sábado, 18 de junho de 2011

NA FILA DE ESPERA DO SUS

 

“Oi, me chamo Ariana, tenho 19 anos e moro em Santa Catarina. Resolvi contar minha história também!!

Não lembro de ter passado alguma coisa por conta da audição na minha infância, mas só aos 10 anos  lembro que minha mãe me avisou que eu ia fazer uma audiometria naquela semana. Minha mãe me disse que era só um “teste de audição”, para ver como eu estava ouvindo. Lembro que eu ficava limpando o ouvido direto, e não queria escutar música alta para não prejudicar, eu queria tirar 10 nesse teste! Mas o resultado foi que eu possuía perda auditiva do ouvido esquerdo.

Depois daí, comecei a fazer exames com mais freqüência, e foi diagnosticado, ruptura de tímpano, onde o aparelho auditivo não adianta, seria necessário fazer a cirurgia de timpanoplastia. Eu comecei a fazer os exames pelo SUS, e como é tudo muito demorado, e eu vivia com infecção no ouvido, minha mãe tentou de tudo, de remédios, chás, pano com cera, óleo, e etc. E eu sempre com o ouvido inflamado e doendo.

Depois de alguns exames, perceberam uma ruptura no tímpano direito também, que talvez tenha sido causada pelas infecções, e perceberam que no ouvido esquerdo o líquido da infecção desceu para o osso craniano, sendo necessário fazer uma limpeza junto com a cirurgia de timpanoplastia. Então a minha audição diminui ao poucos, e os problemas vão se agravando.

Ainda não fiz nenhuma das cirurgias, continuo na fila de espera do SUS.

Mas ainda pior do que esperar, é você perceber que a maioria das pessoas não estão preparadas para esse tipo de coisa, o que é muito triste. Têm dias que realmente estoura o limite das piadinhas e gracinhas que fazem, como: “fala mais alto que ela é surda”, “nossa, não limpou o ouvido hoje?” sem falar das risadinhas conseqüentes do resto (inclui professoras). Como li nos outros depoimentos e comentários, eu também na escola poucas vezes sofri por isso, todos os meus amigos e colegas sabiam, tinha a minha irmã que estudava comigo, e todos me ajudavam, exceto por aqueles professores que insistiam em ditar a matéria. Uma vez pedi para um professor para ele passar a matéria no quadro, ao invés de ditar, e ele me respondeu: porque tem um surdo na sala eu não posso ditar, e se tivesse um cego eu não podia passar. Mas eu sei que o seu mau humor é reflexo da qualidade do seu ensino.

Agora eu estou fazendo faculdade, e vejo como as coisas pioraram, parece que cada vez são mais crianças, e só querem saber de tirar vantagem sobre os outros. Os professores são péssimos, não sabem repassar o conteúdo e na parte de gracinhas, empatam com os alunos. Se não escutei a pergunta e peço para repetir umas 2 vezes, a professora dá risada, fazendo a sala inteira cair na gargalhada.

Mas nunca desisti de nenhum dos meus sonhos, tenho uma família maravilhosa que me ajuda sempre, são os meus anjos que sentem tudo o que eu sinto, as vezes se revoltam junto comigo, mas buscam sempre uma solução. E acredito que Deus nos escolheu por sermos fortes, pois lutamos muito mais e apesar de tudo conseguimos ter um coração cheio de AMOR.”

* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.



FONTE: http://cronicasdasurdez.com

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