POR: Elizabet Dias de Sá
As adaptações curriculares propostas pelo MEC/SEF/SEESP para a
educação especial visam promover o desenvolvimento e a aprendizagem dos
alunos que
apresentam necessidades educacionais especiais, tendo como referência a
elaboração do projeto pedagógico e a implementação de práticas
inclusivas no
sistema escolar. Baseiam-se nos seguintes aspectos:
- atitude favorável da escola para diversificar e flexibilizar o processo de ensino- aprendizagem, de modo a atender às diferenças individuais dos alunos;
- identificação das necessidades educacionais especiais para justificar a priorização de recursos e meios favoráveis à sua educação;
- adoção de currículos abertos e propostas curriculares diversificadas, em lugar de uma concepção uniforme e homogeneizadora de currículos;
- flexibilidade quanto à organização e ao funcionamento da escola para atender à demanda diversificada dos alunos;
- possibilidade de incluir professores especializados, serviços de apoio e outros não convencionais, para favorecer o processo educacional.
De acordo com tais diretrizes, os critérios de adaptação curricular
são indicadores do que os alunos devem aprender, de como e quando
aprender, das
distintas formas de organização do ensino e de avaliação da aprendizagem
com ênfase na necessidade de previsão e provisão de recursos e apoio
adequados. Considera-se Apoio os diversos:
"recursos e estratégias que promovem o interesse e as capacidades das
pessoas, bem como oportunidades de acesso a bens e serviços, informações
e
relações no ambiente em que vivem. Tende a favorecer a a autonomia, a
produtividade, a integração e a funcionalidade no ambiente escolar e
comunitário".
O apoio é caracterizado em termos de intensidade, sendo classificado em:
- intermitente: quando se dá em momentos de crises e em situações específicas de aprendizagem.
- limitado: reforço pedagógico para algum conteúdo durante um semestre, desenvolvimento de um programa de psicomotricidade.
- extensivo: sala de recursos ou de apoio pedagógico, atendimento itinerante, isto é, modalidades de atendimento complementar ao da classe regular realizado por professores especializados.
- pervasivo: alta intensidade, longa duração ou ao longo da vida para alunos com deficiências múltiplas ou agravantes. Envolve equipes e muitos ambientes de atendimento.
Os parâmetros curriculares propõem uma diferenciação entre adaptações
e acesso ao currículo, cujas proposições se apresentam de forma confusa
e
reiterativa. Podemos inferir que as adaptações curriculares são
concernentes às alterações de conteúdo, estratégias ou de metodologia e
que o acesso
ao currículo refere-se a recursos tais como adaptações do espaço físico,
materiais, mobiliário, equipamentos e sistemas de comunicação
alternativos.
Apresentamos, a seguir, os tipos de adaptações Propostas:
Organizativas - englobam agrupamento de alunos,
organização didática da aula (conteúdos e objetivos de interesse do
aluno ou diversificados),
disposição do mobiliário, de materiais didáticos e tempos flexíveis.
Objetivos e Conteúdos - definem prioridade de áreas e
conteúdos de acordo com critérios de funcionalidade; ênfase nas
capacidades, habilidades
básicas de atenção, participação e adaptabilidade dos alunos; seqüência
gradativa de conteúdos, do mais simples para o mais complexo; previsão
de
reforço de aprendizagem como apoio complementar; conteúdos básicos e
essenciais em detrimento de conteúdos secundários e menos relevantes.
Avaliativas - consistem na seleção de técnicas e
instrumentos de acordo com a identificação das necessidades educacionais
especiais dos alunos.
Procedimentos Didáticos e Atividades de ensino-aprendizagem - remetem
à alteração e seleção de métodos, às atividades complementares, prévias
e
alternativas, aos recursos de apoio, à alteração dos níveis de
complexidade da tarefa, à seleção e adaptação de material, Tempos
flexíveis no que se
refere à duração e ao período das atividades propostas. A ênfase em
parcerias com instituições especializadas e a manutenção de estruturas e
serviços
de apoio paralelos representam um esforço de conciliação entre modelos
conceituais conflitantes. O que parece ser evitado é o desmantelamento
de tais
estruturas e o confronto de posições antagônicas que acirram a polêmica
acerca da escola inclusiva.
Considerações Gerais.
A operacionalização da escola inclusiva é focalizada em termos da
transferência de recursos e de serviços de apoio especializados para o
ensino
regular. Neste sentido, a educação especial é concebida como modalidade
de educação escolar complementar e necessária para que alunos com
necessidades
educacionais especiais alcancem os fins da educação geral. Este é o viés
que permeia as proposições contidas no documento lançado pelo MEC para
orientar a ação pedagógica dos educadores quanto às adaptações
curriculares que visam a inserção, no sistema escolar, de alunos com
deficiências
física, sensorial, mental, altas habilidades, condutas típicas e outras
peculiaridades.
Tal viés é justificado na afirmação de que:
"A análise de diversas pesquisas
brasileiras identifica tendências que evitam considerar a educação
especial como um subsistema à parte e
reforçam o seu caráter interativo na educação geral. Sua ação
transversal permeia todos os níveis - educação infantil, ensino
fundamental, ensino
médio e educação superior, bem como as demais modalidades- educação de
jovens e adultos e educação profissional".
(Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares MEC/SEF/SEESP 1998: 21)
(Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares MEC/SEF/SEESP 1998: 21)
Em contraposição, outras correntes teóricas sustentam que:
"O que define o especial da educação
não é a dicotomização e a fragmentação dos sistemas escolares em
modalidades diferentes, mas a capacidade
de a escola atender às diferenças nas salas de aula, sem discriminar,
sem trabalhar à parte com alguns, sem estabelecer regras específicas
para se
planejar, para aprender, para avaliar (currículos, atividades, avaliação
da aprendizagem especiais). (...) Em outras palavras, este especial
qualifica
as escolas que são capazes de incluir os alunos excluídos,
indistintamente, descentrando os problemas relativos à inserção total
dos alunos com
deficiência e focando o que realmente produz essa situação lamentável de
nossas escolas".
(Mantoan: http://www.lerparaver.com/bancodeescola.)
(Mantoan: http://www.lerparaver.com/bancodeescola.)
Consideremos a complexidade do tema cujo antagonismo de análises e
tendências anima um efervescente embate teórico e político acerca da
educação
especial e inclusiva. Esse é um embate que interessa sobretudo aos
educadores que não deveriam se omitir, pois são os interlocutores
privilegiados e
protagonistas da ação pedagógica. Esperamos que exercitem o
questionamento e a crítica, numa atitude pro ativa e que sejam capazes
de identificar
concepções subjacentes ao texto e o contexto de possíveis paradoxos,
contradições e paradigmas fundantes das políticas educacionais.
PARA SABER MAIS...
Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares/Secretaria
de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. - Brasília:
MEC/SEF/SEESP,
1998.
Estes parâmetros foram construídos a partir das contribuições de parecistas, representantes de órgãos e instituições governamentais e não-governamentais sob a coordenação da Secretaria Nacional de Educação Especial-SEESP/MEC. Os principais tópicos desenvolvidos foram anunciados sinteticamente neste verbete.
A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL - DA EXCLUSÃO À INCLUSÃO ESCOLAR. Maria
Teresa Eglér Mantoan: Universidade Estadual de Campinas Faculdade de
Educação
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade -
LEPED/Unicamp
Neste texto, a autora faz uma revisão crítica da educação especial no Brasil. Explicita as modalidades de inserção de alunos com necessidades educacionais especiais no sistema escolar e enfatiza os princípios de uma educação para todos.
FONTE: http://www.bancodeescola.com/
* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
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