aluno surdo nem compreendem
como acontece a sua percepção de mundo.
As informações a seguir são de Karin Lilian Strobel, pedagoga
especialista em surdez e autora do livro As imagens do outro sobre a
cultura surda (Editora UFSC), e de Paula Botelho, doutora em Linguagem,
Letramento e Cultura e mestre em Educação, além de autora dos livros
Linguagem e Letramento na Educação dos Surdos e Segredos e Silêncios na
Educação dos Surdos (ambos pela Autêntica Editora).
Ao contrário do que muitos pensam, o bebê surdo desenvolve-se da
mesma forma que o ouvinte. A diferença acontece no momento em que ele
chega à fase do balbucio. Assim como o bebê com a audição integral quer
imitar a comunicação dos seus pais, o deficiente auditivo tentará fazer o
mesmo, caso tenha sido criado em um ambiente onde a Linguagem
Brasileira de Sinais (Libras) é utilizada. Dessa forma, a criança surda
aprenderá a se comunicar e desenvolverá um vocabulário imitando seus
pais. A diferença é que as suas primeiras palavras não serão em
português, mas sim na linguagem de sinais.
Por outro lado, a ausência da comunicação visual por parte da família
resultará em uma criança com dificuldades de comunicação e de
aprendizagem. Além de precisar aprender a segunda língua – o português –
esta criança também terá que aprender a linguagem de sinais, que
deveria ter sido adquirida naturalmente ao longo do crescimento.
Na escola, essa comunicação deve continuar a ser feita, e o decreto
nº 5626, da lei nº 10.436/02, tornou o ensino de Libras disciplina
curricular obrigatória no curso de formação de professores para
exercício do magistério.
Em muitas instituições de ensino, já é comum (e necessário) que haja
em sala de aula um intérprete em português/Libras para que esse
estudante possa receber todo o conteúdo apresentado pelo docente. Este,
por sua vez, não pode limitar a sua comunicação com o aluno, por meio do
intérprete, pois nada substitui o contato direto entre profissional e
estudante.
Além de saber se comunicar por meio da linguagem de sinais, o
professor precisa conhecer o máximo que puder sobre seu aluno: a
história de vida, a época de aquisição da surdez, se seus pais são
surdos etc. Estas informações o ajudarão a compreender a que interação
esta criança foi exposta e as possíveis limitações que ela pode
apresentar no aprendizado.
Já a escola tem o papel de oferecer o suporte necessário. Para
professores e funcionários, por exemplo, cursos de Libras em todos os
níveis. Para os alunos, a inclusão de “janela” com intérprete nos
materiais audiovisuais e, nos impressos, desenhos do alfabeto manual e
sinais de Libras. Seriam livros, revistas e apostilas bilíngues – com o
português e a linguagem dos surdos.
Para alguns especialistas, entretanto, a simples tradução do conteúdo
regular, principalmente no período da alfabetização, acaba formando
bons alunos copistas, mas com dificuldades de interpretação de texto.
Isso porque é nessa fase que as crianças aprendem a raciocinar, montar
frases e desenvolver ideias.
Para o indivíduo surdo, o português é uma segunda língua e é em
Libras que ele precisa desenvolver a prática discursiva. As crianças
ouvintes aprendem isso por meio de histórias e narrativas e a criança
surda fica limitada se ela só receber informações por meio da tradução.
Uma das orientações, então, seria a produção de “literatura surda”: como
fábulas e outras histórias gravadas em Libras em DVD. O conteúdo seria
produzido na linguagem de sinais, respeitando e utilizando todas as
particularidades da estrutura da língua e ensinando as crianças a
desenvolver esse raciocínio.
Por isso, há uma corrente de especialistas que aponta diversos erros
na inclusão dos deficientes auditivos na escola regular. Para eles, não
há uma unidade linguística entre a turma e, por mais que haja um
intérprete e que as aulas sejam bem preparadas, muitos conteúdos serão
perdidos. Mesmo que haja atividades de integração e certa comunicação
oral desenvolvida pelo surdo, este aluno ainda estará em defasagem nos
debates e discussões da classe, por exemplo.
Ao professor ouvinte cabe o esforço de procurar compreender o seu
aluno com deficiência auditiva, aprender a se comunicar com Libras e
procurar desenvolver atividades inclusivas, que criem vínculos entre a
turma e este estudante.
FONTE: Revista Profissão Mestre
* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
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