quinta-feira, 30 de junho de 2011

OTITE



Por: Dr. Andrei Borin

Otite é um termo médico utilizado para indicar uma infecção de ouvido. Para entendermos este assunto, temos que pensar que o homem possui três divisões deste órgão adaptado para a audição e equilíbrio. A primeira, chamada de orelha externa, é constituída pelo pavilhão auricular e conduto auditivo externo, revestida de pele e que termina junto a membrana do tímpano, realizando a função de localização da fonte sonora, amplificação e condução do som até a segunda porção do ouvido, a orelha média. Esta é uma cavidade preenchida por ar e que se localiza dentro do osso temporal (que faz parte do crânio) contendo na espécie humana, três pequenos ossículos articulados entre si (martelo, bigorna e estribo), que amplificam o som que chega na membrana timpânica e desta para a parte mais interna do ouvido, o labirinto. A orelha média possui uma ligação com a parte mais superior da faringe (rinofaringe), logo atrás do nariz, chamada de tuba auditiva, utilizada para igualar a pressão do ar entre a orelha média e o ambiente (exemplo disso quando descemos a serra e temos que bocejar e deglutir para "desentupir" o ouvido). A terceira porção do ouvido, o labirinto, possui uma parte destinada a percepção dos sons (labirinto anterior – cóclea) e outra para contribuir com o equilíbrio corporal (labirinto posterior – vestíbulo) estabelecendo várias ligações com o sistema nervoso central.

De acordo com as determinadas partes afetadas, teremos cada tipo de otite.

OTITE EXTERNA:
Otite externa é caracterizada pelo acometimento da pele que recobre esta porção do ouvido. A causa mais comum é a infecção por bactérias, desencadeada por traumatismos nesta pele, a saber: lavagens de ouvido e corpos estranhos inseridos no conduto (cotonete, grampo, palito de fósforo, grãos). Também é muito comum ocorrer após mergulhos em águas, doce e salgada contaminadas (praia, piscina). Em geral se manifesta com dor (otalgia), secreção no conduto e abafamento do som.

Seu tratamento é feito com medicação tópica (gotas auriculares), proteção do ouvido durante o banho (para evitar entrada de água), evitar novos traumatismos (cotonete, etc.) e analgésicos. Em geral após alguns dias o quadro já regrediu, porém em casos especiais, principalmente pessoas de idade avançada e diabéticos, a doença pode se "alastrar", necessitando de antibióticos orais e até endovenosos.

Outro agente muito comum a infectar a orelha externa são fungos, causando prurido e dor. Seu tratamento consiste em aspiração da secreção por um médico especializado e gotas tópicas específicas.


OTITE MÉDIA:
A otite média se apresenta de três principais maneiras: aguda, crônica e serosa.

A otite média aguda tem início recente e representa em geral uma complicação de uma infecção de vias aéreas. Seus principais agentes etiológicos, vírus e bactérias, normalmente infectando o nariz e faringe, ascendem pela tuba auditiva e causam acúmulo de pus dentro da orelha média. A pressão exercida por esta secreção levará a dor, febre e diminuição da audição. Algumas vezes ela chega a ser tão intensa que leva à rutura da membrana timpânica e saída de secreção purulenta misturada com sangue pelo conduto externo (otite média aguda supurada). O tratamento consiste em antibióticos (em geral por via oral), analgésicos, anti-inflamatórios e antitérmicos. O quadro de dor e febre tende a melhorar com 2 a 3 dias. Já a audição pode demorar até 60 dias para retornar ao normal (tempo para reabsorver toda secreção presente no ouvido médio) ou até mesmo não retornar ao normal por lesão nos ossículos. Acontece em qualquer idade mas é muito mais comum em crianças por apresentarem uma tuba auditiva mais curta e larga, facilitando a propagação dos germes. Uma medida muito simples, mas de enorme valia na prevenção de otites é não permitir que as crianças recebam suas mamadeiras deitadas, porque essa posição facilita o refluxo de leite pela tuba auditiva até a orelha média causando assim uma otite.

A otite média crônica se caracteriza por sua história arrastada. Em geral apresenta uma perfuração permanente na membrana do tímpano como seqüela de uma otite média aguda mal tratada e que esporadicamente se infecta (sobretudo quando há entrada de água pelo conduto) manifestando-se pela presença de purgação (otorréia ). As constantes re-infecções desta cavidade podem levar a seqüelas irreversíveis na audição e ainda possibilitar o crescimento de pequenos "tumores" (sensu lato – não são cânceres!!!) chamados colesteatomas e que passam a invadir a orelha média causando grandes complicações. O tratamento da otite média crônica inclui controle da infecção (em geral gotas tópicas) e proteção contra entrada de água até o tratamento definitivo que é cirúrgico. A cirurgia visa evitar novas infecções e secundariamente recuperar algum resquício de audição daquele ouvido.
A otite média serosa é caracterizada pela presença de secreção inflamatória na orelha média. Em geral se manifesta por perda auditiva e otites agudas de repetição. Está relacionada à obstrução da tuba auditiva e inflamações nasosinusais, podendo fazer parte do quadro clínico das alergias das vias aéreas superiores, aumento da adenóide e sinusites. Seu tratamento pode ser clínico e/ou cirúrgico. (a cirurgia de colocação de tubo de ventilação é uma das mais realizadas no mundo!!!).


INFECÇÃO DA ORELHA INTERNA ("LABIRINTITE")
Diferentemente do termo popularmente difundido na população, a labirintite infecciosa é uma doença rara, e denota a presença de germes dentro da orelha interna (labirinto) e constitui quadro de grande preocupação devido a proximidade do sistema nervoso central. Em geral é acompanhada de outros graves problemas como meningites e septicemia tendo seu tratamento em ambiente hospitalar. Pode muitas vezes resultar de uma complicação de uma otite média crônica, principalmente quando temos a presença de um colesteatoma, demonstrando a grande importância de seu correto tratamento.

As grandes dificuldades no correto tratamento das otites consistem na despreocupação do paciente em seguir recomendações simples (como evitar entrada de água no ouvido ou ainda abolir o uso de cotonetes) e na auto-medicação. Esta última em geral é incorreta, ineficiente e deletéria porque pode não só atrasar a procura de um serviço médico, como também dificultar o diagnóstico e ainda o tratamento por criar germes resistentes.


Assim sendo, cuide de seu ouvido e procure sempre um médico otorrinolaringologista que é o profissional treinado para corretamente atendê-lo.


* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.

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