Os rostos das pinturas de John Bramblitt espreitam para fora de
suas telas como confusos devaneios – aparições que tornam ainda
mais impressionante o fato de que o artista é cego.
Bramblitt, de 37 anos, perdeu sua visão gradualmente ao longo de 20 anos, ficando completamente cego em 2001. A causa exata não ficou clara, mas Bramblitt, que vive em Dallas, suspeita ter sido resultado de ataques que começaram quando ele tinha apenas dois anos de idade, levando a um diagnóstico de epilepsia.
À medida que ficava mais velho, os ataques se tornaram cada vez mais frequentes e mudaram de característica – antes causavam contrações violentas e perda de consciência e passaram a ser parciais, no qual o paciente permanece consciente, mas não consegue funcionar por alguns momentos.
"Havia meses em que eu tinha tantos ataques que até perdia a conta", disse Branblitt numa entrevista.
Bramblitt, de 37 anos, perdeu sua visão gradualmente ao longo de 20 anos, ficando completamente cego em 2001. A causa exata não ficou clara, mas Bramblitt, que vive em Dallas, suspeita ter sido resultado de ataques que começaram quando ele tinha apenas dois anos de idade, levando a um diagnóstico de epilepsia.
À medida que ficava mais velho, os ataques se tornaram cada vez mais frequentes e mudaram de característica – antes causavam contrações violentas e perda de consciência e passaram a ser parciais, no qual o paciente permanece consciente, mas não consegue funcionar por alguns momentos.
"Havia meses em que eu tinha tantos ataques que até perdia a conta", disse Branblitt numa entrevista.
Visão embaçada
De início, sua visão ficava embaçada, mas acabava clareando. Com o tempo, entretanto, ela clareava cada vez menos após cada episódio, até que ele não podia mais enxergar.
Alan Ettinger, vice-diretor de neurologia do Centro Médico Judeu de Long Island, disse nunca ter tido um paciente que ficou cego por causa da epilepsia. "Se existe alguma relação, ela é extraordinariamente incomum", disse. Ainda assim, ele acrescentou que, se os ataques pudessem estar relacionados a uma diminuição no fluxo de sangue para o cérebro, isso poderia afetar os centros visuais.
Bramblitt diz que, ao começar a perder a visão, seu objetivo imediato foi tirar o máximo de sua situação, em parte pelo custo de se consultar com diversos neurologistas.
"O foco era tentar reter o máximo de visão que eu conseguisse", diz ele. "Quando ela se foi, o foco mudou para tentar me adaptar."
Bramblitt continuou frequentando aulas na Universidade do Norte do Texas enquanto sua condição permitia, e acabou se formando em Inglês. Porém, entrou em depressão. Durante toda a vida ele adorava desenhar e escrever, e a cegueira lhe havia furtado seus escapes criativos. "Eu tinha de aprender uma nova forma de escrever", disse ele. "Desenhar parecia simplesmente algo tolo. A ideia de um cego desenhando não fazia nenhum sentido."
Outra frustração desenvolvida com o tempo foi a sensação de Bramblitt de que sua família não conseguia entender como ele "via" o mundo, apesar de sua cegueira.
"Eu perdi menos minha visão do que minha liberdade", disse ele. "Estava preso em minha própria cabeça."
De início, sua visão ficava embaçada, mas acabava clareando. Com o tempo, entretanto, ela clareava cada vez menos após cada episódio, até que ele não podia mais enxergar.
Alan Ettinger, vice-diretor de neurologia do Centro Médico Judeu de Long Island, disse nunca ter tido um paciente que ficou cego por causa da epilepsia. "Se existe alguma relação, ela é extraordinariamente incomum", disse. Ainda assim, ele acrescentou que, se os ataques pudessem estar relacionados a uma diminuição no fluxo de sangue para o cérebro, isso poderia afetar os centros visuais.
Bramblitt diz que, ao começar a perder a visão, seu objetivo imediato foi tirar o máximo de sua situação, em parte pelo custo de se consultar com diversos neurologistas.
"O foco era tentar reter o máximo de visão que eu conseguisse", diz ele. "Quando ela se foi, o foco mudou para tentar me adaptar."
Bramblitt continuou frequentando aulas na Universidade do Norte do Texas enquanto sua condição permitia, e acabou se formando em Inglês. Porém, entrou em depressão. Durante toda a vida ele adorava desenhar e escrever, e a cegueira lhe havia furtado seus escapes criativos. "Eu tinha de aprender uma nova forma de escrever", disse ele. "Desenhar parecia simplesmente algo tolo. A ideia de um cego desenhando não fazia nenhum sentido."
Outra frustração desenvolvida com o tempo foi a sensação de Bramblitt de que sua família não conseguia entender como ele "via" o mundo, apesar de sua cegueira.
"Eu perdi menos minha visão do que minha liberdade", disse ele. "Estava preso em minha própria cabeça."
