A pergunta que os otorrinos mais escutam de seus desesperados pacientes com zumbido no ouvido é se isso tem cura. Mas, do mesmo modo que há um leque enorme de causas, também é grande a variedade de tratamentos para combatê-las. "Quando se sabe a causa, s e cura o zumbido", afirma o especialista Antônio Menon. No caso de tratamentos medicamentosos, as drogas mais usadas são as vaso-ativas, os antidepressivos, os anticonvulsivantes, e os corticóides de aplicação local, sempre ministrados de acordo com a causa específica. "Também terapias alternativas, como a acupuntura, e técnicas de relaxamento, como o biofeedback, são muito utilizadas", destaca o especialista. "Há, por fim, tratamentos mais sofisticados, feitos com o emprego de aparelhos auditivos.
Um deles é o mascaramento. Neste caso, o aparelho emite um som mais intenso do que o zumbido, para mascará-lo." Há ainda o outro lado da mesma moeda: como o paciente lida com o zumbido. Isso pode ser definitivo na reorganização de sua vida. Os especialistas já constataram que 80% das pessoas que apresentam o distúrbio não chegam a se incomodar com ele. Trabalham, estudam, mantêm relações sociais e familiares estáveis. Os outros 20% vivem num verdadeiro inferno. Para eles, o zumbido está sempre presente. "Aqui vale outra comparação com a dor de cabeça", exemplifica Tanit. "Por mais forte e desagradável que seja, ela não é necessariamente sintoma de algo grave. A reação do paciente é que pode ser ruim. O mesmo acontece em relação ao zumbido."
Fora dos trilhos
A diferença entre estes dois grupos - os que percebem e os que não percebem o zumbido - está no grau de habituação, um processo natural do cérebro que seleciona os sons pela sua importância, descartando aqueles que são indesejados. "Os ruídos do dia-a-dia não são percebidos pelo cérebro o tempo inteiro", explica Tanit. "Isso fica muito claro quando ligamos o rádio do carro. Se nos concentramos no trânsito, acabamos não prestando atenção nas músicas que estão tocando. Elas passam para um segundo plano de importância. É exatamente o que acontece aos 80% dos pacientes com zumbido.
O distúrbio está lá, mas não chega ao cérebro o tempo inteiro. Vai aparecer apenas em situações de silêncio." A parcela dos 20% para a qual o zumbido é insuportável por algum motivo saiu dos trilhos da habituação. Para esses, o zumbido ganhou importância e por isso chega ao cérebro sem ser barrado. Segundo a especialista, isso acontece porque tais pessoas fazem alguma espécie de associação negativa em relação a ele: "Acham que pode ser o sintoma de algo grave, assim como um tumor, ou mesmo um sinal de loucura, pois estão ouvindo sons que os outros não escutam.
O zumbido ganha conotação de perigo e as vias auditivas reagem numa espécie de instinto de autopreservação". A maneira mais moderna de recolocá-los nos trilhos é através da habituação induzida. Trata-se de um processo de treinamento que exige disciplina, mas que é considerado muito eficaz. "Primeiro, o paciente precisa entender o que ele tem, para desmistificar o zumbido como algo perigoso", descreve Tanit. "O segundo passo é evitar o silêncio. Estes dois princípios levados a sério, com acompanhamento médico, restituem a habituação. Pode demorar de 12 a 18 meses para dar resultado, mas quando dá, é definitivo."
Existem duas maneiras de driblar o silêncio. Uma delas é bem caseira, lançando mão de pequenos truques, como um rádio ligado, uma janela aberta ou qualquer outra fonte sonora. A outra é tecnológica, através de um pequeno aparelho auditivo, que emite um som contínuo, regulado pelo otorrino. Nos dois casos, o segredo é que o volume sonoro nunca seja mais alto do que o próprio zumbido.
O bálsamo da habituação
Esta é a diferença fundamental entre o mascaramento e a técnica da habituação. "Mascarar o zumbido com música alta, por exemplo, proporciona alívio imediato, mas quando a música acaba, lá está o problema de volta", adverte Tanit. "Na habituação, o trein amento é dirigido ao cérebro, não ao ouvido, para que, aos poucos, a percepção do zumbido se altere. No final, ele volta a ser naturalmente barrado pelo cérebro."
Ainda entre estes 20% de desesperados, há uma parcela menos expressiva, que varia de 1% a 5%, mas nem por isso menos dramática, constituída por aqueles que sofrem do chamado zumbido incapacitante. São casos raros, mas tão enlouquecedores, que levam o portador a pensar em suicídio. O advogado Décio S. Oliveira, de 52 anos, esteve muito perto disso. "Após percorrer dezenas de consultórios médicos, desisti de tudo", conta ele. "O zumbido que eu tinha era tão intenso que não conseguia me concentrar em nada. Comprometeu minha vida profissional e familiar. Por diversas vezes pensei que o suicídio seria a única solução para mim." Não foi.
