domingo, 22 de maio de 2011

INCLUSÃO NÃO É "TRADUÇÃO"


POR: Larissa Leite - Correio Braziliense - 21/05/2011

EDUCAÇÃO
Representantes do ensino para surdos criticam modelo do MEC, que seria restrito à presença de intérpretes em sala
Em frente ao Congresso, as mãos não empunhavam bandeiras. Os cerca de dois mil manifestantes surdos  demonstravam o domínio da língua de sinais e o conforto de estar em um ambiente onde a comunicação não era entrave. De acordo com representantes da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), escolas para surdos focadas no ensino bilíngue vêm sendo fechadas em função da política do Ministério da Educação (MEC) de incluir surdos em colégios tradicionais. Os manifestantes defendem a alteração da postura governamental e a inclusão de metas, voltadas para eles, no Plano Nacional de Educação (PNE), que tramita no Congresso.

Em todo o país, existem cerca de 170 escolas para deficientes auditivos sob risco de serem extintas. Segundo a diretora da Feneis, Patrícia Rezende, os estudantes surdos vêm sendo encaminhados para escolas tradicionais, que contam com intérpretes, em detrimento do fortalecimento de escolas ou turmas voltadas para surdos. “A inclusão proposta pelo governo é ruim porque os estudantes surdos ficam à mercê de uma tradução muitas vezes deficiente. Eles não conseguem interagir com outros alunos nem com o professor. Em uma escola onde existem professores e alunos surdos, a língua de sinais é disseminada e o surdo conta com um ambiente linguístico que proporciona crescimento educacional e humano”, diz. Segundo Patrícia, o ideal é que os surdos tenham o direito à educação em Libras como primeira língua — e que a partir dela seja ensinada a escrita em português.

Ontem, representantes da Feneis, do Instituto Nacional de Educação dos Surdos e do Centro de Integração de Arte e Cultura de Surdos se encontraram com o ministro da Educação, Fernando Haddad. Aos representantes, o ministro afirmou que não pretende encerrar as atividades de nenhuma instituição, mas ressaltou que o Brasil é signatário da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2006. Por isso, deve ofertar o direito a um sistema educacional inclusivo. De acordo com o MEC, de 2002 a 2010, a inclusão em turmas regulares passou de 110.704 para 484.332 e o número de escolas inclusivas cresceu de 17.164 para 85.090. Os representantes da Feneis afirmam que, muitas vezes, a ação se resume à inclusão de um intérprete em sala.

Daniel Gonçalves, 17 anos, estudante do 2º ano do Ensino Médio, frequenta uma escola tradicional com intérprete. Segundo ele, não existe integração entre os 30 ouvintes e os 20 surdos. “Muitas vezes não conseguimos acompanhar a aula porque a linguagem não é adaptada. Não temos imagem do que está sendo ensinado. Perguntamos coisas básicas para os ouvintes e somos ridicularizados”, diz.



TEXTO COPIADO NA ÍNTEGRA - OS ERROS DE ESCRITA E DISTORÇÕES QUE POSSAM HAVER EM RELAÇÃO À REALIDADE SURDA, FAZEM PARTE DA PRÓPRIA REPORTAGEM

2 comentários:

  1. De fato, coordeno uma escola publica, onde tem um deficiente auditivo com o professor interprete.O aluno fica o tempo todo só olhando para o seu professor sem intereaçao com os demais sujeitos da classe. Sem falar que muitos destes interpretes não são graduados, portanto, sem condições para detalhar o conteúdo discutido na sala.

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  2. Pois é, Leni...
    a falta de qualificação do profissional intéprete como também a do professor q tem um aluno surdo em sua sala ainda são problemas graves que os surdos enfrentam...
    Mas infelizmente, pior que isso é a realidade de muitos que não têm intérprete algum em sala de aula e ficam "boiando" em todas as disciplinas sem a menor noção do q se passa ali...
    enquanto que os professores, sem o menor preparo (visto que poucas instituições capacitam e geralmente a busca pelo curso ainda precisa partir do profissional), tentam "jogar" a matéria para os alunos sem saber ao menos o que está sendo absorvido.
    no fim, os surdos acabam não interagindo com ouvintes e muito menos professor e sendo taxados de "baderneiros" pq, pela falta do q fazer, começam a mexer com um, atrapalhar outro...
    é uma realidade difícil, mas que só depende de nós, profissionais da educação, para ajudá-los e tirar esse estigma de que todo surdo é agressivo, bagunceiro e sem limites...
    e digo mais: isso não é culpa do aluno, mas da falta de profissional preparado... como você apontou de forma assertiva.
    abraços!

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