O ex-presidente Fernando Collor de Mello, hoje senador pelo PTB de Alagoas, está novamente às voltas com a Justiça. Desta vez, por motivos bem diferentes daqueles que o levaram a deixar o Palácio do Planalto pela porta dos fundos, acusado de corrupção. A razão da dor de cabeça, agora, é um processo movido por Amaury Cícero de França, morador da periferia de Brasília que tenta provar que é seu irmão. A ação corre em segredo e já tem mais de 400 páginas. Na tarde do último dia 25 de abril, Collor recebeu a mais recente intimação. A ordem judicial foi entregue em seu gabinete, no 13° andar do Senado. A juíza do processo quer que Collor se submeta a um exame de DNA. O teste pode, com 99,9% de certeza, determinar enfim se Amaury terá ou não o direito de carregar o último sobrenome do ex-presidente e, junto com ele, um naco da fortuna da família, calculada em mais de 50 milhões de reais. Com a pose de sempre, Fernando Collor evita o assunto, e tem descumprido sistematicamente as ordens da Justiça. Já deixou de atender por três vezes à determinação para que fosse ao instituto de perícias da Polícia Civil brasiliense recolher material biológico para o exame. Mesmo assim, Amaury não perde a esperança.
Funcionário terceirizado do Ministério das Comunicações, onde dá expediente como auxiliar administrativo, Amaury afirma ser filho do pai de Fernando Collor, o ex-senador Arnon de Mello, morto há 28 anos. Foi na campanha vitoriosa de Collor à Presidência, em 1989, que ele soube do possível parentesco. Surdo, o rapaz, com 14 anos na ocasião, entendeu por leitura labial o que um primo dissera na sala ao ver Collor na televisão: "Esse aí é irmão do Amaury". O garoto pôs-se, então, a levantar informações sobre sua história. repleta de incógnitas - em sua certidão de nascimento, o campo destinado ao nome do pai sempre estivera em branco. Amaury começou, por óbvio, indagando a mãe. Aos poucos, a aposentada Jacy de França Meira foi contando o que até então escondia. A história é a que sustenta o processo que Amaury move para ser reconhecido como irmão de Fernando Collor.
Também alagoana, Jacy diz que teve um romance com Arnon de Me1lo nos tempos em que ele era senador. Ela trabalhava como telefonista da Telebrasí1ia, a estatal que servia à capital, e fazer uma ligação naquela época tinha lá suas dificuldades. Para completar um interurbano, era preciso recorrer à central. Num belo dia de 1974, conta Jacy, o telefone tocou e era o senador Arnon pedindo uma ligação. A rápida conversa, diz ela, rendeu cinco encontros. "Dessa relação nasceu o Amaury", afirma. A ideia de pedir à Justiça o reconhecimento da paternidade surgiu quando Collor era presidente, mas levou um tempo para ser posta em prática. A ação foi ajuizada apenas em 2006, com a ajuda da defensoria pública, porque a famí1ia não tinha dinheiro para pagar advogado. Além de requerer o teste de DNA, Amaury lista sete testemunhas da suposta relação amorosa entre sua mãe e o pai de Fernando Collor. Religioso, ele nega estar interessado em dinheiro. Mas, se for reconhecido, terá direito a parte do pequeno império que o falecido senador Arnon deixou. A fortuna inclui imóveis e o maior conglomerado de comunicação de Alagoas. Assim como Collor, seus três irmãos arrolados na ação têm se negado a fazer o exame. A Justiça pode entender a recusa como admissão de que as alegações de Amaury têm fundamento.
Enquanto a decisão não sai, Amaury, hoje com 36 anos, vai levando sua vida humilde. Ele ganha salário de 1.000 reais e mora num puxadinho de 12 metros quadrados no Paranoá, cidade-satélite de Brasília distante 6 quilômetros da lendária Casa da Dinda, onde Collor voltou a viver após se eleger senador. Procurado por VEJA, o ex-presidente ouviu calado e indiferente as perguntas sobre o processo. Com dificuldades de fala, Amaury amacia quando se refere ao suposto irmão, mas não muito: "Eu gostava dele quando era presidente, depois passei a não gostar quando ele fez coisas erradas, mas agora acho que ele está mudando para melhor". Será?
Funcionário terceirizado do Ministério das Comunicações, onde dá expediente como auxiliar administrativo, Amaury afirma ser filho do pai de Fernando Collor, o ex-senador Arnon de Mello, morto há 28 anos. Foi na campanha vitoriosa de Collor à Presidência, em 1989, que ele soube do possível parentesco. Surdo, o rapaz, com 14 anos na ocasião, entendeu por leitura labial o que um primo dissera na sala ao ver Collor na televisão: "Esse aí é irmão do Amaury". O garoto pôs-se, então, a levantar informações sobre sua história. repleta de incógnitas - em sua certidão de nascimento, o campo destinado ao nome do pai sempre estivera em branco. Amaury começou, por óbvio, indagando a mãe. Aos poucos, a aposentada Jacy de França Meira foi contando o que até então escondia. A história é a que sustenta o processo que Amaury move para ser reconhecido como irmão de Fernando Collor.
Também alagoana, Jacy diz que teve um romance com Arnon de Me1lo nos tempos em que ele era senador. Ela trabalhava como telefonista da Telebrasí1ia, a estatal que servia à capital, e fazer uma ligação naquela época tinha lá suas dificuldades. Para completar um interurbano, era preciso recorrer à central. Num belo dia de 1974, conta Jacy, o telefone tocou e era o senador Arnon pedindo uma ligação. A rápida conversa, diz ela, rendeu cinco encontros. "Dessa relação nasceu o Amaury", afirma. A ideia de pedir à Justiça o reconhecimento da paternidade surgiu quando Collor era presidente, mas levou um tempo para ser posta em prática. A ação foi ajuizada apenas em 2006, com a ajuda da defensoria pública, porque a famí1ia não tinha dinheiro para pagar advogado. Além de requerer o teste de DNA, Amaury lista sete testemunhas da suposta relação amorosa entre sua mãe e o pai de Fernando Collor. Religioso, ele nega estar interessado em dinheiro. Mas, se for reconhecido, terá direito a parte do pequeno império que o falecido senador Arnon deixou. A fortuna inclui imóveis e o maior conglomerado de comunicação de Alagoas. Assim como Collor, seus três irmãos arrolados na ação têm se negado a fazer o exame. A Justiça pode entender a recusa como admissão de que as alegações de Amaury têm fundamento.
Enquanto a decisão não sai, Amaury, hoje com 36 anos, vai levando sua vida humilde. Ele ganha salário de 1.000 reais e mora num puxadinho de 12 metros quadrados no Paranoá, cidade-satélite de Brasília distante 6 quilômetros da lendária Casa da Dinda, onde Collor voltou a viver após se eleger senador. Procurado por VEJA, o ex-presidente ouviu calado e indiferente as perguntas sobre o processo. Com dificuldades de fala, Amaury amacia quando se refere ao suposto irmão, mas não muito: "Eu gostava dele quando era presidente, depois passei a não gostar quando ele fez coisas erradas, mas agora acho que ele está mudando para melhor". Será?
FONTE: VEJA, 01/06/2011
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