Reaprendendo
Determinado a recuperar sua visão de alguma maneira, Bramblitt apanhou uma garrafa de cola branca e começou a desenhar linhas que ele pudesse sentir com seus dedos, assim que a cola secava. Ele logo trocou para um produto de pintura que secava mais rapidamente, e aprendeu a distinguir entre diferentes tons de tinta a óleo com base em textura e viscosidade.
"Somente depois de perder a visão me tornei corajoso o suficiente para fracassar", disse ele. "Mesmo se as pinturas não ficassem bonitas, eu não precisava vê-las."
As pinturas, que antes demoravam 14 horas para ficarem prontas, chegavam com mais rapidez. Com aumento de concentração e foco, sua obra se tornou mais ousada e vívida – uma forma de mostrar aos outros as cores e formas que ele agora percebia.
Embora não esteja claro se a epilepsia de Bramblitt causou sua cegueira, ao que parece, a cegueira melhorou sua epilepsia.
Muitos epiléticos percebem auras antes do início de um ataque. Essas auras podem assumir a forma de um gosto amargo na boca, enxergar cores brilhantes ou sentir um odor que não está lá. Para Bramblitt, o foco exigido para o trabalho em suas pinturas permitiu que ele começasse a perceber suas auras – um cheiro como o de pipocas queimadas – muito antes do ataque. Isso lhe dava a chance de se sentar e relaxar, tornando os ataques menos intensos.
Com o tempo, os ataques ficaram menos frequentes e melhoraram, até que Bramblitt deixou de tomar medicamentos anti-ataque. Ele atribui sua melhora à arte: pintar lhe ensinou a viver o momento, diz ele, e a manter a calma em situações estressantes.
"Não defendo que as pessoas larguem seus remédios para ataques epiléticos", diz ele, "a menos que seja uma coisa boa para elas."
Algumas das pinturas de Bramblitt estão expostas em pequenas galerias de Salt Lake City e Pittsburgh. Seu trabalho mais recente inclui letras de músicas escritas em braile em meio às cores e rostos de suas telas, através das quais ele convida os espectadores (incluindo aqueles que não são cegos) a tocar e sentir.
Juntamente com o sucesso, veio uma tranquila confiança e aceitação. "Eu não me vejo como uma pessoa cega ou epilética", diz Bramblitt. "Isso é apenas mais um aspecto de quem eu sou."
Ele pode nunca mais recuperar a visão, mas não enxerga mais sua cegueira como uma deficiência. "Hoje, a vida para mim é muito mais colorida do que jamais foi."
Determinado a recuperar sua visão de alguma maneira, Bramblitt apanhou uma garrafa de cola branca e começou a desenhar linhas que ele pudesse sentir com seus dedos, assim que a cola secava. Ele logo trocou para um produto de pintura que secava mais rapidamente, e aprendeu a distinguir entre diferentes tons de tinta a óleo com base em textura e viscosidade.
"Somente depois de perder a visão me tornei corajoso o suficiente para fracassar", disse ele. "Mesmo se as pinturas não ficassem bonitas, eu não precisava vê-las."
As pinturas, que antes demoravam 14 horas para ficarem prontas, chegavam com mais rapidez. Com aumento de concentração e foco, sua obra se tornou mais ousada e vívida – uma forma de mostrar aos outros as cores e formas que ele agora percebia.
Embora não esteja claro se a epilepsia de Bramblitt causou sua cegueira, ao que parece, a cegueira melhorou sua epilepsia.
Muitos epiléticos percebem auras antes do início de um ataque. Essas auras podem assumir a forma de um gosto amargo na boca, enxergar cores brilhantes ou sentir um odor que não está lá. Para Bramblitt, o foco exigido para o trabalho em suas pinturas permitiu que ele começasse a perceber suas auras – um cheiro como o de pipocas queimadas – muito antes do ataque. Isso lhe dava a chance de se sentar e relaxar, tornando os ataques menos intensos.
Com o tempo, os ataques ficaram menos frequentes e melhoraram, até que Bramblitt deixou de tomar medicamentos anti-ataque. Ele atribui sua melhora à arte: pintar lhe ensinou a viver o momento, diz ele, e a manter a calma em situações estressantes.
"Não defendo que as pessoas larguem seus remédios para ataques epiléticos", diz ele, "a menos que seja uma coisa boa para elas."
Algumas das pinturas de Bramblitt estão expostas em pequenas galerias de Salt Lake City e Pittsburgh. Seu trabalho mais recente inclui letras de músicas escritas em braile em meio às cores e rostos de suas telas, através das quais ele convida os espectadores (incluindo aqueles que não são cegos) a tocar e sentir.
Juntamente com o sucesso, veio uma tranquila confiança e aceitação. "Eu não me vejo como uma pessoa cega ou epilética", diz Bramblitt. "Isso é apenas mais um aspecto de quem eu sou."
Ele pode nunca mais recuperar a visão, mas não enxerga mais sua cegueira como uma deficiência. "Hoje, a vida para mim é muito mais colorida do que jamais foi."
fonte: globo.com
* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
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