Depois de um tratamento recente com base na habituação auditiva, libertou-se do tormento de vários anos. "Não me livrei apenas do zumbido", conta Décio. "O tratamento foi para mim uma reconciliação com a vida."
Um deles é o mascaramento. Neste caso, o aparelho emite um som mais intenso do que o zumbido, para mascará-lo." Há ainda o outro lado da mesma moeda: como o paciente lida com o zumbido. Isso pode ser definitivo na reorganização de sua vida. Os especialistas já constataram que 80% das pessoas que apresentam o distúrbio não chegam a se incomodar com ele. Trabalham, estudam, mantêm relações sociais e familiares estáveis. Os outros 20% vivem num verdadeiro inferno. Para eles, o zumbido está sempre presente. "Aqui vale outra comparação com a dor de cabeça", exemplifica Tanit. "Por mais forte e desagradável que seja, ela não é necessariamente sintoma de algo grave. A reação do paciente é que pode ser ruim. O mesmo acontece em relação ao zumbido."
Fora dos trilhos
A diferença entre estes dois grupos - os que percebem e os que não percebem o zumbido - está no grau de habituação, um processo natural do cérebro que seleciona os sons pela sua importância, descartando aqueles que são indesejados. "Os ruídos do dia-a-dia não são percebidos pelo cérebro o tempo inteiro", explica Tanit. "Isso fica muito claro quando ligamos o rádio do carro. Se nos concentramos no trânsito, acabamos não prestando atenção nas músicas que estão tocando. Elas passam para um segundo plano de importância. É exatamente o que acontece aos 80% dos pacientes com zumbido.
O distúrbio está lá, mas não chega ao cérebro o tempo inteiro. Vai aparecer apenas em situações de silêncio." A parcela dos 20% para a qual o zumbido é insuportável por algum motivo saiu dos trilhos da habituação. Para esses, o zumbido ganhou importância e por isso chega ao cérebro sem ser barrado. Segundo a especialista, isso acontece porque tais pessoas fazem alguma espécie de associação negativa em relação a ele: "Acham que pode ser o sintoma de algo grave, assim como um tumor, ou mesmo um sinal de loucura, pois estão ouvindo sons que os outros não escutam.
O zumbido ganha conotação de perigo e as vias auditivas reagem numa espécie de instinto de autopreservação". A maneira mais moderna de recolocá-los nos trilhos é através da habituação induzida. Trata-se de um processo de treinamento que exige disciplina, mas que é considerado muito eficaz. "Primeiro, o paciente precisa entender o que ele tem, para desmistificar o zumbido como algo perigoso", descreve Tanit. "O segundo passo é evitar o silêncio. Estes dois princípios levados a sério, com acompanhamento médico, restituem a habituação. Pode demorar de 12 a 18 meses para dar resultado, mas quando dá, é definitivo."
Existem duas maneiras de driblar o silêncio. Uma delas é bem caseira, lançando mão de pequenos truques, como um rádio ligado, uma janela aberta ou qualquer outra fonte sonora. A outra é tecnológica, através de um pequeno aparelho auditivo, que emite um som contínuo, regulado pelo otorrino. Nos dois casos, o segredo é que o volume sonoro nunca seja mais alto do que o próprio zumbido.
O bálsamo da habituação
Esta é a diferença fundamental entre o mascaramento e a técnica da habituação. "Mascarar o zumbido com música alta, por exemplo, proporciona alívio imediato, mas quando a música acaba, lá está o problema de volta", adverte Tanit. "Na habituação, o trein amento é dirigido ao cérebro, não ao ouvido, para que, aos poucos, a percepção do zumbido se altere. No final, ele volta a ser naturalmente barrado pelo cérebro."
Ainda entre estes 20% de desesperados, há uma parcela menos expressiva, que varia de 1% a 5%, mas nem por isso menos dramática, constituída por aqueles que sofrem do chamado zumbido incapacitante. São casos raros, mas tão enlouquecedores, que levam o portador a pensar em suicídio. O advogado Décio S. Oliveira, de 52 anos, esteve muito perto disso. "Após percorrer dezenas de consultórios médicos, desisti de tudo", conta ele. "O zumbido que eu tinha era tão intenso que não conseguia me concentrar em nada. Comprometeu minha vida profissional e familiar. Por diversas vezes pensei que o suicídio seria a única solução para mim." Não foi.
Depois de um tratamento recente com base na habituação auditiva, libertou-se do tormento de vários anos. "Não me livrei apenas do zumbido", conta Décio. "O tratamento foi para mim uma reconciliação com a vida."
FONTE: http://galileu.globo.com/
* O TEXTO ENCONTRA-SE EM SEU FORMATO ORIGINAL. ERROS GRAMATICAIS E DISTORÇÕES SÃO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR.
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