A Federação Nacional das Apaes
(Fenapaes) vem promovendo uma campanha contra a inclusão, tentando
impedir a homologação de resolução do Conselho Nacional de Educação
(CNE) – aprovada por unanimidade – que regulamenta o atendimento
educacional especializado, o que garantirá o ingresso e permanência de
alunos com deficiência na escola comum.
Há 15 anos, a Declaração de Salamanca
adotada pelo Brasil durante a Conferência Mundial sobre Educação
Especial da UNESCO, já determinava explicitamente a inclusão de
estudantes com deficiência no sistema educacional geral. A Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pela ONU e
internalizada pelo Brasil com valor constitucional no ano passado, veio
sedimentar o direito de todos à educação inclusiva.
O MEC, através da Secretaria de Ensino
Especial (SEESP), nada mais faz do que cumprir a lei. E com muita
responsabilidade, destinando aos municípios o dobro do valor pago por
aluno no caso de estudantes com deficiência, para que as escolas possam
se preparar para recebê-los, e capacitando professores.
A disputa que assistimos é ideológica, e
também financeira. Os que defendem a inclusão enxergam todos os seres
humanos com o mesmo valor, detentores dos mesmos direitos e acreditam
que todos devem ter oportunidades iguais, com o apoio que se fizer
necessário. Os que defendem a exclusão acham que pessoas com deficiência
são seres excepcionais, que devem ser mantidos alijados, segregados e
protegidos da comunidade “para seu próprio bem”.
Pela resolução do CNE as escolas
especiais que funcionam dentro de instituições se transformariam em
centros de atendimento especializados, caso as instituições mantenedoras
das escolas especiais pretendam continuar recebendo recursos
financeiros do MEC/SEESP. Assim, todo aluno seria matriculado na escola
regular, e as instituições como Apaes e Pestalozzis, entre outras,
dariam o suporte necessário à inclusão de cada estudante, continuando a
receber por isso.
A Federação das Apaes alega que a escola
comum já é ruim, e que não está preparada para receber estes alunos.
Este discurso é próprio de quem quer deixar as coisas como estão, e não
arregaçar as mangas e trabalhar para mudar o que está errado.
Enquanto isso, algumas Apaes, numa
atitude pro-ativa e verdadeiramente construtiva, visando o bem-estar de
seus clientes, já apóiam a inclusão e dão suporte aos alunos que estão
matriculados na rede regular de ensino. É o caso das unidades de São
Paulo, Limeira, Santos, em SP, Contagem, MG, Fortaleza, CE, várias em
Santa Catarina e Mato Grosso, para citar apenas algumas.
Para entender melhor esta questão, é
necessário analisar o movimento Apaeano. A Apae – Associação dos Pais e
Amigos dos Excepcionais – nasceu em 1954 no Rio de Janeiro, fundada por
pais que não conseguiam um lugar para atender e educar seus filhos. De
lá para cá, a rede cresceu e se capilarizou, estando presente em mais de
2 mil municípios de todo país. Para se manter, as Apaes – que são
independentes, mas estão congregadas a federações estaduais e a federal
Fenapaes, que tem como presidente o deputado federal por Minas Gerais
Eduardo Barbosa – recebem recursos públicos e privados.
Infelizmente, a forma de repasse de verbas – por aluno matriculado –
não favorece a inclusão. Dessa maneira, os dirigentes querem manter o
maior número possível de pessoas dentro da instituição, não interessando
que o cidadão aprenda, e se torne autônomo. Já houve quem dissesse que
instituições como essas deveriam construir um cemitério nos fundos, uma
vez que a pessoa lá entra para só sair morto.
Não conheço um só pai ou mãe que queira
isso para seus filhos. Certamente não é o que eu quero para nenhuma de
minhas filhas, com ou sem deficiência, nem para nenhuma criança, jovem
ou adulto no mundo.
Acho que seria muito saudável e transparente, que todas as
instituições abrissem suas contas, mostrando os recursos que recebem, e
de quem os recebe, para que seus usuários possam decidir aonde querem
aplicá-los.
Como mãe e militante dos direitos das
pessoas com deficiência, defendo a homologação da resolução do CNE, na
perspectiva de uma escola formadora de cidadãos, onde todos aprendam
juntos e construam um Brasil moderno, justo, igualitário, sem
preconceitos, nem guetos assistencialistas, onde as pessoas possam ser
protagonistas de sua própria história, sem necessidade de serem
tuteladas.
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Sobre o autor:
* Patricia Almeida
Criadora e Coordenadora da Inclusive – Agência para Promoção da Inclusão
Coordenadora Estratégica do Instituto MetaSocial
Campanha Ser Diferente é Normal
* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
Criadora e Coordenadora da Inclusive – Agência para Promoção da Inclusão
Coordenadora Estratégica do Instituto MetaSocial
Campanha Ser Diferente é Normal
* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
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