sexta-feira, 25 de maio de 2012

TIPOS DE TESTES PSICOLÓGICOS PARA SE IDENTIFICAR TDAH EM ADULTOS


 O diagnóstico do TDAH em adultos não pode ser firmado por uma única via de investigação, sendo assim, os testes psicológicos vem a ser elementos auxiliares, de utilidade quando se investigam distúrbios de aprendizado ou de deterioração mental para fins de diagnóstico diferencial ou comorbidade (Nadeau, 1995).

Tendo em vista que o TDAH é um transtorno que mostra uma disfunção executiva, acredita-se que instrumentos neuropsicológicos que avaliem esta disfunção possam auxiliar no diagnóstico dos adultos, mesmo que ainda não haja pesquisas relevantes neste sentido (é importante salientar que outros transtornos também alteram as funções executivas). Segue-se uma lista de instrumentos que avaliam aspectos neuropsicológicos que possam auxiliar neste diagnóstico. Alguns destes instrumentos não estão traduzidos ou mesmo validados para uso no Brasil, conforme Resolução nº 02/2003 do Conselho Federal de Psicologia. Aqueles que estão liberados para uso no Brasil estão marcados com um asterisco e aqueles que estão em processo de análise estão marcados com dois asteriscos. As entrevistas, por sua vez, não necessitam submeter-se a este processo de avaliação.

1. AHA (Assessment of Hyperactivity and Attention): É uma escala breve de auto-avaliação, tipo entrevista semi-estruturada, baseada nos critérios do DSM-IV (Mehringer, Downey, Schuh, Pomerleau, Snedecor & Schbiner, 2002).

2. WCST- Wisconsin*: teste de classificação de cartas de Wisconsin, com o objetivo de avaliar o raciocínio abstrato, e a habilidade para trocar estratégias cognitivas como resposta a eventuais modificações ambientais. Pode ser considerada uma medida da função executiva, que requer habilidade para desenvolver e manter estratégias de solução de problemas que implicam trocas de estímulos. O WCST freqüentemente é utilizado como teste do funcionamento frontal e pré-frontal. Desta maneira, qualquer irregularidade médica ou psicológica que desorganize as Funções Executivas total ou em parte se torna sensível a este instrumento de avaliação (Cunha, Trentini, Argimon, Oliveira, Werlang, Prieb, no prelo; Soprano, 2003).

3. D-2 Teste de Atenção Concentrada*: Teste de cancelamento que tem como objetivo a medida de atenção concentrada, da capacidade de concentração e análise da flutuação da atenção. Examina, então, distúrbios da atenção (Brickenkamp, 2002; Spreenh & Strauss 1998).

4. Teste Stroop de Cores e Palavras: Tem como objetivo avaliar a presença de comprometimentos pré-frontais, que aparecem sempre que o indivíduo apresentar uma dificuldade para inibir respostas previamente aprendidas, o chamado “efeito Stroop”. A tarefa proposta pelo teste indica que o sujeito nomeie as cores e não as palavras. Ou seja, diga quais são as cores das palavras (Rohde, Mattos & colaboradores,2003).

5. Figuras Complexas de Rey**: Teste de cópia e reprodução de memória de figuras geométricas complexas que visa avaliar a atividade perceptiva e a memória visual, verificar o modo como as crianças aprendem os dados perceptivos que lhe são apresentados e o que foi conservado espontaneamente pela memória (Rey, 1999).

6. MINI International Neuropsychyatric Interview (M.I.N.I): é uma entrevista diagnóstica padronizada breve (15-30 minutos), elaborada de acordo com os critérios do DSM-III/IV e da CID-10, que se destina a utilização na prática clínica e na pesquisa. Foi traduzida e adaptada por Amorim (2000). Pode ser aplicado na clínica como um exame complementar, permitindo a coleta sistemática de informações necessárias para o estabelecimento de hipóteses diagnósticas. Trata-se de um instrumento indicado para melhorar a precisão do diagnóstico de diversos transtornos mentais, que no caso do TDAH auxilia na avaliação das comorbidades.

7. Torre de Londres, Torre de Hanói e Torre de Toronto: A Torre de Hanói é um instrumento neuropsicológico no qual o sujeito determina a ordem de movimentos necessários para colocar quatro cilindros coloridos de acordo com a posição inicial. As condições para a realização dos movimentos são de mover os cilindros um de cada vez, e não pode ter um cilindro em cima do outro em tamanho menor. A Torre de Londres e de Toronto são similares à Torre de Hanói (Saboya, Franco & Mattos, 2002).

8. Teste Visomotor de Bender**: Técnica constituída por nove desenhos geométricos, utilizando pontos, linhas retas e curvas, ângulos, numa variedade de relações. É uma medida de maturação visomotora ou perceptual e investiga alterações do desenvolvimento neurológico, problemas de ajustamento e triagem de comprometimento orgânico-cerebral (Cunha & col., 1993).

9. IMO- Índice de Memória de Operacional do WAIS III- Escala de Inteligência Wechsler para Adultos Terceira Edição*: O Índice de Memória de Trabalho é composto pelos dos subtestes Aritmética, Dígitos e SNL – Seqüência de Números e Letras – do WAIS III. Este instrumento avalia a capacidade para atentar-se para a informação, mantê-la e processá-la e em seguida dar uma resposta (Primi, 2002). 

10. Tavis 2-R*: Trata-se de um instrumento computadorizado para avaliação da atenção desenvolvido e normatizado no Brasil, caracterizando-se como um teste neuropsicológico (Cruz, Alchieri & Sarda, 2002). O teste avalia aspectos diferentes da atenção (atenção seletiva, alternância e sustentação da atenção). A aplicação restringe-se atualmente a crianças e adolescentes.

11. Escalas Beck*: O Inventário de Depressão de Beck e o Inventário de Ansiedade de Beck podem ser usados como medida de auto-avaliação de depressão e ansiedade (Cunha, 1993, 2001). As duas escalas podem ser úteis no sentido de auxiliar a identificação das comorbidades.

Testes projetivos e de personalidade como HTP, TAT, Rorschach, Zulliger, IFP, entre outros, podem ajudar no diagnóstico diferencial, identificando as comorbidades, apesar de Cruz e colaboradores (2002) afirmarem que não existem pesquisas que sustentam o uso dos instrumentos projetivos para a avaliação do transtorno.

Exames de neuroimagem (tomografia, ressonância magnética ou SPECT cerebral) podem ser pesquisados (Rohde, 2000). Contudo, o eletroencefalograma dos portadores de TDAH não apresenta anormalidades típicas capazes de auxiliar o diagnóstico, embora se tenha conhecimento de que nesses pacientes pode aparecer um traçado anormal, com alterações inespecíficas (Cabral, 2003).


FONTE: http://www.psicologiananet.com.br/



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